Capítulo 11

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Isabela★

O labirinto do passado

À medida que os dias se desenrolam, nossa rotina de encontros à beira do lago se torna um refúgio tranquilo em meio à agitação do mundo. Ali, envoltos pela serenidade das águas calmas e pela beleza da natureza ao nosso redor, encontramos um espaço onde podemos simplesmente ficar juntos, sem pressa, nem preocupações.

No entanto, numa tarde chuvosa, decidimos optar por ligar a televisão, buscando uma descontração diferente. Não sou muito de assistir televisão, mas a ideia de reviver memórias antigas ou descobrir algo novo parece tentadora naquele momento.

Escolhemos um canal aleatório, na esperança de que alguma programação despertasse nossa curiosidade ou me trouxesse uma sensação familiar. No entanto, fomos recebidos por uma sucessão de programas que parecem apenas preencher o vazio do tempo, sem oferecer nada de significativo. Os diálogos superficiais apenas reforçaram minha preferência pela quietude do lago e pela companhia genuína do meu amor.

Rosa, uma das gêmeas, chega com uma revista na mão e conversando comigo.

-Isabela, hoje mais cedo o Gérson levou minha irmã e eu pra a cidade e olha o que comprei.

Eu observo, é uma revista de moda. Pelo jeito, ela gosta do assunto.

- Cada roupa legal, né? - Eu comento com entusiasmo, enquanto ela folheia com animação para eu olhar.

- Sim, são muitos bonitas!

- Um dia ainda quero ter grana suficiente pra poder comprar roupas lindas assim! - respondo, dando uma risada.

- Ah, eu também.

- Meninas, acho que vou para o quarto tirar um cochilo. - Gérson diz, sonolento, e deposita um beijo no alto da minha cabeça antes de se retirar.

- Tá bom, mano. Olha esse vestido, Isabela! - ela cutuca a revista freneticamente.

- Sim, muito bonito.

Ela chega na sessão masculina e para numa página com um rapaz loiro vestindo uma roupa esportiva, ele chama minha atenção e pego a revista na hora para olhar melhor.

- Pegue essa, vou buscar mais! - Rosa sai rapidamente e me deixa concentrada ali, naquele homem. Eu o conheço, tenho certeza. É meu noivo! É meu noivo!

Enquanto observo a foto na revista, um lampejo de lembrança surge em minha mente. Vejo aquele rapaz nitidamente, elegante em um smoking cinza, se aproximando de mim com um sorriso radiante. Sinto a felicidade pulsar em meu peito ao vê-lo, e então ele gentilmente apanha minha mão e me rodopia suavemente. Nesse momento, percebo que estou vestindo um deslumbrante vestido rodado vermelho, combinando com meus saltos altos da mesma cor. Parece ser uma festa de formatura, mas não consigo recordar de quem. Será minha?

O sorriso dele é contagiante, mas suas palavras são substituídas por um beijo suave em meus lábios após o rodopio. É como se aquela memória estivesse tentando emergir das profundezas do meu subconsciente, mas algo a impede de se manifestar completamente.

Após a lembrança, uma sensação de tristeza súbita invade meu peito, como se estivesse diante de um quebra-cabeça incompleto, incapaz de encaixar todas as peças. Porque é tão difícil me lembrar da minha vida?

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