𝐀𝐙𝐑𝐈𝐄𝐋, acotar

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𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑 @mysilva167

Já faziam algumas horas que andava pelas ruas de Velaris. Azriel finalmente estava em casa depois de passar semanas em uma missão da qual eu não fazia questão de saber os detalhes. Sentia falta de estar com ele e, por isso, o arrastei para um dia entre namorado e namorada.

Sem missões, sem interrupções — tive que ameaçar o Rhysand para isso, mas até agora estava dando certo.

Uma das minhas mãos estava entrelaçada com a de Azriel, enquanto a outra segurava um algodão doce azul pela metade. As sombras dele circulavam entre os nossos corpos, e algumas pessoas se afastavam assim que nos viam. Azriel sempre foi lindo, mas a cara fechada assustava algumas pessoas.

— Olha, um pintor. — Apontei para o artista de rua, que estava sentado em uma cadeira enquanto entregava um retrato pintado a mão para um casal. — Vamos fazer um quadro.

— Não sei se quero passar horas sentado em uma cadeira. — Ele negou, tentando me segurar enquanto eu o arrastava em direção ao pintor. — Por que você é tão forte?

— Fico feliz em te informar que os treinos do Cassian realmente dão resultados.

Depois de alguns minutos, ele desistiu de tentar me segurar e apenas se sentou na cadeira livre ao meu lado. O feérico à nossa frente tinha um estilo peculiar, com pele escura, cabelo cacheado preto e uma boina vermelha que destacava sua pele perfeita e brilhante. A roupa estava suja com algumas gotas de tinta e diversos potes coloridos estavam espalhados pelo chão, ao lado de uma pequena mesa com um pote de vidro cheio de água suja e muitos pincéis.

As sombras de Azriel se aproximaram do meu corpo e eu me aproximei dele, passando o braço pelo ombro musculoso e abrindo o melhor sorriso que pude. Atrás de nós, percebi as sombras se movendo novamente, formando um coração torto que mais parecia um círculo às nossas costas.

— Você pode sorrir?

O pintor perguntou para Azriel, e o olhar que recebeu foi tão gélido que ele apenas mergulhou o pincel na tinta e começou a pintar nosso quadro.

Ficamos ali por um tempo, enquanto o feérico parecia se dedicar a cada detalhe da pintura. O pincel se movia para cima e para baixo e eu notava que uma nova gota colorida estava sobre o chão sempre que olhava para baixo. Além do cheiro de tinta que impregnava o ar.

Depois do que pareceu ser uma hora, nosso quadro finalmente ficou pronto. Enquanto Azriel pagava, eu segurei a tela quadrada com as duas mãos, a tinta ainda não estava completamente seca.

— Ficou bom. — Azriel disse, assim que se aproximou.

Encarei a pintura e sorri novamente.

Nós pareciamos completamente opostos, ele com um uniforme preto, asas enormes e uma expressão não tão amigável no rosto. Já eu, estava com um vestido amarelo esvoaçante com detalhes brancos e com um laço também branco preso atrás da cabeça, além de um sorriso enorme no rosto. As sombras em uma tentativa falha de coração, a rua de paralelepípidos e o céu azul formavam o cenário atrás de nós.

Estava perfeito.

— Feyre teria feito de graça. — Azriel comentou.

— E você estaria disposto a passar horas posando para sua Grã-Senhora? — Eu ri, deixando o quadro de lado e passando um dos braços em volta de seu pescoço.

— Provavelmente não.

— Na próxima podemos fazer um piquenique. — Sugeri, mordendo um pedaço de torta que Azriel acabara de comprar.

— Por que não me deixa escolher o próximo?

— Não sei se confio em você quando o assunto é a organização de um encontro romântico. — Disse, mordendo mais um pedaço da torta.

— O que quer dizer?

— Você odeia encontros românticos, Azriel.

— Isso não quer dizer que eu não saiba organizar um. — As asas dele se contraíram.

— E você sabe? — Olhei para ele, deixando a torta de lado.

— Está me desafiando? — Ele levantou uma sobrancelha, dando um sorriso de canto.

As sombras se agitaram em torno dele, parecendo se divertir com a nossa conversa.

— Talvez eu esteja.

— Vou te provar que está errada a meu respeito, meu amor.

— Estou ansiosa para descobrir do que é capaz.

Enquanto me inclinei para beijar Azriel, o quadro, ainda molhado, caiu contra suas asas. Assim que nos afastamos, percebi um rastro de tinta que manchava uma delas. Azriel me encarou como se eu tivesse lhe dado um chute no saco.

— A pintura estragou — peguei o quadro do chão, observando.

A cor preta das sombras deslizaram para o lado, manchando o meu vestido amarelo e estragando o céu azul da arte.

— Minhas asas estão sujas, você me deve um banho. — Ele agarrou minha cintura, deixando beijos pelo meu pescoço, ignorando completamente as pessoas que passavam e nos encaravam. — E o quadro ficou bem melhor assim, confie em mim.

Com isso, nós dois fomos para casa, com Azriel ansioso para mergulhar em uma banheira enorme e repleta de água fervente.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, universo literário [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora