Capítulo 31

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★Isabela★

A música do nosso amor

Senti uma sensação tão estranha ao sair pela porta do quarto onde Amarildo está internado, uma sensação de que não verei mais Gérson. Sinto que, dessa vez, meus sentimentos não são correspondidos, pois não consegui perceber nenhuma atitude por parte dele que mostre ao contrário. Agora estou aqui com o coração apertado.

Bom, eu tentei ser a mais romântica possível na letra da música e usar as palavras mais belas que conheço, será que eu consigo amolecer um pouco o coração dele? Será que ele vai entender o quanto é importante para mim? E será que ele entende que eu realmente precisava ter ido embora para entender?

Espero os últimos segundos, em frente ao aparelho, para bater o meu cartão ponto 7 horas da manhã redondinho, enquanto penso o quanto meus plantões vão ser chatos de agora em diante. As horas vão custar a passar sem ele por perto.

Bom, se ele estiver correspondendo meus sentimentos, ele vai dar um jeito de vir me encontrar aqui de novo, nem que seja para devolver o livro.

No entanto, mesmo com o coração apertado, tento encontrar conforto na ideia de que, às vezes, o tempo é necessário para que as coisas se resolvam. Talvez Gérson ainda esteja processando tudo, assim como eu estive.

É melhor focar no trabalho e nos meus afazeres diários, tentando manter a mente ocupada para não me perder nos pensamentos de dúvida e angústia.

★★★

O tempo passa e nada acontece. Três dias se passaram e a incerteza começa a se misturar com a decepção, me pego questionando se minhas palavras foram em vão, se meus sentimentos foram compreendidos ou se foram simplesmente ignorados.

Depois de terminar mais um expediente, não acredito no que estou vendo e paro de caminhar. Gérson está encostado no capô de sua caminhonete, estacionada um pouco mais adiante no estacionamento do hospital, olhando diretamente para mim com um sorriso. Minha vontade é correr até lá, mas me contenho. De coração acelerado e sorriso no rosto, aproximo-me.

- Nossa, você demorou demais para vir, já estava até pensando que não iria devolver meu livro. - brinco, e ele parece gostar, já que sorri pra mim, aquele sorriso que faz meu coração bater mais forte.

- Pois eu vim, e ainda trouxe uma resenha sobre ele. - Sua voz é suave, com um toque de diversão.

Eu rio brevemente.

- Estou brincando, não estou nem ai para esse livro, tenho outros exemplares.

- Eu sei, sequer o trouxe... - Ele mostra suas mãos vazias e também ri.

- Na verdade, eu estava com muita saudade e ansiosa para te ver novamente. - A sinceridade nas minhas palavras transparece, revelando o quanto sua ausência me afetou. - Até pensei que você nunca mais voltaria.

- E por que eu faria isso? - Sua voz é suave enquanto ele pega minha mão e segura, o toque gentil enviando arrepios pela minha pele. - Tava doido pra te ver também.

Seus olhos captam os meus, transmitindo uma intensidade que faz meu coração acelerar. O polegar dele acaricia minha mão, criando uma sensação reconfortante de proximidade.

- Sinto muita falta de ter você por perto, sabia?

- Eu também sinto a sua falta, por isso, vim te fazer um convite.

Sinto ele segurando minha cintura com firmeza, nossos corpos se aproximando devagarinho, criando uma tensão elétrica no ar. Um friozinho na barriga me faz tremer levemente, enquanto eu aguardo sua próxima frase com ansiedade.

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