Capítulo 15: Vou pegar o que é meu

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Lucerys já estava de pé, antes mesmo de ser acordado por sua mãe. O sol ainda não havia nascido, devido à demora para o nascer do sol. Metade dos baús da família de Rhaenyra já estava na embarcação que levaria Rhaena e Alisandre, já que Rhaena ainda não possuía um dragão, e Alisandre não era uma Targaryen.

O desjejum seria curto e agitado naquele começo de amanhecer, já que todos estavam muito apressados devido à partida para a capital depois de tantos anos afastados. Luke encontra Baela pelos corredores, e os dois caminham juntos para o salão do castelo, onde os demais estariam.

Alisandre e Rhaena saíram juntas dos aposentos de Rhaena. As duas garotas fizeram uma caminhada tranquila e silenciosa até o salão. Ao entrarem, se depararam com todos à mesa, ou quase todos, pois a presença de Joffrey não foi notada. Alisa e Rhaen chegaram logo após Luke e Baela. Jacaerys, Daemon e Rhaenyra já estavam esperando há um bom tempo.

Ao sentarem-se, passos podem ser ouvidos. Então Joffrey entra no salão com um ótimo sorriso em seus lábios. Ele se senta próximo a Rhaena, que estava do lado de Alisandre e Luke. Jacaerys estava ao lado de Baela, enquanto Rhaenyra se sentava na ponta da mesa, o que demonstrava a sua posição naquela família. Na outra ponta estava Daemon. Ambos sorriam um para o outro; os dois tinham direitos iguais, Rhaenyra não era submissa a Daemon como muitos achavam.

O desjejum começa a ser servido, e todos começam a degustar a comida. Joffrey, que acabara de chegar, inicia uma conversa ao redor da enorme mesa.

— Sabiam que Alicent pretende trazer Daeron de volta à corte para passar uma temporada na capital? — Joffrey pega uma fatia de bolo, deixando de lado a informação que acabara de contar.

— Como sabe disso, filho? — Daemon pergunta, olhando duvidoso para o garoto.

— Os ventos sopram na direção correta, e a brisa acaba chegando aos meus ouvidos. — disse com um tom humorado.

Rhaenyra dá uma leve risada da fala do filho, enquanto Daemon continua com um semblante duvidoso. Talvez teria sido melhor se ele não tivesse ensinado Joffrey a obter informações.

— Então nosso tio estará de volta também? — Jacaerys perguntou.

— Exatamente. — afirmou Joffrey.

— Parece até um reencontro planejado. — comentou Lucerys enquanto tomava uma taça de suco de laranja.

— Não duvido muito que ela tenha planejado isso. — Baela segurou a alça da xícara de chá.

— Independente dele estar ou não, vocês quatro devem se comportar. Não quero que se repita o mesmo transtorno do dia do nome de Daeron. — Rhaenyra brandou em um tom mais sério.

Alisandre não estava entendendo absolutamente nada, mas resolveu não perguntar naquele momento. Ela teria a oportunidade perfeita para perguntar a Luke e Rhaena.

A princesa Martell não sabia, mas no oitavo dia do nome de Daeron, ocorreu uma confusão entre as crianças. Viserys havia convidado Daemon e sua falecida esposa Laena para a comemoração do dia do nome de seu filho mais novo, o príncipe Daeron. O príncipe rebelde levou as filhas junto para que pudessem se divertir com seus primos. Porém, as coisas não saíram como o planejado.

Era fim de tarde, e Rhaena tinha saído para caminhar próximo à praia, sozinha. Claro que aquilo não era adequado, pois além de ser da realeza, ela ainda era uma criança e não poderia sair sozinha por aí; ela podia se machucar ou até mesmo correr algum perigo. A jovem Targaryen voltava de sua caminhada quando derrubou no chão a concha que havia recolhido da encosta da praia. A princesa se agachou para recolher a concha azulada quando ouviu alguém se aproximar dela.

Era Daeron Targaryen, o filho mais novo do rei Viserys com Alicent Hightower. Um jovem com cabelos platinados e olhos púrpura. Ele se aproximou de Rhaena, que pegou a concha e segurou em suas mãos de maneira firme. Daeron tentou iniciar uma conversa com a princesa, mas ela apenas desviou dos assuntos e tentou ir embora. Então ele segurou em seu braço, para mantê-la ali. Rhaena puxou seu braço e empurrou Daeron, ordenando que ele se afastasse dela.

