𝐏𝐄𝐑𝐂𝐘, pjo

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𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑 @Cristal007bakudeku 

Os movimentos flutuantes do Princesa Andrômeda estavam me deixando mareada, de novo. Era a quinta vez que eu me perguntava como acabei nessa situação e em como deixei Luke me manipular. Se pudesse voltar no tempo e mudar minhas escolhas, eu certamente o faria, mas agora já era um pouco tarde para isso. Encarei o teto do quarto e nem me dei ao trabalho de olhar para o lado quando a porta abriu bruscamente.

— Percy e os outros estão fugindo, venha logo — Chris Rodrigues, um dos seguidores de Luke, berrou e correu para fora em seguida. Respirei fundo antes de finalmente levantar da cama e ir atrás dele.

Diversos semideuses estavam espalhados pelo navio, disparando flechas e pegando armas. Annabeth, Tyson e Percy passaram correndo por um corredor em direção ao deque aberto com alguns botes salva-vidas. Dois monstros passaram por mim segurando suas espadas indo na mesma direção, fui atrás deles e encarei Luke, que observava a situação parado em um andar acima do nosso.

Os três pularam em um dos botes e então uma ventania repentina surgiu da mão de Percy, não sabia como ele estava fazendo aquilo, mas nem tive tempo de pensar sobre isso porque, por engano, um dos monstros acabou errando um golpe e acabou acertando uma cotovelada no meu rosto. Por estar perto da borda do navio, acabei escorregando e tropeçando no corrimão, caindo na água em seguida. Meu rosto estava queimando pela dor do golpe e meus pulmões começaram a arder quando a água invadiu minha boca e meu nariz, não estava conseguindo respirar. Pude ouvir Luke gritar meu nome antes de uma enorme onda me levar para longe dali. 

Minha visão escurecia mais a cada segundo e eu continuava falhando miseravelmente na tentativa de respirar. Jamais passou pela minha cabeça que meu fim seria desse jeito, mas aceitaria isso sem nenhum problema. A vida de um semideus era complicada, tínhamos que fugir o tempo todo porque sempre tinha algo ou alguém querendo nos matar. A morte não seria tão ruim assim, no fim das contas. Afinal, eu já estava cansada de fugir.

— Acha que ela está morta? — Um garoto perguntou. Não reconheci a voz, então deduzi que não fui resgatada e levada de volta ao navio.

— Claro que não — uma voz feminina resmungou em resposta.

Abri os olhos lentamente e virei o rosto ao me deparar com a luz do sol. Eu não estava morta, a situação era ainda pior que isso, fui resgatada por Percy e seus amigos. Tombei a cabeça para trás em frustração, talvez essa fosse a solução que tanto pedi aos Deuses nos últimos dias, então porque eu não estava feliz com isso? A resposta para essa pergunta era um garoto de olhos azuis que me encarava curioso, Percy Jackson. Não conseguia lembrar o motivo, mas o filho de Poseidon e eu não conseguimos nos dar bem desde o primeiro minuto que nos conhecemos. Apesar de tudo, ele me salvou da morte e eu passei o resto da missão me perguntando o porquê.


6 anos depois

Enquanto os elmos azuis e vermelhos eram distribuídos, Percy se aproximou de mim sorrateiramente sem que os outros campistas pudessem notar. O jogo que eu mais gostava estava prestes a começar e pela primeira vez estávamos em times iguais em uma atividade de equipe.

— É a primeira vez que eu vejo o chalé de Ares se juntar ao meu em um caça a bandeira — disse Percy, antes mesmo de eu ter a oportunidade de abrir minha boca. — Pensei que não voltaria mais, desistiu da faculdade?

— Sabe muito bem que ser advogada é uma fantasia da minha mãe, não minha. — Reviro os olhos. — Acho que esse é o meu castigo por nascer em uma família de advogados — finjo limpar uma lágrima inexistente na bochecha. — O que você quer, hein? — pergunto depois de pegar um elmo com crista vermelha.

— Vamos fazer uma aposta — observo enquanto ele pega um elmo igual ao meu — quem perder o caça a bandeira faz o que o outro quiser, pode ser qualquer coisa. — Diz, inocente.

— Nós estamos no mesmo time, idiota. — Apontei o óbvio. — Sabe, às vezes eu me pergunto se existe um cérebro dentro do seu cabeção.

— Eu realmente não tinha pensado nisso, esperava que ficássemos em times opostos mais uma vez — ele parecia chateado e pensativo agora, não fazia ideia do que ele havia planejado, mas claramente deu tudo errado.

— E você pensa, Jackson? — Ele estava prestes a me responder, mas um apito soou e o deixei para trás, entrando no meio da floresta com os meus irmãos.

— Acho que vou mudar de time, então — ele gritou de longe e deixou o elmo vermelho de lado, pegando um azul. — Sou apenas um, então não vai fazer diferença no time.

— Faça o que quiser, Jackson — rebati, me afundando ainda mais na floresta.

Minha relação com Percy mudou muito nos últimos anos. Sempre que eu me metia em encrenca ou estava prestes a morrer, o garoto aparecia e me ajudava. Nunca entendi o porquê e nunca tive coragem para perguntar, mas essas atitudes amoleceram meu coração em relação a ele e alguns sentimentos que eu odiava nutrir acabaram nascendo. Ninguém sabia disso, todos no acampamento pensavam que eu o odiava e preferi deixar a situação assim. Clarice, uma das minhas irmãs, faria muitas piadas se descobrisse, já que eu sempre garanti que jamais me apaixonaria por ele. Além disso, eu tinha medo que os sentimentos não fossem recíprocos, então guardei tudo para mim.

Meu time se dividiu em cinco grupos, cada um com uma missão diferente. O meu grupo era o menor, com apenas três pessoas. Nosso objetivo era causar uma distração para que a atenção do time azul se desviasse por tempo o suficiente para que eles caíssem na nossa emboscada. Foi difícil convencer Clarisse, mas como os filhos de Atena estavam no time azul não podíamos agir de qualquer maneira e sem um bom plano.

— Ei — um dos meus irmãos me chamou — pode ir agora, vá pela esquerda, nós dois ficamos aqui para garantir que a emboscada vai funcionar. O time azul está espalhado pelo meio e pelo lado direito, então o lado esquerdo é o caminho mais tranquilo. — Ouvi tudo atentamente e peguei duas adagas. — Clarisse disse que a bandeira deles está no rio, parece que Percy fez alguma coisa na água, pode ser uma armadilha, então tome cuidado. Ela também está indo até lá. Você vai ser a distração enquanto ela pega a bandeira deles.

— Eles nunca deixariam o lado esquerdo tão desprotegido, deve ter alguma armadilha lá — rebati.

— Só faz o que a Clarisse pediu, tá? — Rosnou em resposta e me deixou sozinha.

Respiro fundo e começo a correr pelo lado esquerdo. A primeira armadilha me pegou depois de dois minutos, várias adagas pequenas foram lançadas em minha direção e fui obrigada a me esconder atrás de uma árvore. Engatinhei pelo chão de terra e derrubei um filho de Atena, esperei apenas alguns segundos até que um filho de Afrodite apareceu para ajudá-lo e também o derrubei. Sorri vitoriosa e corri novamente, faltava pouco até chegar ao rio, mas um pequeno barulho acabou desviando minha atenção por um curto momento e foi o suficiente para eu cair em uma armadilha. Só percebi que fui pega quando fiquei pendurada de ponta cabeça em um dos galhos de uma enorme árvore. Me rebati e tentei cortar a corda grossa, mas não adiantou, o esforço só estava me cansando.

— Parece que você pisou no lugar errado — disse Percy, apoiado no tronco de outra árvore e me encarando com diversão no rosto. Sua espada estava jogada sobre um de seus ombros.

— É mesmo? — Me esforcei para olhar ao redor. — Eu não reparei.

Consegui ouvir gritos de comemoração ao longe e em seguida um grito de ódio que deduzi ser de Clarisse. Respirei fundo e me debati novamente, tentando me soltar. Percy veio até mim e segurou meu rosto.

— Me solta logo — berrei.

— Acho que isso significa que eu ganhei a aposta — ele aproximou o rosto do meu. — Já percebeu que eu sempre te salvo quando está com problemas? Se isso fosse um conto de fadas eu seria seu príncipe encantado, não acha? — Revirei os olhos em clara desaprovação ao comentário e então ele me beijou. Um dos braços dele circulou minha cintura e então ouvi a corda sendo cortada, Percy me segurou e quando coloquei os pés no chão ele me empurrou contra o tronco da árvore e me beijou novamente, dessa vez foi um beijo mais demorado que o anterior. — Para de fingir que não sente nada por mim, tá legal? Porque eu parei com essa farsa faz tempo. — Finalizou e saiu sorrindo, me deixando sozinha e com uma Clarisse furiosa caminhando em minha direção.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, universo literário [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora