★Gérson★
Meu próximo chiclete
Depois de um dia suado de labuta, chego em casa, e Zulmira, a fia mais prendada, já preparou um jantar de dar água na boca. Não perco tempo e encho a pança logo, só pra depois meter o corpo num banho quente e tirar um tempinho pra ler o livro da Isabela, antes que o cansaço me pegue de jeito.
Tô atolado até o pescoço nos trampo da fazenda, tenho que dar conta de tudo na ausência de meu pai. Minhas irmãs e minha mãe tão dando um jeito nas outras coisas, até fazendo as tarefas que eram minhas, mas mesmo assim, tô aqui, carregado de serviço até a tampa.
Me esparramo na cama feito um gato preguiçoso e abro o livro onde parei. Mal comecei, preciso adiantar logo a leitura ou a Isabela pode achar que tô desinteressado.
" Conforme fui recuperando a memória, os sentimentos que antes pareciam confusos foram se clareando para mim. Lembro de momentos em que eu ficava extremamente indecisa sobre o que sentir ou como agir em relação a pessoas que eu conhecia ou amigos próximos, mas que agora pareciam estranhos para mim. Era como se eu tivesse perdido toda a minha referência afetiva e emocional.
Pude perceber que sempre tive uma conexão muito forte por uma pessoa. Aos poucos, percebi que o que sentia por ela não era apenas uma admiração ou uma gratidão. Era amor. Um amor forte, profundo, que eu não havia reconhecido antes por estar tão focada em outras coisas da minha vida. A amnésia me fez ver as coisas com uma nova perspectiva, e agora tenho a certeza de que amo de verdade. Um amor que parece ter renascido com o tempo e à amnésia, e que só se fortaleceu com o passar dos dias."
Largo o livro aberto sobre meu peito. Tenho certeza de que ela tava falando de mim neste trecho! Sinto que sou eu. Quem mais seria? Fecho os olhos para pensar nela e imaginar seu rosto bonito. Poxa, achei essa parte tão bonita...
Acordo de supetão. Virei a noite e nem reparei, tenho que ir pro hospital! Me ergo e arrumo minhas tralhas, inclusive o livro, quero descobrir mais sobre Isabela.
Tomara que meu pai num precise esperar tanto pra ir embora, coitado, ele já tá há dias de molho. Também é um saco viajar pra tão longe quase todos os dias pra mim, e haja gasolina! Por outro lado, ver Isabela não é nada mal... Abro um sorriso sem querer, eu ainda a amo, acho que nunca vou deixar de amá-la.
Chegando lá, meu irmão diz que precisa voltar pro trampo antes que seja chutado pra fora. Ele nunca faltou tanto assim. Agora terei que ficar só eu aqui.
Meu pai tá firme e raramente tá acordado e proseando como hoje. Ele fica todo faceiro quando a doutora Renata entra no quarto, pois é bem atenciosa com ele. Mas pensei que Isabela estaria junto, mas nem sinal dela.
- Parabéns seu Amarildo! O senhor está melhorando muito, cada dia mais próximo para ir embora! Está feliz? Quer ir embora logo? - ela diz, toda simpática e sorridente.
- Claro né, doutora! Muitíssimo feliz!
- Eu também, meu pai já não guenta mais ficar neste hospital. Né, pai?
- Num vejo a hora de ir embora. Tenho previsão de alta, doutora?
- Por enquanto não, já que o senhor precisa ficar em recuperação e em observação aqui, também precisa fazer mais um pouquinho de fisioterapia pulmonar.
A conversa continua com a doutora Renata explicando sobre essa fisioterapia e sobre os medicamentos que deve tomar, depois vai embora. Nós dois ficamos no quarto esperando o tempo passar.
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Onde renasce o amor.
RomanceIsabela acorda em uma casa desconhecida de uma fazenda e se depara com pessoas estranhas. Ao não se recordar de absolutamente nada, descobre sua amnésia. Gérson a conhece muito bem, ela é seu grande amor do passado, porém possui um segredo no qual...