Capítulo 1

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Isabela★

A fazenda dos Silveira


Meus olhos tremem ao abri-los devagar e vejo uma mulher idosa usando um coque bem grande e grisalho a me observar preocupada, suas bochechas rosadas aumentam de volume ao sorrir. Como se não me importasse com o que vejo, fecho meus olhos serenamente.

Ei, espera, quem é essa mulher?

Assustada, eu os abro mais uma vez, ela percebe que acordei e sorri largamente.

- Amarildo! Ela acordou! Amarildo! - A mulher grita e corre para fora do quarto, totalmente exasperada.

Confusa, ergo-me na cama, minha mente está turva e minha cabeça latejando. Meu olhar vaga pelo modesto, porém acolhedor, quarto. Uma cômoda rústica ocupa um canto, enquanto a luz fraca filtra-se através da janela fechada e do abajur. É então que percebo meu braço imobilizado em uma tipoia.

Como vim parar aqui? O que aconteceu comigo?

- Ah, ocê acordou, finarmente! A gente tava tão preocupado! - Um homem magro e também idoso, exclama, enquanto corre para dentro do quarto com a esposa.

- Onde... eu... estou? - Pergunto hesitante, minha voz sai rouca e fraca.

- Cê tá na minha casa, fia! Meu marido e meu filho te encontraram no meio da estrada!

- Não sabíamos o que fazer, então trouxemos o cê pra cá. - O marido completa.

Eu franzo a testa tentando me lembrar, mas é como se minha mente estivesse em branco. Começo a me desesperar, chorando.

- Mas eu não me lembro de nada!

A mulher se aproxima mais e se senta na beirada da cama comigo.

- O médico disse que o cê teve um acidente e perdeu a memória. - ela explica, olhando meus olhos, suas sobrancelhas torcidas de preocupação.

- Perdi a memória? - Sinto mais lágrimas brotarem em meus olhos. Incrédula, coloco a mão sobre a cabeça sensação de desespero é opressiva. - Como assim perdi a memória?

- Sim. Ele também disse que pode voltar ao normal com o tempo. Pode ficar sossegada! - ela concluí, mas suas palavras não causam efeito nenhum diante do impacto da situação. Minhas mãos tremem e eu não consigo parar de chorar. Ao ver que ainda estou desesperada, a mulher me abraça, tentando me confortar quando caio em prantos.


- Num se preocupe, não... cê tá segura aqui conosco. Meu nome é Glória, e este é meu véio, Amarildo. Nós vamos cuidar do cê até que se recupere.

- Não, eu quero ir embora! Onde está minha família? Devo ter uma família me procurando, ou amigos!

Posso parecer ingrata, mas estou tão aflita, que nem me importo se minhas palavras soaram rudes.

Eles negam a cabeça, me fazendo entender que não sabem. Mesmo com o abraço dela, não consigo me confortar e continuo a chorar.

- Acho melhor deixarmos ela um pouco sozinha, meu véio, para ela raciocinar - Glória sussurra para o marido, ele assente, concordando.

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