Nos dias que se seguiram eu tinha estado muito ocupada com Karl.
A cada encontro uma fotografia de René e Renate mas à proporção que os dias se passavam eu criava uma intimidade maior com ele.
Não ficávamos em silêncio; aos poucos ele foi se mostrando para mim e acreditem ele era diferente dos outros , ele não tinha o porque de ser cordial , atencioso mas ele era e eu me impressionava cada vez mais talvez porque ficava feliz com o que acontecia com meu corpo quando ele me tocava , me fazendo esquecer o pesadelo em que estava confinada a passar.
Certa tarde, depois que nos usamos na intimidade , Karl me perguntou:
- O que você fazia antes desta guerra começar?
- Eu , eu estava estudando , queria ser enfermeira mas era só um dos meus tantos sonhos.
- Um sonho muito bom , ele me respondeu.
Então criei coragem e lhe perguntei :
- O Frauher sempre seguiu esta atividade?
- Não. Eu queria estar fazendo outra coisa , mas meus pais não permitiram e hoje estou aqui e lhe garanto que não estou confortável.
- Entendo , foi o que consegui repetir mais para mim que para ele.
Ficamos conversando sobre o que queríamos ser quando aquele inferno acabasse e eu me vi me permitindo sonhar , ter a esperança de vida.
Karl me beijou e me possuiu mais uma vez até que se foi , e me deixou com meus pensamentos.
Eu queria que ele me concedesse outros desejos com relação às pessoas ali , mas tinha que ter calma.
Primeiro discutiria a libertação das gêmeas para depois pedir ajuda para outros dos meus irmãos , mas tinha que esperar até o momento certo.
Batel barrou a minha saída com insultos o que me fez revidar:
-O que você tem contra mim além de tudo? Como você mesma diz, eu estou fazendo o meu trabalho.
- Sua imunda , eu vou descobrir o que anda tramando e vou manda- la para o inferno.
- No inferno eu já estou.
Meu rosto recebeu um tapa tão forte que me fez cambalear .
O sangue me subiu e eu não me contive e revidei o tapa .
Batel se transfigurou e chamou os guardas da SS e disse que eu tinha desacatado- a .- Esta peste está achando que é gente . Deem um jeito nela rápido. Ela me bateu, ousou me desacatar .
Era comum ocorrer isto com as moças , que queriam valer algum direito na ala 24 e iam ser punidas por causa de qualquer espirro .
Batel tinha ordens de fazer o que quisesse com quem violasse as normas da Boa conduta.
Me levaram a socos e pontapés, e me deram uma surra quebrando meu braço e pernas . Senti como se meus órgãos estivessem sido esmagados tamanha a surra que tinha levado.
O gosto da minha boca que antes era o sabor dos lábios de Karl, era agora gosto de sangue. Por sorte não me quebraram nenhum dente .
Após a surra disseram:- Vá, vá puta imunda antes que estraçalhe seus miolos.
Toda dolorida e cheia de marcas pelo corpo cheguei no alojamento me arrastando porque as pernas estavam tão doloridas que fui socorrida por uma das moças que iam entrar na ala .Elas conseguiram me suspender e apoiei em seus braços e fui arrastada até a minha cama.
Eu nada podia fazer por agora , o Frauher disse- me que iria se ausentar por três dias.
Compressas de água quente e outros unguentos preparados por elas para serem usados, foram colocados em mim.
Eu consegui adormecer sem antes contar o que ocorreu comigo.
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AMOR EM TEMPOS DE GUERRA
RomanceCORRIA O ANO DE 1940. MILHARES DE PESSOAS FORAM PERSEGUIDAS, ATACADAS , E MORTAS DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, ENTRE ELES OS ROMA, CIGANOS. APENAS 10% DA POPULAÇÃO QUE VIVIA NO PROTETORADO DA BOÊMIA E MORAVIA SOBREVIVEU AO HORROR DA ERA NAZISTA...