Capítulo vinte e um

42 4 0
                                    

As três  horas da manhã  fomos acordadas aos berros , no meu campo cigano havia homens , embora devêssemos  ficar como os judeus .

Separados. Mas a verdade é  que pouco se importavam .
Na chamada dos números ficávamos em pé.

Renate é Renne ganharam uma caneca contendo um líquido escuro que era nosso café  da manhã, bem como todos ali.

Havia entre a fila uma mãe  judia com um bebê  chorando nos braços, ela também  tinha recebido o seu café  , mas não  dava para amamentar o seu filho , ela estava em total desnutrição  e o bebê  era um farrapo humano. Pele e osso.

Me compadeci.

Às  escondidas sem que ninguém  nos observasse ofereci a minha caneca rala de café  para que ela tomasse.
Feito; ela logo engoliu .

Dê nada adiantou eu ficar sem fome , fazendo sacrifício, pois o bebê  continuava chorando.

Dias depois soube que a criança  havia morrido e a sua mãe  fora morta a tiros porque não  puderam cessar seus gritos de dor, o que irritou os guardas , então a mataram e levaram para o crematório. Renne e Renate quando souberam do ocorrido ficaram mais quietos do que o de costume.

À  noite estavam chorando e
Renate me falou pela

primeira vez de sua mãe:

- Eu e a Renne vivíamos com mamãe  até  sermos pegos pelos soldados. Mamãe  se foi com eles  depois nos pegaram ,  ficamos soltos e estamos aqui.

- será  que mamãe  também morreu? e não  a veremos mais?

- Não  sei meu bem , só  sei que tudo isto é  muito triste . Hoje foi triste .

- Todos os dias aqui são  tristes., falou Renne se aproximando para ouvir o que falávamos.

- É verdade  , respondi com lágrimas na face . - É  verdade mas vamos procurar não  pensar para não  doer mais. Vem, vamos dormir pedi.

Levei um tempo para  fechar os olhos , pensando na sina que vivíamos.

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA Onde histórias criam vida. Descubra agora