14. Like the Movies

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"Talvez um dia eu caia em uma livraria

Nos braços de um cara

Nós vamos nos esgueirar para dentro de bares

E olhar para as estrelas

Cercados por vaga-lumes"

Like the Movies - Laufey

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Tudo aconteceu em uma questão de segundos, e ela nunca saberia dizer como não teve um ataque cardíaco naquele momento. Primeiro tinha esbarrado com tanta força em alguém e em seus livros a ponto de deixar seu braço um tanto dolorido, fazendo o sujeito derrubar todos os livros e interrompendo todo o silêncio daquela livraria quando os mesmos se chocaram contra o chão. Depois, o maior teste para seu coração:

Ele.

Ele estava surpreso por encontrá-la ainda ali, e ela não esperava reencontrá-lo daquela maneira. Os dois ficaram de pupilas dilatadas ao encontrarem o olhar um do outro e, se as batidas dos corações pudessem ser ouvidas facilmente, os deles poderiam ter criado uma sinfonia.

Mas de repente Cecília se deu conta do que tinha acontecido. A vergonha se apoderou dela novamente quando conseguiu desviar os olhos dos dele.

━━ Caral-... ━━ ela quase deixou escapar um palavrão em seu próprio idioma, mas se deteve no mesmo momento. ━━ O que eu fiz...? ━━ disse mais para si mesma do que para ele e se abaixou sem jeito para recolher os livros.

━━ Espere, não precisa fazer isso! ━━ Matt se abaixou também.

━━ C-claro que preciso! ━━ ela gaguejou, atrapalhada. ━━ Fui eu quem fiz você derrubar tudo...

━━ Foi só um acidente. A culpa foi minha por não prestar atenção.

━━ Não, foi minha, me desculpe. Céus, e se estraguei algum deles? ━━ ela falava quase em desespero enquanto pegava os livros do chão.

━━ Não se preocupe com isso, não foi culpa sua ━━ ele tentava ajudá-la.

━━ Sou muito desastrada, me desculpe.

━━ Eu que sou. Não precisa se...

As palavras sumiram quando sem querer Matt tocou a mão dela, no exato momento em que Cecília iria pegar o mesmo livro que ele do chão.

Ela sentiu um arrepio com o toque dele, mas não se afastou, e algo como energia estática também se espalhou pela mão dele quando a tocou. Os dois olharam para suas mãos juntas, ambos hipnotizados e sem saber o que fazer. Até que seus olhares se encontraram novamente, e eles não ouviram mais nenhum som, não viram mais ninguém e nem prestaram atenção em mais nada.

Para Matt, existiam apenas Cecília e seus olhos escuros, e nada mais poderia chamar a atenção de Cecília além das orbes verdes de Matt. Foi como naqueles raros momentos em que nos sentimos em um filme, fora de nossas realidades banais.

Tudo e todos ficaram em segundo plano.

O tempo parou.

Aquele tempo, sempre tão traiçoeiro e escorregadio, finalmente pareceu parar.

Seus olhares não se desviaram nem mesmo quando suas mãos se moveram uma sobre a outra, em um gesto quase involuntário e natural, como se elas tivessem vida própria e ansiassem uma pela outra. A mão dela estava gelada pela ansiedade que parecia prestes a fazer seu coração parar, e a dele quente pela agitação que tentava conter; a mistura perfeita.

The Bookstore | Matt SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora