𝐌𝐀𝐗𝐎𝐍 𝐒𝐂𝐇𝐑𝐄𝐀𝐕𝐄, a seleção

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𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑 @malusnxc @staravenw

Deslizo os dedos pela crina macia de um dos cavalos do enorme estábulo da família real. Em qualquer outro dia eu deveria estar no meu quarto ou em uma das incontáveis salas na companhia das outras garotas, mas decidiram nos deixar aproveitar a bela tarde ensolarada antes que mais de nós tivessem que partir. Algumas preferiram continuar no castelo e outras escolheram caminhar pelo jardim, mas eu quis fazer companhia para os cavalos. Sempre gostei de animais e, por ser da casta 4, cresci rodeada por eles na fazenda dos meus pais.

Os cavalos sempre foram meus favoritos.

Continuo andando pelo estábulo, apreciando a imensa fileira de equinos. Meus pais adorariam conhecer esse lugar, o pensamento me invade. Paro de andar quando avisto uma égua de pelagem escura e crina da mesma cor com pequenas manchas cinzentas, nunca tinha visto uma égua tão bonita e, ao tentar me aproximar, percebi que era brava. Um sorriso surgiu no meu rosto, os bravos eram os meus preferidos, já que minha maior habilidade era a doma.

— Calma, garota — pedi, tentando me aproximar para acariciar a crina bicolor da égua. Enfiei uma das mãos no bolso, tirando alguns torrões de açúcar que peguei durante o café da manhã e ofereci a ela, que aceitou de bom grado. — Você é linda, nunca tinha visto cores como a sua. — Acariciei o focinho.

— Ela é uma das mais bonitas, devo admitir — uma voz masculina me fez virar para trás, encontrando Maxon parado ali, me encarando. — Aquele ali — apontou para um animal completamente marrom — é o meu cavalo.

— É bonito — cumprimentei o príncipe rapidamente e ajustei a postura, sentindo a rigidez me dominar.

Diferente das outras garotas, que pareciam muito animadas por participarem da seleção, eu não queria estar ali. Minha vida era boa na fazenda, sempre fui livre para fazer qualquer coisa e nunca precisei de mais nada para ser feliz. Neste lugar tudo era diferente, as pessoas apontavam dedos quando outra virava as costas e, como uma das selecionadas, sempre tinha algum par de olhos sobre mim esperando por qualquer deslize. Tudo o que eu queria era voltar para casa e para a minha vida, cuidar dos meus queridos animais e, talvez um dia, me tornar veterinária e ter minha própria clínica. Ser rainha e governar nunca foi algo que desejei.

— Quer cavalgar? — Maxon ofereceu e meu coração deu um salto. Sempre mantive o costume de cavalgar todos os dias, mas depois que vim para a seleção tive que abandonar o hábito.

— Podemos? — Perguntei, animada. Ele sorriu para mim, parecendo animado também.

— Claro — ele olhou pelo estábulo — escolha o cavalo que quiser.

Não precisei pensar muito para escolher a égua bicolor tão encantadora, que me encarava parecendo prestes a entrar em uma batalha. Alguns serviçais colocaram selas em ambos os animais, enfrentando certa dificuldade com a que escolhi, mas em poucos minutos pudemos montar, saindo lentamente pela propriedade. Era primavera, todos os arbustos tinham flores e as árvores estavam carregadas de frutos. O cenário ao nosso redor parecia algo tirado diretamente de um filme romântico clichê, o céu estava azul e com poucas nuvens, o clima permanecia agradável e borboletas e abelhas se deliciavam com as flores.

— Gosto da sua coragem — Maxon elogiou, guiando as rédeas do próprio cavalo.

— Do que está falando? — O encarei, confusa.

— Essa égua é a mais rebelde da nossa coleção — encarou o céu azul enquanto guiava o cavalo para uma trilha florida. — Nem os nossos melhores montadores têm sorte com ela, mas acho que gostou de você. — Admitiu, sorrindo de canto. — Tente me alcançar se puder — ele acelerou na minha frente e sorriu mais uma vez antes de me deixar para trás.

— Isso é trapaça — incentivei a égua a ir mais rápido e então iniciamos uma corrida. A cena ao meu redor não passava de um borrão e minha trança bagunçou um pouco, deixando alguns fios soltos. Maxon parecia feliz por estar ali, fora do alcance de todos os olhares afiados das pessoas do castelo. Poderia não pertencer à realeza, mas conseguia ver o quanto Maxon se continha perto de outras pessoas, ele não sorria verdadeiramente. — Estou quase te alcançando, alteza — alertei e a égua bicolor acelerou mais, me fazendo ultrapassar Maxon que ria como uma criança. Fiquei encantada com aquela imagem e a breve distração me fez perder o domínio sobre as rédeas, tentei me estabilizar, mas um galho de árvore apareceu repentinamente no meu caminho e fui jogada contra ele, batendo a cabeça e rolando pelo chão.

— Ei, ei, ei — pude ouvir a voz de Maxon se aproximando. — Não feche os olhos — ele pediu, desesperado. — Fique comigo, olhe para mim. — O príncipe segurou meu rosto com uma mão, retirando alguns fios de cabelo do meu rosto.

Fui levantada do chão e colocada sobre o cavalo marrom, minhas costas estavam apoiadas contra o peitoral de Maxon e ele nos guiou de volta para o castelo. Tudo ao meu redor parecia confuso, minha cabeça doía e minha testa parecia inchada. O calor do corpo dele me aquecia e confortava, me fazendo sentir segura. Acabei cedendo para o sono e não vi mais nada, apenas continuei sacudindo levemente com os movimentos do cavalo.

Acordei no meu quarto envolta em cobertores macios e quentes, passei a mão pela testa rapidamente e senti o curativo feito sobre o inchaço e também um leve latejar. Alguns comprimidos e um copo de água foram colocados sobre a pequena mesinha que ficava ao lado da minha cama e Maxon estava sentado com um livro nas mãos do lado oposto. Ele parecia ainda mais bonito, o cabelo loiro tinha saído um pouco do lugar e alguns fios caíram sobre a testa, eu casaria com ele sem questionar se não existisse um título tão importante e tantas responsabilidades envolvidas.

— Está acordada — percebi que Maxon tinha deixado o livro de lado e me encarava, com um sorriso contido. — Sinto muito, não deveria ter sugerido uma corrida, você não estaria em uma cama agora se eu a tivesse impedido de montar naquela égua — Maxon continuou, parecendo abalado. — Algo grave poderia ter acontecido e eu jamais me perdoaria.

— Não se culpe — tentei sorrir, mesmo que isso piorasse minha dor de cabeça. — Estou acostumada com cavalos bravos. Foi divertido, afinal. — Maxon apenas balançou a cabeça, desaprovando minha diversão. — Ainda vou domar aquela égua, acredite em mim quando digo isso — finalizei, sentindo o efeito dos remédios me deixarem sonolenta.

— Você já domou o meu coração e nem percebeu — Maxon disse, baixinho. Minha mente estava tão confusa que não sabia se ele realmente tinha dito aquilo ou se era apenas uma ilusão que minha mente criou, mas de alguma forma eu sabia que tinha sido real.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, universo literário [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora