Capítulo doze

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Apesar do que eu sabia que ocorria em Lódz, assim como os outros guetos e campos de concentração , Lódz era antes uma cidade que ficava na Polônia e seu poder industrial era vasto e bastante promissor; entretanto contratempos e notícias ruins não fazia de Lódz uma ameaça totalmente péssima. Era passiva.

Assim procurávamos  ser para viver melhor.

Quanto a mim, meu corpo assim como das outras ciganas e judias passava por mudanças Desde que  viemos para cá.

Eu não  tinha mais regras femininas , elas foram suspensas, eu era fraca e não  havia como normalizarem. A vida de outrora ficou para trás.

Raramente , nos dias que se sucederam eu me dirigia a Frank . Para que? e porque?

Uma parte da minha alma tinha gratidão a ele por estar viva ainda, mas a outra me dava repulsa.

Ele parecia perceber e entender , mas desde aquele dia não  mais sequer me olhava direito e continuava nas suas atividades fúnebres , o que me aliviava pois  o contato a uma pessoa da qual me deixava em conflito por conta de ter salvado a minha vida e deixar morrer milhares delas.

Meses se passaram e como uma surpresa Otto veio até  a mim em uma manhã gélida, em que o passar dos dias me assombravam , ele veio doente; mais magro do que eu O conheci , maior e mudo como de sempre.

Eu não sei se chorei de
alegria ao vê- lo ou de tristeza pelo seu estado deplorável.

Choramos juntos abraçadinhos, sendo observados por todos do local , inclusive sob o olhar de Frank.

Cuidei do meu menino como pude . Ele tinha febre , estava pele e osso , um mulambo humano.

Otto só ficou ao meu lado por mais dois meses,  a comida insuficiente , as temperaturas congelante agravaram o seu estado; as condições  de vida no gueto eram insalubres e fétidas.

Nos cortaram a distribuição  de carvão, os alimentos quando eram chegados no alojamento eram constantemente saqueados.

Nós  recebíamos 400
gramas de pão  , e em outros dias recebíamos  pouco a mais , mas mesmo assim não era suficiente.

Muitas vezes o meu pedaço  eu dava a Otto molhado com a sopa para ver se ele reagia.

Me contaram que Otto na fábrica  desmaiara mais de três vezes por isto veio  para mim . Eles sabiam que eu era a mãe. 

Sim , ele era o meu filhinho que agora ia se juntar a alma da sua verdadeira mãe .

Eu tinha perdido mais um membro da minha família .

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