𝐁𝐄𝐍𝐄𝐃𝐈𝐂𝐓 𝐁𝐑𝐈𝐃𝐆𝐄𝐑𝐓𝐎𝐍, bridgerton

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𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑 

A água quente da banheira hexagonal irradiava uma tonalidade cálida, iluminada pelas chamas bruxuleantes das velas dispostas ao seu redor. Os reflexos na superfície líquida, repletos de sabão, me deixavam hipnotizada. Algumas gotículas escorriam pelos meus ombros, enquanto alguns fios de cabelo, presos em um coque no alto da minha cabeça, permaneciam grudados na nuca devido à umidade.

Da pequena janela lateral do banheiro, eu vislumbrava o céu noturno adornado por estrelas, enquanto a lua derramava sua luz suave, se mesclando à luminosidade das velas. Uma harmonia de tons azuis e laranjas inundava o ambiente que, somadas ao calor da água, me deixavam totalmente confortável.

O som dos movimentos na trepadeira ao lado da janela do quarto me despertou, fazendo meus olhos abrirem. A porta entreaberta trouxe consigo o vento frio, que invadiu o banheiro juntamente com o Bridgerton pelo qual eu estava perdidamente apaixonada.

Benedict estava ali, de pé, completamente vestido, até mesmo com um lenço adornando seu pescoço, acompanhado por um broche prateado. Seu olhar percorreu o espaço meticulosamente, parando sobre o pequeno anjo de porcelana que decorava um dos cantos da banheira. Depois foram até o teto, que também tinha decoração em porcelana, mas eram rosas cor de rosa, que faziam um círculo acima da banheira, além dos pilares que iam do chão ao teto.

A banheira ficava ligada no chão e o exterior era coberto de azulejos brancos. Qualquer pessoa acharia feio, fora dos padrões, mas Benedict gostava. Até dizia que eu tinha um olhar artístico pela forma que decidi decorar meu quarto.

Meu corpo reagiu à presença dele, uma sensação sutil de eletricidade percorrendo minha espinha, enquanto minhas costas se arqueavam na água morna. Seus olhos, tão intensos quanto a chama das velas que nos iluminavam, encontraram os meus.

— Pensei que não viria, Bridgerton.

As luzes azuis e laranjas, banharam seu rosto, realçando os traços que pareciam ter sido meticulosamente esculpidos pelo mais talentoso dos artistas. Um sorriso curvou seus lábios, trazendo à tona toda a graça e charme que só ele possuía.

Um tremor dominou meu coração, e eu sabia que estava completamente perdida.

Estava completamente e loucamente rendida por Benedict Bridgerton.

— Nunca te deixaria sozinha — ele se aproximou — essa é a nossa tradição semanal, você sabe.

Benedict se acomodou em um pequeno banco de madeira ao lado da porta, desdobrando com cuidado um punhado de papel e pegando seus materiais de desenho de uma bolsa de couro. Seu olhar percorreu cada detalhe do meu corpo, como se estivesse registrando em sua memória para a eternidade.

Um silêncio nos envolveu, mas não era desconfortável; ao contrário, era como se estivéssemos conectados.

O som suave do carvão riscando o papel preencheu o ar, ecoando como uma melodia suave em meus ouvidos. As chamas das velas dançavam, lançando suas sombras sobre minha pele e cabelo semi-preso. Submersa na água, senti minhas unhas cravarem em minhas coxas. Meus dentes pressionaram meu lábio inferior, enquanto eu me deixava envolver pelo momento.

Depois de um tempo, as mãos de Benedict finalmente cessaram seus movimentos. Com uma delicadeza quase reverencial, ele ergueu o pedaço de papel diante de si, contemplando-o como se fosse uma obra-prima. Ao girar a folha na minha direção, pude vislumbrar o trabalho excepcional que havia realizado. Meu rosto, cada detalhe da minha posição na banheira, a água que me envolvia e até mesmo os ornamentos do banheiro estavam capturados de forma impecável. Benedict, sem dúvida, tinha talento.

— O que acha? — ele perguntou, com um brilho de expectativa nos olhos.

— Você realmente é bom nisso, Bridgerton — respondi, maravilhada.

Um sorriso radiante iluminou novamente seu rosto, e o impacto disso ecoou profundamente dentro de mim, como um segundo golpe no coração, em questão de poucas horas.

A água já estava fria quando apoiei meus braços cansados na borda da banheira, permitindo que minha cabeça descansasse sobre eles. Os movimentos suaves não passaram despercebidos por Benedict, que abandonou os materiais de desenho com rapidez, se despindo sem hesitação até que estivesse nu diante de mim. Não era a primeira vez que nos encontrávamos assim.

Com passos lentos, ele se aproximou, se deixando afundar na água ao meu lado. Minhas mãos buscaram imediatamente o calor de seu rosto, acariciando a pele suave antes de se enroscarem em seus cabelos escuros, uma característica inconfundível de um Bridgerton.

Com um impulso, subi em seu colo, unindo nossas bocas. Meu corpo agiu por instinto, encontrando o dele, como sempre fazia.

Nossa conexão era tão profunda que parecia transcender os limites do entendimento humano. Conhecíamos os desejos um do outro tão bem que cada toque, cada movimento, era uma avalanche de sentimentos. Quando as mãos de Benedict encontraram a curva da minha cintura, um calor intenso irrompeu em meu interior, me inundando com uma sensação que quase rasgava meus ossos.

O ar ao nosso redor parecia denso, enquanto a água fria da banheira contrastava com o fogo dos nossos corpos.

Se alguém nos visse naquele momento, minha vida e reputação estariam arruinadas para sempre. Benedict, apesar de suas declarações amorosas, não parecia disposto a se comprometer com um casamento convencional. Seus desejos o levavam para longe, em busca de experiências e aventuras, enquanto eu preferia a estabilidade e segurança de Londres.

Era deprimente, a forma que eu sempre me entregava, de como eu precisava dele para me sentir completa. Por que precisava tanto dele para ser feliz? É isso que o amor faz com as pessoas?

— Mova-se — ele sussurrou, quebrando meus devaneios.

E, sem hesitação, eu obedeci.

O único som que podia ser ouvido era o ritmo dos nossos corpos se encontrando, enquanto a água da banheira ondulava ao nosso redor, imitando a fúria de um mar agitado. Sussurros escapavam de nossos lábios entre os gemidos abafados, e agradeci silenciosamente por meu quarto ficar no final do corredor, afastado o suficiente para que ninguém fosse capaz de nos ouvir.

Os minutos seguintes foram uma sinfonia de sensações: mordidas nos ombros, mãos explorando cada curva dos meus seios, beijos ardentes deixados ao longo do meu pescoço, puxões suaves em meu cabelo e a penetração constante que nos mantinha unidos.

Quando finalmente chegamos ao limite, permanecemos abraçados. O perfume do corpo de Benedict inundou meu nariz, me fazendo fechar os olhos e saborear o momento como se fosse o último, porque talvez realmente fosse.

— Vou partir de Londres em algumas semanas — Benedict revelou, seus olhos encontrando os meus com um brilho de culpa.

Eu já sabia de seus planos, o escutei em uma conversa com seu irmão mais velho, enquanto visitava Daphne. Ele não me viu, concentrado demais em sua poltrona luxuosa para prestar atenção do lado de fora do escritório.

— Vou me casar com o Conde de Berkshire — respondi.

De repente, a bolha de amor em que estávamos imersos pareceu estourar. Benedict reforçou o aperto em minha cintura e fechou os olhos com força. De alguma forma, eu soube que qualquer sentimento que um dia existiu entre nós havia sido destruído ali mesmo.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, universo literário [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora