❣️61. VyV❣️

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Escrita com
Carolleite26 ♥️✨

Cristina: Eu não quero sua explicação, não preciso dela... só está se desgastando, me desgastando... tinha uma filha... tinha uma amiga, mas decidiu que ela não era suficiente... precisou colocar mais alguém dentro da minha casa, na minha família, mesmo sabendo que eu não estava bem, que eu precisava dos meus pais... mas eu estou casada, sou responsabilidade dele, não é? - senti o meu estômago embrulhar novamente e me levantei indo para a janela do escritório - nenhuma mulher tem sorte nisso, a sorte dela é por ter os meus pais para o que ela precisar... não me faça soar com maldade... poderia ter lhe ajudado, mas colocar dentro de casa? Adotar esse bebê? O que precisa fazer mais para esfregar na minha cara que eu não te fui suficiente? Quanto mais fala, mais me maltrata... mais me deixa mal... deu a ela o meu quarto? As minhas coisas? Diana é a filha perfeita que eu não fui... vamos tentar apagar a vergonha da família, não é? - sorri me debruçando um pouco sobre a janela... ali já não suportei mais segurar o que não tinha em meu estômago, acabei vomitando o suco que tomei horas atrás... minha garganta queimava, assim como os meus olhos que estavam chorosos.

Victoria: Filha, nunca pensei que fosse insuficiente, não substitui você ou o seu irmão, sei que nada que eu diga vai fazer entender, está vendo a situação de forma equivocada, sua casa sempre vai ser sua casa, seu quarto e suas coisam continuam do mesmo jeito, você é amada como sempre foi, sempre vão estar para você, não estou esfregando nada em sua cara, não é uma vergonha, me decepcionou sim, mas isso já é passado porque sei que mudou, conversamos e acreditei que havia sido resolvido - quando a vi passar mal me levantei rapidamente segurado seus cabelos - meu amor, se não estava bem devia ter me falado, vem, vamos sentar um pouco, quer um pouco de água?

Cristina: Não... eu estou bem... só preciso tomar um remédio - respirei fundo indo para o sofá e me deitando ali - se não se incomodar outra hora terminamos essa conversa ou o que quer que seja... estamos rodando em círculo... eu tenho um ponto de vista, você tem outro... por mais que me diga que não é, o que estou sentindo é isso... e sinceramente eu estou me sentindo muito mal com isso - me virei ficando de bruços no sofá.

Victoria: Assim vai continuar passando mal - sentei no sofá colocando sua cabeça em meu colo - fique de lado ou com a barriga para cima, assim vai estar apertando, não quer mesmo uma água? - fazia carinho em seus cabelos.

Cristina: Apertando? Apertando o quê? - fechei os meus olhos e respirei fundo - não... a água só vai me deixar ainda mais enjoada - falei me ajeitando, ficando de lado.

Victoria: Meu amor, acabou de vomitar, está passando mal do estômago, se ficar pressionando ele vai piorar, foi algo que comeu? Posso pedir um chá de hortelã? Não quer subir para o quarto, eu te ajudo.

Cristina: Não... não consegui comer nada, só tomei um suco - me sentei no sofá - não quero chá, obrigada... vai passar, às vezes demora um pouco... não quero me deitar, preciso terminar umas coisas.

Victoria: Não pode ficar sem comer - coloquei uma mecha do seu cabelo atrás de sua orelha - demora? Não é a primeira vez, filha vai com calma, não precisa fazer tudo agora, descansa um pouco e depois você volta a trabalhar - segurei sua mão - se eu puder te ajudar.

Cristina: Isso é estresse, apenas isso - respirei fundo - só preciso tomar o meu calmante - inventei uma desculpa - não precisa, eu consigo terminar - puxei a minha mão com cuidado - pode ir, sei que tem coisas a fazer, vou ficar bem, como sempre fico - me levantei do sofá indo para a mesa.

Victoria: Muito trabalho? Estudos? Sei que estou meio enferrujada, eu ajudo no que precisar ou pode ter uma assistente, não necessita de calmantes, respire fundo e devagar, eu não contei que tirei o dia para ficar com a minha filha, somente não conte ao seu pai porque ele me mataria por sair sem avisá-lo, a minha ideia era ir aquele parque que gostava quando criança, com as rosas de todas as cores - respirei fundo juntando minhas mãos nervosamente, com esse abismo crescendo entre nós.

Cristina: Não, como sabe saí de lá, desde então estou apenas em casa, estudando... tentando terminar o meu curso, algo eu preciso fazer para ajudar o Atilio com as despesas - me virei lhe olhando - por que fez isso? Por que só agora? - questionei calmamente - por que me deixou ir naquele dia? Por que desejou tanto que ele me traísse? Não me quer feliz? É isso? Por que não pode confiar no Atilio? Eu sou feliz com ele... o que soube através de outra pessoa não chegou nem perto do que realmente aconteceu - me afastei indo até a janela - nunca parou para me ouvir, para se questionar o que me levou a ser assim... por que esperou todos esses anos de braços cruzados? Permitiu que eu me tornasse dependente de todas essas porcarias... sabia de tudo, mas nunca me impediu - me encostei na parede - desde aquele dia que não tenho a mesma alegria, abandonei as minhas flores, tenho vivido um dia de cada vez... mas eu estou tão cansada de suportar as minhas dores... de ter que engolir sempre...

Victoria: Pensei que sua saída foi para se dedicar a algo seu, que bom que está focando nos estudos, sabe que tem participação na empresa e fizemos um fundo em seu nome para quando completasse dezoito anos pudesse resgatar, mais alguns meses pode ter algo seu ou que você quiser, te quero muito feliz, eu conheci o Atílio antes de você, sei o passado dele e não quero que sofra, tenho medo que ele te destrua, é a minha filhinha, aquele dia eu não estava totalmente recuperada, não tive forças para ir atrás, mesmo querendo muito impedir que fosse embora, tirar toda essa dor que sente, prometo que vou tentar confiar nele - respirei fundo lentamente, não poderia entrar em uma nova crise, assustar a Cristina e sem o Victoriano - não esperei de braços cruzados, eu dei espaço, eu tentei ser amiga, me aproximar de diferentes formas, mesmo não dando permissões para ir nas festas você fazia das suas, quantas vezes estive ao seu lado te ajudando quando passava mal da bebida e fazendo todo um interrogatório, me chamando de bruxa por ficar em seu pé, demorei para perceber o seu vício, não soube o que fazer, foi quando falei com o seu pai e te levamos para a fazenda.

Cristina: Por enquanto estou focada em terminar a faculdade, já passei do tempo... eu sei, mas não quero... não mereço... faça algo por aquela menina que está em sua casa... o passado dele ficou lá... Atilio não é aquela pessoa, ele mudou e eu posso dizer com toda certeza, sou feliz ao lado dele... de algo ruim as minhas loucuras me trouxeram algo bom... é tudo que eu te peço, confie nele... se me quer feliz, aqui eu sou feliz - sorri fraco - já me destruiram mamãe... já fizeram isso e a minha única via de escape foram as drogas... as bebidas... foi buscar prazer nos braços de qualquer um que aparecia - me virei lhe olhando - minguém pode tirar algo que está impregnado em meu corpo, em minha alma... eu não precisei de espaço, eu só precisei de você - chorei - sabe o que é acordar de um pesadelo onde... onde estão tocando o seu corpo... usando e abusando de você, enquanto você está dopada? Não sabe...- balancei a cabeça sentindo as grossas lágrimas descerem por meu rosto - quinze anos eu tinha... quinze anos e vocês não perceberam nada... absolutamente nada... eu pensei que era um pesadelo, mas logo descobri que não era, que tinha acontecido, que ele tinha filmado tudo, desde o momento em que dopou, até o momento em que me deixou sozinha naquele quarto e saiu... eu lutei contra isso mamãe... eu me revoltei... e sabe onde eu encontrei alento? Na bebida... nas drogas... era isso que adormecia todos os meus sentindos, que por um momento apagava essa dor que eu sentia... era com um e com outro que eu procurava saciar a droga do desejo que o meu corpo sucumbia... mas vocês nunca me pergutaram, nunca me entederam... era coisa de adolescente - esbravejei com raiva - uma coisa que eu vou levar o resto da minha vida - respirei fundo contendo o choro - agora sou eu quem te pergunto, a sua filha merecia passar por isso? A Diana encontrou alguém para lhe ajudar, lhe apoiar... enquanto eu só encontrei quem me condenasse... eu sou a decepção de vocês e isso nunca vai mudar - sequei o meu rosto e fui até a mesa, me sentando.

Victoria: Claro que merece filha, é o seu trabalho também, eu estava lá, tentei minha filha, juro que tentei me aproximar de você, me repeliu em todas, quem fez isso? Quando aconteceu? Por que não veio até nós para contar, por que guardou tudo isso? - minha respiração ficou agitada - tinha que ter nos contados, quem é Cristina, quem é? - minhas mãos tremiam e não sabia se eram de nervos ou raiva - tinha que ter nos contado - chorava - como poderíamos imaginar que isso aconteceu? Eu sou uma mãe horrível, eu sinto muito filha, sinto muito, nenhuma mulher merece passar por isso, encontrou, não é uma decepção, já conversamos sobre isso.

Continua...

O Que Sinto? É Amor? - Victoria y Victoriano (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora