Capítulo trinta e nove

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Nos dias que se seguiram eu tinha estado muito ocupada com Karl.

A cada encontro uma fotografia de René  e Renate mas à proporção que os dias se passavam eu  criava uma intimidade maior com ele.

Não ficávamos em silêncio; aos poucos ele foi se mostrando para mim e acreditem  ele era diferente dos outros , ele não  tinha o porque de ser cordial , atencioso mas ele era e eu me impressionava cada vez mais talvez porque ficava feliz com o que acontecia com meu corpo quando ele me tocava , me fazendo esquecer o pesadelo em que estava confinada a passar.

Certa tarde, depois que nos usamos na intimidade , Karl me perguntou:  

- O que você  fazia antes desta guerra começar?

- Eu , eu estava estudando , queria ser enfermeira mas era só  um dos meus tantos sonhos.

- Um sonho muito bom , ele me respondeu.

Então  criei coragem e lhe perguntei :

- O Frauher  sempre seguiu esta atividade?

- Não. Eu queria estar fazendo outra coisa , mas meus pais não permitiram e hoje estou aqui e lhe garanto que não  estou confortável.

- Entendo , foi o que consegui repetir mais para mim que para ele.

Ficamos conversando sobre o que queríamos ser quando aquele inferno acabasse e eu me vi me permitindo sonhar , ter a esperança  de vida.

Karl me beijou e me possuiu mais uma vez até  que se foi , e me deixou com meus pensamentos.

Eu queria que ele me concedesse outros desejos com relação  às pessoas ali , mas tinha que ter calma.

Primeiro discutiria a libertação  das gêmeas  para depois pedir ajuda para outros dos meus irmãos , mas tinha que esperar até  o momento certo.

Batel barrou a minha saída  com insultos o que  me fez revidar:

-O que você  tem contra mim além  de tudo? Como você  mesma diz, eu estou fazendo o meu trabalho.

- Sua imunda , eu vou descobrir o que anda tramando e vou manda- la para o inferno.

- No inferno eu já  estou.

Meu rosto recebeu um tapa tão  forte que me fez cambalear .

O sangue me subiu  e eu não me contive e revidei o tapa .
Batel se transfigurou e chamou os guardas da SS e disse que eu tinha desacatado- a .

- Esta peste está  achando que é  gente . Deem um jeito nela rápido. Ela me bateu, ousou me desacatar .

Era comum ocorrer isto com as moças , que queriam valer algum direito na ala 24 e iam ser punidas por causa de qualquer espirro . 

Batel tinha ordens de fazer o que quisesse com quem violasse as normas da Boa conduta.

Me levaram a socos e pontapés, e me deram uma surra quebrando meu braço  e pernas . Senti como se meus órgãos  estivessem sido esmagados tamanha a surra que tinha levado.

O gosto da minha boca que antes era o sabor dos lábios  de Karl, era agora gosto de sangue. Por sorte não  me quebraram nenhum dente .
Após  a surra disseram:

-  Vá, vá  puta imunda antes que estraçalhe  seus miolos.
Toda dolorida e cheia de marcas pelo corpo cheguei no alojamento me arrastando porque as pernas estavam tão  doloridas que fui socorrida por uma das moças  que iam entrar na ala .

Elas conseguiram me suspender e apoiei em seus braços e fui arrastada até a minha cama.

Eu nada podia fazer por agora , o Frauher  disse- me que iria se ausentar por três  dias.

Compressas de água quente e outros unguentos preparados por elas para serem usados,  foram colocados em mim.

Eu consegui adormecer sem antes contar o que ocorreu comigo.

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