𝐀𝐍𝐓𝐇𝐎𝐍𝐘 𝐁𝐑𝐈𝐃𝐆𝐄𝐑𝐓𝐎𝐍, bridgerton

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𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑 @leticiacosta668 @lunaesthe

Anthony estava no canto da sala, tremendo como um rato acuado.

Apesar de suas tentativas de afirmar estar bem, eu percebia claramente a falsidade em suas palavras. Cada músculo de seu rosto parecia tenso, evidenciando sua irritação em vincos na testa e nas sobrancelhas densas e escuras. Seus passos agitados ecoavam pela sala, como se estivessem à beira de abrir um abismo no chão.

— Por que não se senta? — sugiro, observando-o enquanto ele usa um lenço branco para limpar o rosto e o pescoço.

Anthony vinha demonstrando essa inquietação desde que nossa filha mais velha debutou e foi escolhida como o diamante da temporada. Desde então, a entrada da nossa casa se tornou um ponto de encontro para uma fila interminável de pretendentes, logo pela manhã.

Essa situação estava claramente perturbando-o, minando sua tranquilidade, levando-o à beira da loucura.

— Parece que a nossa filha é a única mulher disponível neste lugar. — Falou Anthony, quebrando o silêncio pela primeira vez desde que entrou na sala. — Os bailes sempre estão cheios de jovens ansiosas por casamento, então o que é que todos esses abutres estão fazendo na porta da nossa casa? Eles trazem um pequeno buquê de flores e acham que isso é o suficiente para conquistar nossa menininha?

— Anthony — começo, rindo — ela não é mais sua menininha, precisa aceitar isso. E qual é o problema dos buquês? Você também não foi muito impressionante quando começou a me cortejar. Sempre trazendo flores e mais flores.

O visconde se virou em minha direção como um furacão, incrédulo com o meu comentário. Seus olhos escuros estavam arregalados, em uma mistura de surpresa e indignação, enquanto seus lábios entreabertos denunciavam sua perplexidade. Se eu não soubesse que ele já estava irritado demais logo pela manhã, com certeza teria rido dele e de sua postura.

— Está dizendo que não fui capaz de impressioná-la? — ele se aproximou, colocando ambas as mãos na cintura, sua expressão cheia de desafio. — Como não pude ter sido capaz?

— Não estou dizendo que não me impressionou, estou apenas recordando que você não foi surpreendente no início. Claro que, com o tempo, você se superou, ou então não teria me casado com você. — Respondo, tentando manter um tom leve.

— Não teria se casado comigo? — Ele repetiu, com uma nota de urgência em sua voz, como se aquela ideia o incomodasse profundamente.

O tom com que sua voz ressoou pela sala foi tão repleto de indignação que me vi obrigada a morder com força o lábio inferior para conter uma risada alta, mas após alguns segundos foi impossível resistir. Anthony apenas me observou, seus olhos fixos em mim enquanto uma risada escapava e minhas costas dobravam para frente, em direção ao meu colo onde um livro descansava.

O Bridgerton ajustou o lenço em seu pescoço, mas agora parecia estar encontrando dificuldade para respirar. Seu rosto estava tomado por uma vermelhidão que só eu conseguia provocar, e isso fez meu coração acelerar dentro do meu peito.

— Pare de brincar, estamos enfrentando problemas sérios aqui. Você não vê? Nossa filha está correndo perigo enquanto você está aí, rindo do pai dela.

— Anthony, se acalme. Você é pai, é natural sentir ciúmes da sua menininha, mas ela não vai estar aqui para sempre. Precisa entender isso.

— Por que ela precisa se casar agora? Algumas mulheres só se casam depois dos 30.

— Anthony Bridgerton, não me irrite!

— Certo, certo. — Ele cedeu, sentando-se ao meu lado.

A porta se abriu e um dos pretendentes adentrou. Era um conde, que já havia vindo anteriormente e prometido retornar para uma conversa. Ele era bonito e tinha idade aproximada a de nossa filha, além de aparentar ser um cavalheiro.

— A que devo essa visita? — Anthony perguntou, me fazendo cutucá-lo.

— Peço desculpas pelo comportamento dele. Tudo isso o deixa nervoso. — dirigi-me ao conde com um sorriso ameno. — Então, por que não se senta e nos conta um pouco sobre os seus interesses enquanto esperamos pelo chá?

— Por que escolheu nossa filha entre todas as damas da sociedade? — Anthony, mal conseguindo conter sua impaciência, interrompeu abruptamente.

O conde pareceu surpreso com a pergunta direta, mas antes que pudesse responder completamente, Anthony o cortou com uma ameaça implícita:

— Se pretende se casar, é melhor ter certeza do que está fazendo, caso contrário, conhecerá o chumbo da minha arma.

Meu susto se transformou em indignação diante da ameaça descabida.

— Anthony! — exclamei, desta vez sem conter minha frustração. Diante do rubor repentino do conde, dei outro cutucão em Anthony, que se calou, permitindo-me tomar a frente da situação.

Depois de quase uma hora de conversa, o conde finalmente partiu. Ele era um jovem agradável, educado e bem formado, com intenções positivas sobre um possível casamento.

— Eu o odiei. — A voz de Anthony soou assim que ele avistou a carruagem do conde se afastando da nossa casa. Havia passado alguns minutos desde que ele estava na janela, de pé, esperando ansiosamente que o pretendente partisse e torcendo para que nunca mais voltasse.

— Anthony, é o décimo quinto pretendente que você diz odiar. — finalmente levantei, me aproximando dele. — Eu o achei excelente. Muito melhor do que qualquer outro que tenha passado por aqui nos últimos dias. E esta já é a terceira vez que ele aparece por aqui.

— Continuo não gostando dele.

— Mas a sua filha gosta. — finalmente deixei escapar a informação que vinha guardando há semanas.

— Do que está falando? — agora ele realmente parecia ter levado um golpe.

— Antes que ela debutasse, você me disse que queria para ela exatamente o que nós temos. Você queria ver amor nos olhos dela, queria vê-la feliz. Eu também quero isso, e sei que este jovem pode proporcionar isso a ela. — Cruzei os braços, mesmo sabendo que seria considerado indelicado. — Se não tivesse perdido tanto tempo tentando afastar todos os outros pretendentes como um maníaco, você teria notado que nossa filha está apaixonada.

— Como eles se apaixonaram? Pelo que eu sei, eles se viram apenas cinco vezes.

— Anthony, você se apaixonou por mim na primeira vez que me viu.

— Isso é diferente — ele sinalizou entre nós. — Você, você... É tudo. Você significa tudo. Eu não conseguiria respirar se não a tivesse comigo. Seria capaz de desafiar qualquer um para um duelo por você. — ele disse cada palavra rápido demais, como se pensasse que iria me perder, que eu iria sumir, ou como se tivesse se esquecido que tínhamos quatro filhos e éramos casados há vinte anos.

— Você continua adorável. — Comento, vendo-o corar ainda mais, mas percebendo seu nervosismo diminuir e um leve sorriso brilhar em seu lindo rosto. — Acredite em mim quando digo que os dois realmente se gostam. — Aproximei-me, colocando ambas as mãos em seu rosto. — Eu sei identificar bons homens, caso contrário, não teria me tornado a viscondessa Bridgerton.

— Certo, vou ter outra conversa com ele. — Ele finalmente cedeu.

— E tente não matá-lo durante o processo.

— Não me faça pedidos tão complicados, meu amor.

Anthony se aproximou, segurando minha cintura com firmeza enquanto distribuía beijos pelo meu pescoço, sua outra mão quase estragando meu penteado no processo.

— Talvez ainda possamos aumentar a família, se me presentear com outra menina, talvez eu esteja mais preparado para a partida da nossa primogênita.

— Vai sonhando, visconde. Outra menina significaria a perda completa do que resta de sua sanidade.

Anthony continuou com os beijos em meu pescoço, enquanto nos dirigíamos até o sofá e perdíamos toda a nossa tarde juntos, relembrando os cortejos de nossos dias de juventude.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, universo literário [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora