Capítulo 2

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★Gérson★

Ferida aberta

Esse negócio da Isabela morar aqui não tá me agradando, não. Ela é tipo uma ferida aberta que nunca sara no meu coração.

Nunca imaginei que o amor por ela ainda tivesse firme e forte aqui dentro, mesmo depois de tanto tempo. Parece que o destino tá querendo me dar mais uma chance, só que eu tô com um baita medo de quando ela descobrir quem sou, e me rejeitar.

Ela passa os dias batendo papo com os peões da fazenda e eu só fico de longe de olho nela, tentando não chamar muita atenção. Já faz um mês que ela tá por aqui e ainda tô na dúvida se devo me aproximar dela, ou não.

- Gerson, pega a caminhonete, hoje tenho consulta. - avisa meu pai pela janela, enquanto tô na varanda de olho naquela loira que fica mais linda passeando pelos pastos. Ela ainda tá meio perdida, parece.

- Gérson, Gérson... - ele estrala a lingua algumas vezes - Quantas vezes tenho que te falar pra parar de ficar olhando pra Isabela?

- Ah pai, não consigo. Me deixa! - reviro meus olhos.

- Anda logo! Vai lá pegar a caminhonete! - ele some da janela.

- Já vou, velho!

Ele aparece na porta e grita no meu ouvido, eu faço uma careta.

- Ei, Isabela! Eu vou fazer um exame, quer aproveitar a carona e ir pra cidade?

- Quero! - ela grita de volta.

- Então vem cá! - Meu pai faz um sinal para ela se aproximar com as mãos.

Ela corre toda animada e meu coração bate mais forte vendo ela se aproximar.

- Quero ir à polícia mais uma vez! Será que minha família ou meu noivo já foram me procurar? - ela pergunta, sem fôlego.

- Sei lá, vamos ver? - Respondo meio sem jeito.

- Quero aproveitar e tirar esse gesso também, não aguento mais! - ela mexe seu braço engessado, como se tivesse a capacidade de faze-lo cair sozinho.

- Tá bom. - Levanto e vou pra garagem, ela entra em casa, acho que pra trocar de roupa.

Finalmente, ela se livra do gesso no braço e disse que se sente aliviada, mas a alegria some quando chegamos na delegacia e ninguém tá atrás dela. Não sei o que tá rolando, nem onde ela mora agora, só sei que foi triste ver ela chorar tanto quando descobriu, tentei abraçar pra confortar, mas ela me afastou de leve com a mão.

No caminho de volta, vejo a tristeza dela pelo retrovisor interno da caminhonete, vi ela enxugar as lágrimas toda a hora, tadinha... Quando chegamos em casa, ela vai pro quarto, parecendo desanimada. Fico no sofá, pensando, enquanto a casa fica quietinha, num clima tenso. Eu preciso ajudar ela e acabar com esse sofrimento, mas como?

★★★

De manhã bem cedo, diante do espelho, arrumo minha barba pensando na Isabela. Ainda tou tentano encontrar uma forma de ajudar ela a encontrar a família e se lembrar da vida dela, mesmo com o medo de quando ela lembrar de mim, mas eu faço esse sacrifício, por amor.

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