Capítulo 3

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★Isabela★

Sentimentos perdidos

Enquanto cavalgo pelos campos, sinto a brisa no rosto e o sol quente me aquecendo, Gérson ficou para trás, me observando. A cada dia que passa, a sensação de que ele é familiar para mim, aumenta, mas não consigo me lembrar de como o conheci. É como se ele já fizesse parte da minha vida há anos e parece que ele conhece todos os meus gostos e costumes.

Eu me pergunto se ele foi um grande amor, ou apenas alguém importante para mim. Será que devo perguntar sobre nós? E se não houver nenhum "nós"?

Resolvo voltar e o percebo parado no mesmo lugar a me observar. Paro perto dele, que sorri e ergue o braço para me ajudar a descer. Sinto o coração acelerado. Chego no chão e encaro o rosto dele, nossos olhares se conectam como nunca. O que tem por trás desses olhos castanhos que me observam tanto, o tempo todo?

- E aí? Gostou?

- Eu adorei!

Nossos olhares continuam se cruzando, parece revelar um pouco mais o que somos um do outro. Ele foi um grande amor para mim?

- Fico feliz que tenha gostado. - Ele responde, seu sorriso iluminando seu rosto. - Cê parece tão à vontade montando, como se fosse algo natural, sabia?

Suas palavras me fazem sorrir por um momento. Esse olhar sobre mim é tão profundo, queria tanto decifrá-lo.

É tão frustante não conseguir me lembrar de nada! Mas eu não tenho coragem de perguntar o que fomos no passado, acho que ainda falta intimidade para isso.

Ele permanece ali, me olhando, eu me afasto, soltando um suspiro de frustação.

- Agora preciso ir, preciso descansar um pouco, vou me recolher.

- Ué? Tá tudo bem? - ele parece preocupado com minha mudança repentina.

- Sim, está. Só estou cansada, até depois. - sigo para o meu quarto.

Deitada sobre a cama, sinto minha mente ainda em branco. O que adianta tentar me lembrar de Gérson se o mais importante ainda não sei? Olho para a aliança em meu dedo e sinto um aperto no coração. Quem é o meu noivo? E minha família, onde está? Por que ninguém me procura?

Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto tento entender tudo isso. Tudo é tão torturante para mim!

Escuto a porta do quarto abrir e alguém se aproximar.

- Isabela, tá tudo bem, fia? - É dona Glória, entrando de mansinho.

- Não, não está. - Respondo, com a voz embargada. - Faz tanto tempo que moro aqui e nada acontece. Eu me sinto tão sozinha e perdida! Quero me lembrar de mim! Isso é tão angustiante...

Ela se senta na beirada da cama, e tem um olhar doce.

- Eu sei que é difícil, mas cê precisa se forte neste momento. Cê tem a gente agora. Nós vamos cuidar do cê, tá? até melhorar.

Assinto, tristonha.

- Obrigada, Sra. Silveira. Mas...

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