Capítulo 11

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Isabella – 19 anos

Desci as escadas da cobertura já pronta para o dia. Hoje iria com mamãe à academia.

Passando pela sala, vi o tabuleiro de xadrez – que estava jogando com papai – mexido. Estávamos jogando um modo longo, onde poderíamos demorar quanto tempo quiséssemos para fazer uma jogada. Era bom para ter tempo de pensar, mas poderia ser ruim e fazer você esquecer sua estratégia. Me aproximei do tabuleiro e o observei por um tempo, absorvendo as peças e suas posições.

Senti uma presença atrás de mim e me virei, encontrando mamãe. Ela ergueu as sobrancelhas para mim.

- Você está numa posição arriscada aí. – Comentou.

Bufei, mas dei de ombros. Eu resolveria depois.

Caminhamos em direção a cozinha e papai já estava lá. Ele sorriu ao nos ver.

- Bom dia para as mulheres da minha vida. – Gracejou.

Mamãe revirou os olhos, mas se aproximou para lhe beijar apaixonadamente. Eu fui em seguida e beijei sua bochecha, ele retribuiu beijando minha testa.

Ajudei mamãe a fazer o café da manhã e papai se sentou à mesa, olhando o celular e respondendo alguém – ou alguéns. Seu trabalho começava no momento em que ele acordava, e ele também não era de ajuda alguma na cozinha.

Terminamos de preparar e nos sentamos, mas papai continuou no telefone.

- Largue o celular, Matteo. – Mamãe bradou e ele imediatamente bloqueou a tela e deixou o aparelho em cima da mesa.

- Como minha dama desejar. – Presenteou-lhe com um de seus sorrisos de tubarão.

Escondi meu riso na caneca de café e mamãe revirou os olhos para ele.

- Você sabe o único lugar onde você pode revirar os olhos para mim, Gianna. – Sua voz desceu alguns tons e eu arregalei os olhos.

Pousei minha caneca na mesa e fiz um T com as duas mãos.

- Por favor, criança à mesa!

- Você dificilmente é uma criança. – Mamãe comentou.

- Isso não significa que eu queira ouvir meus pais comentando sobre sexo.

- Fazemos sexo. – Papai implicou.

- Não quero saber!!! – Quase gritei.

Papai gargalhou.

- Ela é uma criança ainda. – Falou para mamãe. – Minha criança. – Sorriu para mim.

- Sim, continue a se iludir. – Mamãe disse, sorvendo o café em seguida, e papai fez uma careta feia para ela.

- Você foi a única que insistiu para que ela não tivesse um casamento arranjado, agora ela vai ficar conosco para sempre. – Rebateu.

Mamãe riu no café.

- Não foi bem isso que eu falei.

- Pois foi o que eu entendi.

Revirei os olhos para os dois. Às vezes, eles pareciam ser as crianças, mas, pelo que sei, sempre tinham sido assim.

- Como estão os preparativos para a faculdade? – Papai perguntou e eu sorri genuinamente.

Estava tão feliz que ele tivesse deixado que eu fizesse isso. Hana também conseguira com Orazio, mas, ainda hoje, em nosso mundo, isso era exceção. Uma mulher deveria ficar em casa e servir de uma boa esposa troféu a seu marido.

By Darkness I BurnOnde histórias criam vida. Descubra agora