Capítulo 15

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★Isabela★

Novos horizontes

Sinto-me paralisada observando Gérson se afastar de mim, como se o peso das palavras que acabamos de trocar não tivesse efeito algum nele.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto, deixando um rastro de dor e tristeza enquanto permaneço sentada à beira do lago. O silêncio ao meu redor é ensurdecedor, preenchido apenas pelo suave murmúrio da vegetação e alguns animais como a cigarra.

A sensação de solidão é avassaladora, como se eu estivesse afundando em um abismo escuro e sem fim. Não sei como lidar com a magnitude da minha própria dor, e parece que não há lugar para onde fugir para encontrar alívio. Tudo o que posso fazer é afundar ainda mais na minha tristeza, deixando-me envolver por ela como uma névoa densa e opressiva.

As conversas difíceis que tive hoje trouxeram à tona lembranças dolorosas, mas também reafirmaram minha decisão de buscar a verdade e recuperar minhas memórias.

Enquanto o vento balança suavemente as folhas das árvores ao meu redor, sinto uma sensação de calma e serenidade me envolver. Apesar da incerteza do futuro, sei que é hora de partir, de deixar este lugar para trás e buscar respostas em outro lugar.

Com um suspiro determinado, levanto-me e começo a caminhar em direção à casa. É hora de arrumar minhas coisas e partir em busca da verdade e da minha própria história.

Caminhando devagar, sem pressa, vejo dona Glória lá adiante, olhando em minha direção. Preocupada, como sempre...

- O que aconteceu, fia? O Gérson chegou chorando, não falou com ninguém e se infiou no quarto!

Eu não sei o que falar para dona Glória, mas ela também não diz mais nada, pois reparou nos meus olhos inchados de tanto chorar. Ela já deve ter entendido tudo.

Chegando em casa, sinto o peso das conversas difíceis ainda sobre meus ombros. Decido compartilhar tudo o que aconteceu com todos, inclusive para o irmão de Gérson e a esposa que também estão presentes, explicando as complexidades dos meus sentimentos e as decisões que tomei.

No entanto, assim que termino de falar, sinto uma necessidade urgente de ficar sozinha. Sem dizer uma palavra a mais, me encaminho para meu quarto, fechando a porta atrás de mim com um suspiro de alívio.

No silêncio reconfortante do meu quarto, permito-me processar tudo o que aconteceu, refletindo sobre as escolhas que fiz e as consequências que enfrentarei. A cama macia parece acolhedora enquanto me deito, enquanto me lembro que amanhã será um novo dia.

De repente, alguém bate na porta.

- Isa? Sou eu, Silvia...

Eu lhe dou a autorização para ela entrar, e assim ela faz, com uma expressão de preocupação, observando-me com empatia e senta-se ao meu lado na cama.

- Todo mundo está assustado com tudo o que você contou. Ninguém sabia desse aborto.

- Não acredito que o Gérson nunca contou isso para ninguém!

- Sim, ele guardou esse segredo por anos.

- Não foi fácil para ele compartilhar isso comigo hoje, Silvia. Acho que ele estava tentando proteger a mim e a si mesmo de toda essa dor.

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