Ele ficou bravo pela garota tê-lo empurrado, então começou a falar coisas terríveis para ela.

— Você é uma estranha. Uma estranha sem dragão. — Daeron lhe disse.

Rhaena segurou as lágrimas e empurrou o garoto, que revidou empurrando-a contra o chão. Luke, que havia acabado de treinar, passava por ali com a espada de madeira em mãos quando viu o tio tentando bater em sua prima. Sem pensar duas vezes, ele correu para cima de Daeron e o acertou na cabeça com a espada de madeira. O garoto caiu no chão tonto, com sua visão turva. Poucos minutos depois ele desmaiou.

Jacaerys e Baela foram os primeiros a chegarem para socorrer Daeron e proteger Luke e Rhaena de Aemond e Aegon. Naquele final de tarde, houve uma grande discussão entre Rhaenyra e Alicent, onde a rainha saiu vitoriosa. Mas foi daquele dia em diante que Rhaena passou a gostar de Lucerys.

[...]

— Onde estamos indo, Rhaena? — Alisandre pergunta enquanto se mantém no encalço da prateada.

— Não pisarei em Porto Real de mãos vazias. Não serei motivo de chacota outra vez. — sua voz transmitia determinação misturada com rancor.

Por mais que Rhaena não tenha dito com todas as palavras, Alisandre entendia o que a prateada havia falado. Rhaena se referia às expressões zombeteiras, aos olhares de desdém. Tudo porque ela não tinha um dragão.

"A Targaryen sem dragão"

Eram como muitos a chamavam em Porto Real, principalmente os filhos de Alicent. A jovem se lembrava de quando Aemond reivindicou Vhagar, aquele foi o pior dia de sua vida, não só por conta do dragão, mas sim porque sua adorada mãe estava morta. Aquele era um momento frágil e sensível, e Aemond se aproveitou daquilo para possuir o dragão de sua mãe. Essa era a razão que deixava Rhaena mais enfurecida.

— Rhaena, tem certeza disso?

— Nunca tive tanta certeza em toda a minha vida. — A Targaryen levanta a tocha. Elas caminham dentro da caverna, e Rhaena para quando sente leves tremores no chão.

— Drakari pykiros
Tīkummo jemiros
Yn lantyz bartossa
Saelot vāedis. — começa a cantar a melodia que seu pai havia lhe ensinado. Talvez um dia seria útil.

— O que você vai fazer, Rhaena?

— Ñuhor līr gūrēnna. — Rhaena responde em alto valiriano, deixando Alisandre para trás, enquanto prossegue com a cantoria.

Alisandre vê Rhaena se afastar de si, mas ainda podia ouvir o som de sua doce voz cantando.

Hen ñuhā elēnī:
Perzyssy vestretis
Se gēlȳn irūdaks
Ānogrose

Perzyro udrȳssi
Ezīmptos laehossi
Hārossa letagon
Aōt vāedan

Hae mērot gierūli:
Se hāros bartossi
Prūmȳsa sōvīli
Gevī dāerī.

Rhaena finalizou a canção pondo a tocha no chão. Vermithor cuspiu suas chamas no teto da caverna. Rhaena, com bastante cuidado, se aproximou da fúria de bronze.

— Dohaerās, Vermithor! Lykirī. — Rhaena se aproximou da fera que acabara de fechar sua enorme boca.

Alisandre resolveu sair da caverna, pois a única tocha que elas haviam levado, Rhaena levou para o local onde Vermithor se encontrava. A princesa Martell ficou ansiosa do lado de fora da caverna, esperando algum sinal de Rhaena. Enquanto isso, dentro da caverna, Rhaena encarava Vermithor com um olhar de pura adrenalina e determinação. Ela tocou as escamas do dragão, e ele baixou suas asas para que a Targaryen subisse em sua antiga cela, que há muito tempo estava vazia.

Rhaena se prendeu na cela de Vermithor, confiante de si, a garota sorriu e encheu seus pulmões de ar apenas para dar um simples comando, um que ela sempre sonhou em dizer.

— Sōves

Rhaena se segurou firme na cela quando sentiu Vermithor se debater. Ele correu alguns passos e alçou voo. Alisandre se sentiu aliviada quando o dragão de bronze subiu aos céus junto de Rhaena. Ela havia conseguido. Finalmente ela tinha um dragão.

𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora