38. Love Someone (P.t. 1)

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"Oh, não é bom termos um ao outro nesta noite?

E estou bem ao seu lado

Mais do que apenas um parceiro ou um amante

Sou seu amigo"

Love Someone - Jason Mraz

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8 de Maio, terça-feira

Ele precisava admitir: às vezes não a entendia nem um pouco.

Estava quase fechando a livraria. Mais alguns minutos e estaria livre dali para ir aonde quisesse, para casa, algum pub; sempre ia para pubs com os amigos quando não tinha mais o que fazer, andava pelas ruas bêbado, rindo e fazendo alguma idiotice. Não fazia mais tais coisas com a mesma frequência há semanas, como se tivesse se esquecido delas, enquanto outras vinha evitando a um bom tempo.

E era nisso que pensava, ali, parado no meio da calçada com um cigarro na boca, perguntando-se o que faria depois que saísse dali.

Cecília aparecia em cada um de seus pensamentos.

Dois dias atrás ela dissera que sentia sua falta e que queria vê-lo mais vezes, antes de simplesmente sumir depois dele perguntar quando e onde poderiam se encontrar. O jeito com que ela se esquivava às vezes o enlouquecia. Ainda se perguntava do que a garota tinha medo, mesmo depois de todas as coisas que tinha dito para ela.

Ele deu mais uma tragada no cigarro. Sabia que talvez não fosse o melhor lugar e momento para tal coisa, não na frente da própria livraria e naquele horário, correndo o risco de espantar os clientes pelo cheiro do cigarro e com aquele ar de um homem degenerado que provavelmente tinha naquele momento. Mas o que pensavam dele não lhe importava nem um pouco. Sempre pensara que, se um dia tivesse de parar de fumar, seria por ele mesmo e não pelos outros.

Ele se decidiu: iria até o prédio dela. Não tinha ideia de qual era o número de seu apartamento; Cecília ainda não o levara até lá, sempre se despedindo dele no portão e deixando-o parado na calçada até sumir de sua vista. Sabia apenas que ela morava no último andar.

Teria que gritar bem alto caso ela não atendesse o celular.

Céus… No que estava pensando? Os amigos zombariam dele se soubessem de tudo aquilo. Nunca precisou correr tanto atrás de ninguém antes, mas Cecília parecia um ímã, sempre impelindo-o até ela.

Mas não podia negar que desejava que ela também o procurasse, assim como ele fazia. Talvez fosse por conta da timidez da garota, mas ele nem sempre conseguia adivinhar o que ela sentia ou queria. Será que deveria deixá-la em paz até que ela lhe respondesse? Deveria deixar que ela mesma tomasse uma atitude, assim como tinha feito ao ligar para ele naquela noite?

━━ Que se dane, eu vou… ━━ disse para si mesmo, tirando o cigarro da boca e espalhando a fumaça pelo ar.

Sim, ele mesmo iria até ela. Poderia levar algo para os dois comerem. Poderiam…

Por Deus… Sua mente era uma loucura! Pensamentos como o que acabara de ter com ela em sua mente eram cada vez mais frequentes. 

━━ Controle-se, Matt… Controle-se…

━━ Falando sozinho?

━━ Ai! ━━ ele exclamou, pulando de susto junto com seu coração e quase deixando o cigarro escorregar de seus dedos.

Matt se virou rapidamente ao ouvir uma risada atrás dele. Ele tossiu e abanou a fumaça do cigarro.

━━ Puta merda … ━━ levou a mão até o peito e arregalou os olhos sobre ela. ━━ Cecy… Cecília! ━━ suas pupilas se dilataram.

The Bookstore | Matt SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora