Capítulo 29: Para o mar retornará

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Helaena Targaryen era uma sonhadora. Os deuses haviam abençoado ou amaldiçoado-a com seus sonhos de dragões, as denominadas visões do futuro. Helaena estava deitada sobre sua cama, cercada por travesseiros macios e um cobertor aconchegante. O aroma de lavanda pairava no ar, emanando da chaleira de seus aposentos, que chiava com o som reconfortante da madeira sendo queimada pelo fogo crepitante.

Os filhos de Helaena, Jaehaerys e Jaehaera, junto do pequeno Maelor, repousavam em seu próprio quarto após uma tarde repleta de brincadeiras. Eram crianças inocentes, alheias ao que se desenrolava além das paredes pedregosas da Fortaleza de Maegor. Ainda não compreendiam as complexidades do reino em que nasceram, tampouco a magnitude dos últimos acontecimentos dentro de sua própria casa.

Helaena, com os olhos semicerrados, observava o teto ornamentado enquanto sua mente mergulhava nas profundezas de suas visões. Os dragões, símbolos ancestrais de sua família, dançavam em seu subconsciente, tecendo enigmas e segredos ao seu redor. Era como se estivesse em transe, um portal para um mundo além do alcance dos mortais comuns.

Mas mesmo em meio àquela atmosfera de poder e misticismo, a preocupação encontrava um lugar em seu coração. Helaena sabia que o destino dos Targaryen estava ameaçado. A sombra da desgraça pairava sobre eles, espreitando nas sombras do reino, prestes a desferir um golpe devastador.

Enquanto a brasa da lareira iluminava seu rosto pálido, Helaena fechou os olhos e permitiu que suas visões fluíssem livremente. Via batalhas e traições, lealdade e sacrifício, um turbilhão de eventos que moldariam o futuro de Westeros. Os suspiros escapavam de seus lábios enquanto ela tentava decifrar os sinais, buscando desvendar a névoa do destino.

A noite avançava, e Helaena permanecia imersa em sua jornada visionária. Seus filhos, inconscientes do peso que recaía sobre seus ombros, descansavam tranquilos, envoltos pela inocência que somente a infância pode proporcionar. A mãe dragona sabia que precisava protegê-los, prepará-los para o que viria, mesmo que isso significasse enfrentar inimigos mortais e desafios insuperáveis.

Enquanto o fogo crepitava e a chaleira continuava a preencher o quarto com seu aroma calmante, Helaena Targaryen permanecia ali, na fronteira entre o presente e o futuro, seus sonhos de dragões revelando-lhe segredos e advertências. E em seu íntimo, ela se perguntava se seria capaz de liderar sua família através das passagens secretas de Maegor. Helaena precisava salvar seus filhos do fim trágico que os deuses reservaram para eles.

Helaena saltou da cama, com o coração batendo forte no peito, depois de começar a murmurar freneticamente ao testemunhar a morte de seu sobrinho de treze anos, Joffrey Velaryon, em suas visões. O menino inocente era filho de sua irmã mais velha. Joffrey foi implacavelmente perseguido durante uma tempestade por seu irmão, Daeron Targaryen. Helaena sentiu sua visão escurecer e suas visões cessaram. Horrorizada com o que havia testemunhado em seus sonhos de dragão, Helaena chamou por sua serva, Ayla.

Quando a serva chegou aos aposentos de Helaena, a princesa de cabelos prateados perguntou sobre o paradeiro de seu irmão, Daeron. Foi então que Ayla informou a Helaena que Daeron partira para Ponta Tempestade. O rosto de Helaena perdeu a cor e ela sentiu sua força diminuir. Ayla olhou para ela com uma expressão assustada. Helaena sabia que tinha que apressar sua partida de King's Landing o mais rápido possível; ela tinha o dever de proteger seus filhos.

— Estou bem, Ayla... você já pode ir. — Helaena mandou sua serva embora e em seguida trancou a porta de seus aposentos.

Helaena correu em direção ao seu baú e começou a revirar, pegou algumas capas dentro do caixote de madeira e começou a montar suas coisas para fugir.

Joffrey Velaryon, com os olhos fixos na distante Fortaleza de Ponta Tempestade, segurava firmemente as rédeas de seu imponente dragão, Tyraxes. O vento soprava com intensidade, bagunçando seus cabelos negros enquanto eles se aproximavam do pátio do castelo. As nuvens escuras pairavam no céu, criando uma atmosfera sombria e misteriosa.

𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗥𝗢𝗪𝗡, lucerys velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora