Onde renasce o amor.

Capítulo 28

★Gérson★

O coração insiste

Ao vê a Isabela de novo, meu coração deu um pulo no peito. Bastou uns segundinhos de olhar pra ela e já senti uma alegria danada dentro de mim, coisa que há muito tempo não sentia. Mas mexer com os sentimento que ainda guardo por ela, num é uma boa ideia. Num quero cutucar a ferida mais uma vez, nem remexer no passado.

Acho que o melhor que posso fazer por ela é deixá-la ir, mesmo que isso machuque. É difícil, mas preciso manter uma distância segura pra num causar mais dor nem confusão pra nós dois.

Enquanto meu pai tá dormindo feito um anjinho, fecho os olhos e vem a imagem dela na minha mente, ali na porta. Eu tava indo bem, seguindo a vida adiante, e aí ela surge de novo do nada pra bagunçar tudo? Amanhã, quando voltar pra casa, vou pedir pra Rosa ou Mira ficarem em meu lugar no hospital, agora que já têm 18 anos, pois dessa forma, poderei ficar longe de Isabela.

De manhã cedinho, arrumo minhas tralhas e, quando o Chico chega, já me mando. Tô até mais aliviado.

A vida no campo tem seus momentos de sossego e paz, sempre me ajudando a relaxar. Uma hora dessas, me pego escovando a Estrela, e a mente vai lá na Isabela. Era incrível como ela gostava de todos os bichos da fazenda, especialmente essa égua, e agora cada canto desse lugar parece ter um pedacinho dela.

Quando a noite cai, tô na varanda, olhando pras estrelas, pensando no que o futuro reserva pra mim. A vida parece que só tem sentido aqui na fazenda, sem a Isabela. Foi isso que ela escolheu, e agora preciso seguir em frente, mesmo que doa deixar pra trás a pessoa que já foi meu mundo.

O telefone toca lá dentro, e corro para atender. 

— Gérson, amanhã ocê vai vir pra cá! — É Zulmira e parece um pouco nervosa e tenta me dar uma ordem.

— Não, eu preciso cuidar da fazenda. Já te falei isso!

— Eu num quero ficar qui, cuido da fazenda no seu lugar.

— Mas por que, Zulmira?

— A Isabela, Gérson, ela tá qui! Ocê sabe que eu num gosto dela e parece que ela tá rodeando esse quarto o tempo todo!

Reviro os olhos impaciente.

— Eu pensei que o cê passou a gostar dela depois que ela salvou a vida de nosso pai.

— Eu gostei, mas depois desgostei por ela ter te largado de novo e te fazer sofrer de novo!

— Tá, então vou pedir para a Rosa. Só não me peça nenhum favor depois, ok?

— Ela num pode ficar também. O papai exige que seja ocê e Chico.

— Por quê?

— Vai saber? Coisa de véio! Vem logo, Gérson!

— Tá bom, eu vou! Eu vou!

— Traz o violão, o pai está pedindo! — Ela desliga o telefone na minha cara.

Respiro fundo sem paciência para essa minha irmã mal educada. E agora? Só porque não quero encarar aquela muié de novo, agora preciso ir!

Me arrumo todo e parto, mas o diacho é que a viagem até o hospital é uma danada de longa, são cinco horas de estrada! Chego lá nas matas da manhã, e quando entro no quarto dele, minha irmã beija a testa do véio e some.