★Gérson★
Tocando novas melodias
Eu tinha me esquecido do quanto gosto dessa vida de cantor, é como se tivesse asas, livre feito passarinho. Apesar de amar a roça, sinto uns horizontes novos se abrindo pra mim, umas oportunidade diferente. A música tem sido minha salvação para tantos dias tristes.
Resolvi compor uma modinha sobre o amor, e acabei me inspirando na Isabela, meu peito enche de saudade só de pensar nela. A melodia ficou tão tocante que mal posso esperar pra tocar em público.
Tamo tocano todo fim de semana em algum lugar, hoje fomos chamados pra tocar num casamento lá numa fazenda daqui das redondezas. Pensei que fosse encontrar Camila por aqui, mas depois daquele baita fora, jamais que iria dar as caras novamente.
Na verdade, nunca mais nos vimos ou nos falamos. Silvia me ligou contando que Camila apareceu na casa dela no dia seguinte do jantar, chorando e com suas unhas de plástico destruídas por ter lavado toda a louça do restaurante para pagar a conta da comida. Minha cunhada ficou feroz comigo, feito onça pintada, quando comecei a rir no telefone.
Dei graças a Deus quando ela disse que Camila nunca mais quer me ver. Na verdade, preciso arrumar alguém que me ajude a esquecer a Isabela, alguém de boa estirpe. Porque por mais que eu tente fugir, as lembranças dela sempre vêm à minha mente e me fazem sofrer pra caramba. Cada acorde do meu violão me lembra da solidão que ela deixou.
Enquanto meu irmão e eu tocamos na festa, a noiva resolve arremessar o buquê e fica bem lá na frente do palco onde a gente tá tocano e um monte de mulherada se empurra e se debate feito doida. É engraçado ver o tanto que elas se empolgam nessa brincadeira.
Mas uma delas chama minha atenção, ta meio afastada, só olhando elas brigando por causa de um punhado de flor. Nessa hora, ela me olha, me deixando meio sem jeito, até desafino a música que tava tocano.
Levanto meu olhar de novo pra ela, e a loira ainda tava me olhando, até abre um sorriso. Veste um vestido rosa e os cabelos arrumados num penteado bonito, só com as franjas soltas. Tão sozinha ali, fora da brincadeira, deve ser solteira.
No decorrer da festa, perco ela de vista, é uma pena, achei ela bonita por demais!
No finalzinho, quando já tava indo embora do sítio onde rolou o casório, indo pro carro do Chico, vejo ela, andando na mesma direção, junto com a Silvia e a filha, que tá dormindo no colo dela.
— Lindo casamento, não? — Diz minha cunhada, visivelmente encantada, conversando entre elas — Adoro casamentos!
— A noiva estava tão linda, né? — diz a moça, sem reparar na nossa aproximação.
Chico pega a Maria nos braços da esposa para ajeitá-la dentro do carro, numa cadeirinha, enquanto isso, troco olhares com a bela loira, que me cumprimenta educadamente com um sorriso.
— Gérson, essa é a Ana Paula, é nossa vizinha e babá da Maria.
— Tudo bem, Ana Paula? — estico a mão, ela pega.
— Tudo bem, e você? Nossa, vocês dois são muito bons, parabéns!
— Obrigado.
— Ah, a dupla "Cisco e Gé" ainda vai fazer muito sucesso, amiga! — Silvia se apressa em dizer, fazendo-a rir, eu aproveito e me deslumbro no sorriso perfeito que ela tem.
— Sim, nós vamos! — meu irmão retruca, — mas num vai ser com esse nome aí, não!
Ambas riem feito hienas, enquanto eu sigo ali, encantado com a beleza daquela moça. Ela parece ter uns dezoito ou dezenove anos, com um nariz miúdo e uma pele que mais parece porcelana. Fico até meio sem jeito quando os olhos dela, cor de mel, encontram os meus, e aqueles cílios compridos dão um toque especial ao olhar.
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Onde renasce o amor.
RomanceIsabela acorda em uma casa desconhecida de uma fazenda e se depara com pessoas estranhas. Ao não se recordar de absolutamente nada, descobre sua amnésia. Gérson a conhece muito bem, ela é seu grande amor do passado, porém possui um segredo no qual...