Capítulo 7

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Isabela★

Entre tempestades e calmaria

Olho pela janela do meu quarto, o tempo mudou, acho que vai chover. Sorte que não choveu hoje mais cedo, imagina eu perdida na estrada, ainda molhada e com frio?

Ainda apoiada na janela, solto um longo suspiro, estou lembrando o que Gérson disse. Será verdade que meu noivo já me esqueceu e não esta me procurando? Mas, e minha familia? Por que meu pai não acionou a policia? Ou minha mãe confeccionou cartazes de desaparecida? E meus irmãos e irmãs poderiam estar vindo atrás de mim.

Será que sou tão facilmente esquecida por aqueles que deveriam me amar e me proteger? A falta de notícias, o silêncio ensurdecedor, são como facas cortando minha alma, deixando-me ainda mais perdida e desamparada. As dúvidas e o medo se acumulam, e a sensação de abandono é quase insuportável. O que será de mim, se ninguém realmente se importa?

Cada minuto que passa sem notícias, cada olhar vazio que encontro refletido no vidro da janela, só aumenta minha sensação de desamparo. Será que meus laços familiares eram apenas ilusões frágeis, prontas para se desfazerem diante do primeiro desafio?

Alguém bate na porta me chamando para almoçar, então eu saio do quarto. Já estão à mesa todos, menos Gérson. Enquanto me sento para comer, a tristeza ainda borbulha dentro de mim, parece que ninguém aqui parece entender a gravidade da minha situação.

- Ah, Isabela! Até que enfim apareceu! - exclama seu Amarildo, com um sorriso brincalhão. - Pensei que tinha decidido fazer uma viagem sem avisar ninguém!

- Estava planejando fugir da gente? Poxa... - Zulmira comenta, colocando uma travessa com algum prato quentinho.

- Claro que não! Só quis dar um passeio diferente, só isso, e acabei me perdendo. - digo, sentando-me à mesa com todos.

- Mas acho que o cê voltou mesmo porque iria ficar com saudade de um certo alguém, sabe... - Rosa entra na conversa. - Como iria ficar sem nosso irmão, né?

- Hãn? O que estão insinuando? O Gérson é apenas um amigo! - respondo, sentindo minhas bochechas queimarem.

As irmãs gêmeas dão risada.

- Ah, sei, sei... Amigo, mas a gente bem sabe que tem mais coisa aí, hein!

- Deixa a menina, Rosa! - intervém a mãe, rindo da brincadeira. - O importante é que ela tá de volta e tá bem.

- É! - solto uma risada sem graça.

Neste momento, Gérson adentra a cozinha para almoçar, e instantaneamente o clima muda. Todos se calam e se concentram na comida, enquanto eu pego uma porção de salada.

Ele se senta à mesa com um prato generoso já montado, e começa a comer.

- Que foi? - ele percebe o clima tenso, mas parece não se importar muito, continuando a comer enquanto sua família muda de assunto. Seus olhos encontram os meus diretamente, mas eu desvio o olhar, incapaz de manter o contato visual.

Poucos minutos depois, ele termina sua refeição e se retira, deixando seu prato sobre a pia, seu Amarildo também sai com ele, acho que eles têm algum compromisso.

Horas se passam desde o almoço e eu me encontro na varanda, observando a chuva cair. O céu está escuro e carregado de nuvens, refletindo o tumulto de pensamentos que preenche minha mente.

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