Capítulo 18

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★Gerson★

Uma jornada de dor e música

Chego em casa quebrado depois de um dia inteiro labutando nas terras, queria só um naco de sossego, mas meu irmão e a esposa vieram trazendo más novas: Isabela foi embora com o noivo. Já tava esperano, mas doeu mais do que imaginava.

Eles insistem que eu continue com a música, que ela pode ser meu remédio pra esquecer essa dor. Quem sabe eles tão certos? Talvez nunca deveria ter parado de tocar, afinal, a música sempre foi minha válvula de escape.

Com o coração ainda pesando toneladas, resolvo que tenho que dar vazão a todas essas emoções que tão me sufocando. Pego meu violão, meu fiel escudeiro, e me mando pro lago, lugar sossegado onde posso desabafar.

Caminho na grama úmida, a dor da ausência de Isabela ainda pesa nos meus ombros feito chumbo, me sufocando. Nunca pensei que ia me sentir assim, tão vazio, tão perdido...

Me pego pensando que talvez pudesse ter feito mais, lutado mais por ela. Cada lembrança dela me corta feito faca, mostrando o que podia ter sido e não foi.

Mas ali, à beira do lago, com o balançar das árvores e o cantar dos passarinhos, encontro um pouco de paz. Sento, dedilho meu violão e deixo a música fluir, expressando toda essa mistura de tristeza, saudade, esperança e vontade de seguir em frente. A música se torna minha terapia, transformando a dor em algo bonito e significativo.

Apesar dos dias continuarem a passar, sinto que a dor da ausência de Isabela permanece enraizada feito beterraba em meu peito. Tô me esforçando pra manter a cabeça ocupada com trabalho, amigos e música, mas a dor continua aqui, teimosa que só ela. Por mais que eu tente, não consigo deixar o passado pra trás, lembrando o tempo todo dos momentos bons que passamos juntos.

Quando a noite chega e o silêncio aperta, me pego perdido nos pensamentos, imaginando como seria se as coisas tivessem sido diferentes, se nossos sonhos tivessem se realizado. Parece que arrancaram um pedaço de mim, deixando um vazio que não consigo preencher.

Os únicos que tentam me animar são meu irmão e a cunhada, que vêm todo domingo aqui em casa. Hoje, eles estão animados porque vamos tocar numa festa.

Meu irmão e a patroa têm sido meu ponto de apoio nesses dias difíceis, sempre prontos pra me levantar quando eu tô pra baixo. Hoje não é diferente. Eles chegam aqui com sorrisos no rosto, tentando espantar essa tristeza que me consome. A ideia de tocar na festa me enche de ansiedade e esperança, pelo menos por um tempo.

Enquanto a festa vai rolando e a galera se anima com nossa música, eu consigo sentir uma alegriazinha escondida lá no fundo.

De repente, quando menos esperava, lá está ela: a moça com ares de superioridade, chegando na festa. Não posso negar sua beleza estonteante; seus cabelos negros, lisos e reluzentes sugerem horas no chuveiro tacando produtos neles. É evidente seu gosto pela maquiagem, exibida com destreza em seu rosto, e seu traje revela uma silhueta valorizada e elegante: Camila.

É impossível ignorar a maneira como ela me encara, seus olhos fixos em mim como se eu fosse o centro do universo. Enquanto observo discretamente, percebo que ela não desvia o olhar, como se tivesse completamente hipnotizada por minha pessoa.

Com meu violão em mãos, solicito uma música para meu irmão ao meu lado, e ele concorda assentindo. Quero mostrar aquela mulher que to passando por uma fase difícil e não adianta nada ela ficar me paquerando.

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