Onde renasce o amor.

Capítulo 14

★Gérson★

O diálogo sobre amor e perda.

Enquanto a gente caminha por entre as flores coloridas e as árvores grandes do jardim do hospital, parece que um alívio vai tomando conta de mim, como se todas as preocupações fossem se espantando a cada pisada.

De repente, ela para de andar e vira pra mim, e eu aproveito pra encarar bem esses olhos azuis dela, enquanto as folhas das árvores vão se mexendo devagarzinho com o vento.

- Gérson, por que sua irmã não gosta de mim? - ela pergunta, com um tom de mágoa em sua voz. - Nunca fiz nada pra ela.

- Não é isso, Bela... Ela é ciumenta, tem ciúmes de tudo e todos, principalmente quando se trata de mim e das pessoas que tão próximas. Talvez ela sinta que tá perdendo a minha atenção pro cê, e isso deixa ela desconfortável. Mas num é culpa sua, não.

Eu me sento em um banco qualquer, ela faz o mesmo, ao meu lado.

- Não. Ela não gosta, e sinto que não é de hoje. Fiz algo para ela no passado?

- O cê num fez nada, Zulmira sempre foi... complicada mesmo, desde criança. - respondo, atordoado de desconforto, coçando a cabeça - É que o cê sempre teve um jeitinho digamos... exigente demais e ela nunca gostou desse comportamento.

- Exigente demais? - pergunta, franzindo o cenho sem entender nada.

- Sim, cheia das frescura.

Ela nega a cabeça antes de responder, demonstrando não estar convencida.

- Sinto que você ainda esconde coisas de mim.

- Oia, sobre isso... Precisamos conversar, tá? Pensei bastante sobre a nossa discussão daquele dia no estábulo. Eu sei que tem sido difícil para nós dois lidarmos com tudo o que tá aconteceno. Eu queria ser honesto co cê, Bela, mas é complicado, viu?

- Sei... - ela permanece de braços cruzados e olhar torto.

- É aquilo mesmo que cê quer? Quer mesmo ir embora e ir atrás de alguém que nem se lembra mais do cê?

- Como você sabe que não lembra? Você disse que não sabe nada sobre mim atualmente! Você conhece ele?

- Eu sei que parece contraditório, mas mesmo sem ter muitas informações sobre ele agora, ainda assim cê tá disposta a ir atrás. Quer memo correr o risco de quebrar a cara?

- Eu não sei... - ela responde, parecendo mais confusa do que nunca. - Eu só sei que preciso de respostas.

- E eu quero te ajudar a encontrar essas respostas, mas antes disso, precisamos resolver as coisas entre nós.

- O que você quer dizer com "resolver as coisas"?

- Eu quero que a gente se acerte, Bela. Quero que possamos deixar o passado pra trás e seguir em frente. Eu te amo e quero o melhor pro cê. Já te perdi uma vez e num quero te perder novamente.

Ela olha para mim, seus olhos refletindo uma mistura de emoções complexas. Há dor e incerteza, mas também uma centelha de esperança.