Eu imaginei se havia algum jeito de reconhecer aquele homem, se aquele era realmente ele. Aquela parte em particular daquela noite em particular era só um borrão.
Meu corpo se lembrava daquilo melhor que minha mente; a tensão nas minhas pernas enquanto eu decidia se era melhor correr ou ficar no lugar, a minha garganta seca enquanto eu tentava construir um grito decente, a pele repuxada dos meus dedos quando eu fechei minhas mãos nos pulsos, os arrepios no péscoço quando o homem de cabelo escuro me chamou de "docinho"...
Havia um tipo de ameaça indefinida, insinuante nesses homens que não tinha nada a ver com aquela noite. Ela crescia pelo fato deles serem estranhos, e estava escuro aqui, e eles estavam num número maior que nós, nada mais específico que isso.
Mas isso foi o suficiente para a voz de Jéssica demonstrar pânico quando ela me chamou.
- Finney, vamos logo!
Eu ignorei ela, andando vagarosamente em frente sem nem sequer tomar uma decisão consciente de mexer meus pés.
Eu não entendia porque, mas a ameaça nebulosa que aqueles homens representavam me arrastava pra eles. Era um impulso sem sentido, mas eu não havia sentido nenhum tipo de impulso por tanto tempo... que eu resolvi segui-lo.
Alguma coisa familiar pulsou nas minhas veias. Adrenalina, eu me dei conta, que há muito estava ausente do meu sistema, fazendo o meu pulso bater mais rápido, e lutando contra a falta de sensações. Isso era estranho, porque a adrenalina quando não havia nenhum medo por perto?
Era quase como um eco da última vez que eu estive assim, numa rua escura em Port Angeles com estranhos.
Eu não via motivos pra ter medo. Eu não podia imaginar mais nada no mundo de que eu pudesse ter medo, nada físico, pelo menos. Uma das poucas vantagens de perder tudo.
Eu já estava no meio da rua quando Jess me alcançou e agarrou meu braço.
- Finney, você não pode entrar num bar! - ela assobiou.
- Eu não vou entrar - eu disse, tirando a mão dela de mim. - Eu só quero ver
uma coisa...- Você está louco? - ela sussurrou. - Você é um suicida?
Essa pergunta me chamou a atenção, e meus olhos se focaram nela.
- Não, eu não sou - minha voz pareceu defensiva, mas tudo era verdade. Eu não era um suicida. Nem no começo, quando inquestionavelmente a morte seria um alívio, eu considerei isso.
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𝙈𝙀𝙐 𝙑𝘼𝙈𝙋𝙄𝙍𝙊 - 𝙍𝙄𝙉𝙉𝙀𝙔
Fiksi PenggemarEu nunca pensei muito sobre como eu iria morrer, achei que eu tinha motivos suficientes nos últimos meses, mas mesmo que eu não tivesse, eu não iria imaginar assim. Eu encarei sem respirar através do longo aposento, dentro dos olhos escuros do caç...