Capítulo 5

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Isabela★

Caminhos da memória

Cada vez que nossos olhares se cruzam, meu coração dá um salto e uma sensação de nostalgia invade meus pensamentos.

Neste momento, lembro de um dia que cavalgávamos juntos pelo campo da fazenda, uma brisa suave acariciava nossos rostos, trazendo consigo o aroma fresco da natureza. O sol dourado iluminava o caminho à nossa frente, criando um cenário perfeito para nosso passeio a cavalo.

Ao meu lado, ele cavalgava com habilidade e graça, seu sorriso iluminando seu rosto enquanto conversávamos despreocupadamente.

Essa lembrança ao seu lado é como uma pintura viva, gravada em minha mente com cores vívidas e detalhes nítidos.

Sei que ele foi um amor do passado, alguém que deveria estar gravado inteiramente em minha memória, mas por algum motivo, não está. No entanto, por mais que eu me esforce, suas lembranças parecem distantes, como se estivessem escondidas em algum canto obscuro de minha mente.

Queria tanto me lembrar mais dele e reviver mais dos momentos que compartilhamos juntos, mas é como tentar segurar fumaça entre os dedos. As lembranças escorrem por entre minhas mãos, deixando apenas um vazio desconcertante.

Percebo que a resposta não virá facilmente. Decido então aproveitar cada instante ao seu lado, mesmo que seja apenas como amigos.

Enquanto o observo, ali na roda, ele está me encarando com um sorriso doce e carinhoso. Eu não sei o que sinto por ele e não sei o que pensar sobre isso. Isso tudo é muito estranho para mim.

Essa noite demorei para dormir, porque não parava de pensar nele e de tentar me lembrar mais dele. Eu sei que eu o amava, só queria me sentir assim novamente.

De manhã, demoro para me levantar. Com a cabeça mais fresca, várias questões novas chegam em minha mente. Se eu já conhecia Gérson e convivi com ele nesta fazenda, então provavelmente ele sabe quem são meus familiares. Por que está escondendo isso de mim? Por que nunca me contou sobre minha vida? A família dele deve saber de tudo e nunca me falaram nada!

A decepção se instala em mim como uma névoa densa, obscurecendo minha visão e turvando meus pensamentos.

Uma hora depois que acordei, resolvo levantar. Troco de roupa e penteio meus cabelos diante do espelho. Decido não tocar no assunto, para descobrir até onde isso irá levar e quais são as intenções dele comigo.

Saio de casa caminhando devagar, já estou bem melhor, mas ainda uso muletas. Não demora muito e o vejo montado em seu cavalo usando um chapéu, e debruçada na cerca do estábulo, fico de longe observando-o.

Ele desce do cavalo e o leva para dentro do estábulo, eu fico o esperando voltar. Quando me vê, sorri e vem em minha direção. Eu sorrio de volta, mas abaixo o olhar.

- Bom dia, Isabela. - Ele para bem em minha frente. - O cê parece bem melhor do pé.

- Sim, está melhorando bem. - sorrio de leve, grata com a preocupação.

- Que bom. Tava pensano na gente sair hoje. Lembra que prometi te levar ao médico de cabeça?

- Lembro sim.

- Acha que consegue ir?

Por que ele quer me levar até um profissional, se não está disposto a compartilhar nada sobre mim? Essa pergunta chega em minha mente como um eco sem fim, deixando-me cada vez mais confusa e insegura sobre suas verdadeiras intenções.

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