Capítulo 23

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Isabela★

Desconfiança sob o véu

Enquanto me acomodo na sala de espera, aguardando ansiosamente minha vez para começar o processo de recontratação no hospital, minha mente se perde em pensamentos tumultuados. A frustração persiste, pois Lucas continua evitando responder aos meus questionamentos sobre minhas lembranças, desviando habilmente o assunto. Essa atitude só alimenta minha desconfiança e faz com que eu questione cada vez mais seu caráter.

Cada vez que tento desvendar os motivos por trás de suas evasivas, me sinto afundando mais fundo em um labirinto de dúvidas. Enquanto espero na sala de espera, esses pensamentos me consomem, deixando-me inquieta e ansiosa pelo desfecho dessa situação.

Após alguns dias de uma série de trâmites, sou oficialmente reintegrada à equipe médica. Sinto-me entusiasmada ao reassumir minhas responsabilidades, vestir novamente o jaleco branco, me deixa renovada e determinada a dedicar-me plenamente aos cuidados dos pacientes. É o início de uma nova jornada, onde espero deixar para trás as preocupações e concentrar-me no que realmente importa: minha vocação pela medicina e o bem-estar daqueles que confiam em mim para sua saúde e recuperação.

Renata me chama para comemorar e continuamos a noite em um animado bar da cidade. Entre risadas e brindes, compartilhamos nossas alegrias e planos para o futuro. É um momento de descontração, onde celebramos não apenas minha reintegração ao trabalho, mas também nossa amizade que também foi renovada.

★★★

Já no meu primeiro dia de trabalho, um homem entra em meu escritório, cujo o modo de vestir e o sotaque me faz lembrar muito de Gérson. Porém, o paciente é um pouco mais extrovertido, ele é mais tímido. Percebi que esse paciente inventou uma doença para pegar atestado a fim de faltar no trabalho, sempre me incomodei com esse tipo de comportamento!

Quando ele vai embora, apoio meu cotovelo na mesa, e solto um longo suspiro pesado. Sinto falta dele. Nunca pensei que iria ficar assim por causa daquele caipira.

Chego em casa aborrecida, mesmo após meu primeiro dia de trabalho concluído com sucesso. Vou direto para meu quarto, não gosto do jeito que minha sogra e cunhada me tratam. Como tenho amnésia, elas acham que podem dar palpites desnecessários sobre como eu deveria agir e viver a minha vida, isso me incomoda, além de jeito arrogante de me tratarem. Então prefiro logo subir e não ficar na presença delas. Elas riem de mim quando ando de ônibus.

Enquanto tiro a roupa do trabalho, penso sobre meus sentimentos sobre Gérson. Posso dizer que não são os mesmos do que meu noivo. Preciso resgatar minhas memórias que ainda estão perdidas e entender por que ainda estou tão confusa em relação a Lucas.

Me deito sobre a cama pensativa. Eu vim pra cá para me encontrar, lembrar quem sou, encontrar familiares e me decepcionei. Talvez a decepção que sinto é a resposta que preciso.

E se eu ligar para Silvia e perguntar sobre Gérson? Saber como ele está e o que aconteceu desde minha partida. Pode não ser uma boa ideia e poderei me magoar, mas é o risco que tenho de correr.

Não quero que ninguém escute minhas conversas, portanto, vou até o jardim. Já está começando a escurecer, preciso ser breve antes que Lucas chegue.

Ela atende rapidamente. Primeiro tento disfarçar, já que somos amigas, pergunto sobre ela e sua família, e finalmente sobre Gérson. É quando meu coração bate forte.

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