Capítulo 16

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★Gérson★

Busca da serenidade


Sentado na beirada do lago onde eu e Isabela costumávamos namorar, tentando pensar direito e convencer meu coração de que é hora de seguir em frente e esquecer dela. Já fiz isso outras vezes, mas agora é pra valer.

Ela falou que pensou muito antes de ir embora. Se precisou pensar tanto, é porque não me quer como eu quero ela, isso é claro pra todo mundo.

Deito na grama e fecho os olho, a verdade dói. Ainda sinto um aperto no peito quando lembro do brilho dos olho de oceano dela, do sorriso, da forma como me beijava... Até dos cabelo brilhantes como ouro eu lembro. Amei ela demais, mas parece que num foi suficiente.

Sempre quis seguir carreira de cantor sertanejo, e depois do aborto, eu o abandonei totalmente e me isolei nessa fazenda. Quem sabe, agora que desabafei tudo pra ela e ainda ganhei o perdão, posso retomar? A partida de Isabela parece ser um pontapé pra seguir a vida.

Volto pra casa, pego o violão e arranho algumas notas. Talvez eu possa compor uma música. Enquanto dedilho as cordas, sinto o peso sair do peito, é como um abraço das notas musicais. Sinto que é exatamente disso que preciso.

Os dias passam devagar e tento não pensar muito em Isabela. Num dia qualquer, enquanto tava tocando violão no sofá, o telefone toca, é Silvia.

- Gérson, a Isabela ainda ta aqui em minha casa e acho que ela te ama, ela só fala sobre você! Talvez com um empurrãozinho, eu consiga convencê-la a voltar aí. Estou tão chateada desde o dia que ela veio embora... Gostava de ver vocês juntos.

- Já fiz muito por ela e não adiantou em nada. - digo, num tom triste, mas firme.

- Mas Gérson, ela está muito confusa ainda. Acho que tem chance de faze-la desistir.

- Não, ela ta muito decidida a fazer isso e nada irá faze-la mudar de ideia. Por favor, não me ligue mais para falar sobre Isabela, to tentando esquecer dela.

Pelo silêncio, percebo Silvia se espantar com minhas palavras. O que posso fazer se é a verdade?

★★★

Num belo dia, meu irmão brota aqui na fazenda, cheio de papo sobre uma festança do amigo dele. Sabendo do meu sonho desbotado de ser sertanejo, ele me lança a ideia de a gente voltar a cantar junto. Não penso duas vez e topo na hora.

Chega o dia do arrasta-pé e eu tô todo animado, subo num palquinho improvisado na roça, ali perto de casa.

Meu irmão vem junto, trazeno a viola dele. A voz dele é grossa e cheia de melodia, quanto a mim, solto a voz com toda a emoção, formamos uma dupla de respeito
Me entrego de corpo e alma pra música, esqueço do mundo ao meu redor e só me concentro na cantoria.

Mas num repente, vejo uma moça rodopiando com um sujeito bem ali na nossa frente, e meu coração dá um pulo. É Isabela! Ué? Ela ainda tá por aqui?

Mas logo saco que é só uma mulher parecida, e uma decepção me invade. Tô vendo que esquecer ela vai ser mais duro do que imaginei. Continuo a cantoria, mas agora com um nó no peito.

No final, guardo meu violão dentro da capa e jogo no banco do passageiro, sem querer solto um suspiro e chamo a atenção de Chico.

- Ainda pensando na loira?

- Pensei em ter visto ela na festa... - digo, desviando o olhar para fora.

- Ela ta lá em casa ainda, perdidona. - ele solta uma risada. - mas levanta a cabeça, irmão. Acho que daqui uns tempos, ocê se tornará uma celebridade por essas bandas, e como cê é bonitão, vá se acostumando em conhecer várias mulheres. Lembra quando era assim? Pena que agora sou casado...

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