Capítulo - 19

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Isabela★

Fragmentos da minha vida


Enquanto observo o jardim desta bela casa, sinto uma sensação estranha e perturbadora. Era essa a vida que eu levava? Será que eu era feliz assim? Tinha esperança de encontrar uma família, como aquela que tinha na fazenda, mas percebo agora que sou sozinha no mundo.

Agora compreendo por que chorei no dia do acidente que causou minha amnésia. Lembro-me disso! Foi quando estava voltando para minha cidade natal, onde morava com meu pai. Perturbada com a morte dele, chorei ininterruptamente durante todo o trajeto, inclusive enquanto ia cuidar dos procedimentos funerários. Foi nesse momento que ocorreu o acidente.

Olho para além do jardim, tentando desvendar os mistérios de minha própria história perdida, parece que, mesmo antes de perder a memória, já não sabia exatamente quem eu era.

Cada flor, cada folha ondulante parece sussurrar segredos que agora mal consigo recordar. Essa casa, antes um refúgio, agora é uma gaiola onde me sinto aprisionada pela solidão e pelo desconhecido. A busca por minha verdadeira identidade tornou-se uma jornada ainda mais tumultuada e incerta, onde cada passo adiante é um mergulho mais profundo na escuridão do meu passado enevoado.

Lucas se aproxima, e seus passos ecoam no ar sereno do jardim. Seu rosto é uma incógnita, suas expressões ocultas atrás de uma máscara de incerteza. Será compaixão que o guia, ou talvez seja o desconforto diante da minha interrupção abrupta da conversa? Ou será que por trás da sua fachada há falsidade, pronta para envolver-me em teias de engano? Sua presença traz consigo um turbilhão de dúvidas, e minha mente mergulha mais fundo na tempestade de incertezas que assola meu mundo.

- Eu sei que tudo isso é muito difícil para você, Isabela - Ele diz, com uma voz suave e acolhedora, enquanto se senta ao meu lado. - Mas você não está sozinha. Eu e minha mãe estamos aqui para te ajudar em tudo o que precisar.

- Eu... Eu não sei o que pensar. - Respondo, lutando para conter as lágrimas que querem escapar. - Pode me deixar sozinha um pouco?

Ele coloca um braço em volta dos meus ombros antes de responder.

- Não fique assim, você tem a oportunidade de recomeçar!

Eu o encaro, incerta sobre o que ele está dizendo. É possível que eu realmente possa recomeçar?

- Já que você voltou, podemos marcar a data do nosso casamento.

- Jura? - sem querer, meu queixo cai.

- Claro, porque duvida, meu bem? Não foi para isso que você voltou? E isso irá te ajudar a recomeçar, não vai?

- Não tenho certeza... - Respondo, de forma reflexiva, desviando meu olhar para baixo.

- Você só está frustada por causa da amnésia. Venha, vamos voltar. - Ele pega minha mão, mas eu hesito em me levantar.

- Mas, eu o meu pai? Quem cuidou dos procedimentos funerários dele?


- Seu pai era um homem muito rico, meu bem... Tinha muita gente ao redor dele para cuidar disso, pode ter certeza. Agora, que descanse em paz! Vamos, minha mãe e irmã estão te esperando.

Ele se levanta, eu faço o mesmo logo em seguida, mesmo que um pouco relutante, e começamos a caminhar. Eu ainda estou muito abalada e confusa, não entendo como ainda não me lembrei de nada sobre meu pai, mesmo depois de uma grande revelação que foi a morte dele.

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