Isabella – 16 anos
Ainda estava um pouco atordoada com a mensagem que papai mandara segundos antes. Vá direto para casa, a guerra começa hoje, era o que a mensagem enviada a minha mãe dizia. Saindo do local do casamento e correndo para entrar no carro, onde os seguranças nos aguardavam, travei quando ouvi um pneu cantar bem próximo. Tiros foram disparados e, quando uma van preta parou bem em frente a mim e mamãe, eu soube que estávamos ferradas.
A porta da van se abriu e a pessoa que vi dentro me fez tremer. Mamãe me empurrou para trás dela – não que eu, ou até ela, acreditasse que isso serviria para alguma coisa.
- Entre no carro. – Nevio ditou sem expressão alguma.
Mamãe continuou parada, uma das sobrancelhas arqueadas de modo desafiador.
- Não vou repetir, vadia ruiva. – Ele disse e eu suspirei profundamente. Mamãe odiava quando a chamavam de vadia.
- Bom! – Ela deu um sorriso condescendente. – Você não vai precisar, porque não estou indo a lugar nenhum com você.
Em um movimento muito rápido até para os meus olhos mais treinados, graças as lutas com Valerio e Flavio, Nevio pulou da van, em direção a minha mãe e encostou a faca em seu pescoço. Faca que, em momento algum, o vi sacar. Mamãe respirou fundo, mas se manteve firme, ao passo que continuava a me prender atrás de si.
Se ao menos eu tivesse uma de minhas facas comigo, mas mamãe tinha insistido que eu não fosse tão paranoica quanto papai e não enfiasse nenhuma na bota que tinha escolhido para a ocasião, afinal era apenas o casamento do meu primo com uma vagabunda qualquer... O que poderia dar errado, certo?
Bem, a resposta estava bem a nossa frente.
Mamãe continuou parada, me segurando atrás dela, como se pensasse no que fazer e, a essa altura, eu tinha certeza que ela se arrependia de não ter me deixado trazer minhas facas comigo. Não que eu fosse tão boa quanto meu pai, mas ele tinha me ensinado um truque ou dois.
Olhei através do ombro de mamãe e por cima do ombro de Nevio, vendo, pela primeira vez, que ele não estava sozinho. Massimo e Alessio tinham seus olhos focados em mim. Quando me viram observando, os dois mostraram sorrisos predadores e Alessio foi o primeiro a dar um passo para fora da van, sem desviar seu olhar de mim.
Merda!
- Não se atreva! – Mamãe desviou sua atenção de Nevio, olhando para Alessio agora. – Não se atreva a chegar perto da minha filha.
O sorriso de Alessio aumentou.
- O que você vai fazer sobre isso, ruiva? – Zombou.
Eu podia ver que mamãe estava se segurando por medo do que poderia acontecer comigo, ainda assim, no próximo instante, ela tinha empurrado Nevio, que quase caiu por não estar esperando a ação, e tentou dar um chute entre suas pernas, que ele prontamente desviou, fazendo-a acertar sua canela. Dando, entretanto, tempo o suficiente para que ela corresse, me puxando junto.
Mamãe me empurrou em direção ao carro, onde os seguranças estavam mortos, e me colocou no banco de trás, logo em seguida correndo para o lado do motorista. Não deu tempo, porém, sequer, de ela abrir a porta, antes que Nevio se recuperasse do ataque surpresa e a segurasse pela nuca, empurrando sua face contra a porta. Mamãe grunhiu com a pancada.
Olhei ao redor, procurando alguma coisa que pudesse usar, mas não tinha nada. Apenas as pistolas dos soldados e eu não era boa com armas de fogo. Um brilho incomum me chamou atenção, o coldre no tornozelo do soldado no banco do carona trouxe a esperança em mim. Me abaixei para pegar a faca, mas, antes que eu chegasse até ela, a porta do meu lado foi aberta e meus cabelos foram puxados, me levando para trás. Grunhi e me debati, dando cotoveladas no meu captor, mas fui obrigada a parar quando uma adaga se alojou na minha barriga, logo abaixo das costelas.
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By Darkness I Burn
RomanceParecia loucura se envolver com o homem que havia planejado seu sequestro, mas aquele era o menor dos problemas de Isabella. Nevio, além de tudo, também vivia pela Camorra, Máfia rival a qual ela fazia parte. Há muitos anos, Camorra e Famiglia não e...