Capitulo trinta e dois

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Um sonderkomando veio me avisar que eu não  me preocupasse com René e Renate:

- O Comandante  mandou avisar que seus  filhos estão  bem e que logo você os verá  .

- Quem é  o comandante?

Aquele guarda que fez o acordo comigo?

- Isso mesmo . E é só  o que tenho a lhe dizer é me entregou uma fotografia das crianças sentadas e comendo.
Que alívio.  Suspirei fundo.

O sonderkomando saiu em seguida me deixando com meus pensamentos.

Então  ele era um comandante alemão  .

Nazistas nunca eram bons.
Para eles , nós, judeus e ciganos somos a espúria, somos geneticamente indesejáveis, mas havia um diferencial no homem que  me beijara .

Chaya veio ao meu encontro e sentou- se num banco próxima  a minha cama assim que o sonderkomando foi embora e me falou :
- São  elas ?
- Sim . São  e estão bem . Chaya olhou e me devolveu  dizendo :

- Vou para a ala 24 , tenho que atender hoje .

- Vai assim , à  noite ?

- Sim. A noite o movimento de prisioneiros é  maior. Temos que ir.

Você  teve sorte que foi
dispensada ; ela me disse  com um sorriso de canto de boca , mas eu ainda tinha perguntas  a fazer.

- Chaya , chamei-a:  -   Eu ainda estou apreensiva .

- Não  fique , é  como te expliquei , a única  forma que eles permitem é  o homem por cima de você. É  simples.

Não  precisa mexer os quadris, apenas abra as pernas e prosseguiu falando:

- Não se angustie ;  antes todos eles são obrigados a tomar uma injeção  na ala médica para prevenir de doenças, mas você  não  deve descartar o seu pano íntimo, coloque- o o mais fundo que puder dentro de você.  Evita várias  doenças e uma gravidez indesejada .

Eu a tudo assentia e ensinava as novatas  na primeira oportunidade que surgia , inclusive a Nina que iria trabalhar já  na próxima semana , porque teria alta da cirurgia a que se submeteu para retirar o útero.

Me deram boa comida, roupa boa e uma noite de sono.

O meu tratamento se tornou diferente e foi alvo de comentários , mas eu não  podia me defender pois eu nem sabia porque estava sendo tratada daquela forma.

A maioria das mulheres trabalhavam à  noite , mas eu não  tinha sido recrutada para prestar serviços noturnos  .

Meu cabelo estava crescido e eu estava com uma boa aparência. Podia- se dizer que eu estava voltando ao que era antes .

Antes de todo aquele horror começar.

Uma cigana senti bonita; mas ali eu não  podia me vangloriar de minha beleza , sobretudo porque era um destino infeliz.

Fiquei na cama com o silêncio  do quarto e adormeci pensando no meu amanhã e no meu próximo  cliente.

Ao contrario das outras prisioneiras eu não  estava sendo obrigada a me prostituir, eu tinha um propósito.  Eu fizera um pacto.

Tarde da noite ouvi o barulho  delas chegando e lá  ao longe o choro de uma .

Permaneci quieta , o choro ia logo dar lugar ao sono .

Esta era as nossas vidas.

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