𝐖𝐈𝐋𝐋 𝐆𝐑𝐀𝐘𝐒𝐎𝐍 𝐈𝐈𝐈, devil's night

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𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑 @bellexrz @MariaEsmeralda119 @dixxxya

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Movimentei a tesoura de poda e arredondei um pouco mais meu pequeno bonsai. A jardinagem foi um dos meios que encontrei para seguir em frente depois da morte dos meus pais. A única família que eu ainda tinha era a minha avó, mas ela passava mais tempo viajando do que em casa. Sempre odiei ficar sozinha, mas consegui encontrar conforto nas plantas e flores, alguns até podem achar que flores são insignificantes, mas elas são as responsáveis por levar cores, aromas e beleza para os lugares, sem elas o mundo seria monótono.

Demorou um pouco, mas depois de um ano minha estufa estava completamente cheia com muitas espécies diferentes. Minhas favoritas eram as rosas negras, era interessante assistir elas escurecendo com o passar dos dias. Inicialmente, as pétalas são vermelhas, mas conforme o tempo passa vão escurecendo, até ficarem pretas de fato. São extremamente raras e, apesar da beleza impressionante, significam literalmente a morte. Minha avó nunca entendeu porque essas, em específico, chamavam tanto a minha atenção, mas era muito simples; as rosas negras representam o que eu sinto sobre o acidente dos meus pais, a cor representa a morte e os espinhos representam a dor, que, apesar de tentar podar, a marca deles sempre vai estar ali, e é assim que me sinto, posso até viver normalmente, mas a dor nunca passará.

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Corta, corta e corta.

— Me desculpe por incomodar — a cozinheira da casa, que era a única funcionária que ainda estava ali, entrou na estufa. — Só passei para perguntar se precisa de algo? Se não, já estou indo embora.

— Pode ir então, aproveite seu fim de semana. — Deixei a tesoura de poda de lado e subi um pouco mais as mangas do meu cardigan, o clima estava esquisito em Thunder Bay, o céu estava nublado e provavelmente caíria uma tempestade no fim de tarde.

— Obrigada — ela se virou para sair, mas então parou e encarou minha silhueta por alguns segundos. Quando pensei que ia dizer algo, ela finalmente se virou novamente e saiu, me deixando totalmente sozinha na mansão enorme.

Depois de mais alguns cortes, tirei as luvas e peguei o pequeno vaso de bonsai, levando-o até a prateleira de madeira para colocá-lo com os outros. Reguei um de cada vez e quando finalmente terminei, acabei notando uma silhueta enorme próxima ao canto onde as rosas ficavam. Encontrar Damon parado ali me surpreendeu porque, apesar de sermos próximos, ele raramente aparecia na minha casa. Ele tinha um sorriso estranho no rosto e aquilo fez uma pequena faísca de medo me possuir de repente.

— Vamos dar um passeio, garotinha. — ele disse antes que eu pudesse fazer perguntas.

— Ficou louco? — Apesar da distância, o cheiro de cigarro que emanava dele me atingiu em cheio, felizmente o cheiro das flores aliviou um pouco o odor de nicotina.

— Ainda não — rebateu. — Mas se eu tiver que ouvir o Will fazendo drama sobre você mais uma vez, talvez eu fique. Vai vir comigo ou não? — Não respondi a pergunta, apenas fiquei parada. — É... acho que isso é um não. — Damon veio até mim, me obrigando a dar passos para trás e, sem perceber, acabei trombando em alguém. Inclinei a cabeça para trás até encontrar Michael bem ali, como não vi ele antes?, pensei. — Me desculpa, garotinha.

Tudo aconteceu tão rápido que nem tive oportunidade para agir, Damon colocou um saco preto na minha cabeça e depois Michael me agarrou e me jogou sobre os ombros largos. Eles andaram por alguns minutos e então ouvi a voz de Kai, perguntando porque demoraram tanto e se eu tinha batido em algum deles. Fui colocada na parte de trás de um carro e então finalmente começamos a nos mover. Até tentei tirar o saco preto, mas Michael prendeu minhas mãos com as suas, me impedindo de fazer qualquer movimento.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, universo literário [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora