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   ASSIM QUE SAIO PARA o corredor está tudo maravilhosamente silêncioso.

É o casamento da minha irmã gêmea e realmente estou feliz por ela, pórem, ainda sinto dificuldade de me manter pra cima, sobretudo nesses momentos sozinhas e quieta. Os últimos dois meses foram realmente um saco. Minha colega de quarto se mudou e, por isso, tive que me mudar para um apartamento minúsculo. Mesmo assim, extrapolei o que achei que poderia pegar sozinha e fui despedida da empresa farmacêutica em que trabalhei por seis anos. Nas últimas semanas, fiz entrevista em nada mais nada menos que sete empresas e não tive resposta de nenhuma delas. E, agora, aqui estou eu, prestes a ficar cara a cara com meu adversário, Lee Minho.

É difícil acreditar que houve um tempo em que eu mal podia esperar para conhecer Minho. As coisas entre minha irmã e seu namorado estavam começando a ficar sérias, e Hyejin queria me apresentar á família de Junseo. No estacionamento da Feira Estadual de Seoul, Minho saiu do seu carro, com pernas incrivelmente longas e olhos tão escuros que consegui vê-los a distância. Ele piscou de modo lento e convencido. Em seguida, olhou diretamente nos meus olhos, apertou minha mão e deu um sorriso torto e perigoso.

Mas então, ao que tudo indica, cometi o pecado capital de ser uma garota que comprou uma porção de bolinhas de queijo. Tínhamos parado logo depois da entrada da feira para bolar um plano para o nosso dia, e eu dei uma escapulida para buscar algo para comer. Quando voltei, Minho olhou pra mim, depois para a minha cestinha de queijo frito, então fez uma careta e se virou, resmungando alguma desculpa sobre precisar encontrar a competição de cerveja artesanal. Não pensei muito naquilo na hora, mas também não o vi mais pelo resto da tarde.

Daquele dia em diante, Minho foi sempre desdenhoso e amargo comigo. O que eu devo pensar? Que ele passou do sorriso a aversão em dez minutos por alguma outra razão? Evidentemente minha opinião a respeito de Minho é a seguinte: Ele pode ir se ferrar.

Vozes surgem do outro lado da porta para a suíte do noivo. Ergo o punho e bato na porta. Ela se abre de maneira tão imediata que recuo com o susto, prendendo o salto na bainha do vestido e quase caindo.

   Minho estende a mão e facilmente me segura pela cintura. Enquanto ele me devolve o equilíbrio, posso observar uma leve repulsa tomar conta dele enquanto afasta as mãos e as enfia nos bolsos. Imagino que ele usará um lenço desinfetante assim que tiver chance.

   O movimento chama minha atenção para o que ele está vestido — um terno preto, é óbvio. Seu cabelo está primorosamente arrumado. Eu realmente não gosto dele.

   Sempre soube que Lee Minho era bonitão — não sou cega — mas vê-lo vestido assim é confirmação demais para o meu gosto.

   Ele faz o mesmo escaneamento em mim. Começa pelo meu cabelo — talvez esteja me julgando por usá-los ele preso para trás de uma maneira tão simples — então, olha a minha maquiagem básica — provavelmente ele namora modelos de tutoriais de maquiagem do instagram — até, por fim, examinar lenta e metodicamente meu vestido. Respiro fundo para resistir á vontade de cruzar os braços sobre meu peito.

Minho ergue o queixo.

— Suponho que isso tenha sido de graça.

   E eu suponho que acertar seu pênis com um chute seria fantástico.

— Bela cor, você não acha?

— Você está parecendo uma jujuba.

— Ah, Minho!

   O canto de seus lábios se torce em um pequeno sorriso.

— Poucas pessoas ficam bem nessa cor, Eunji

   Pelo seu tom, percebo que não estou nesse grupo.

— É Minji.

— Certo, certo — ele diz, balançando-se nos calcanhares.

— Tudo bem, isso é divertido, mas preciso ver seu discurso.

— Meu brinde?

— Está corrigindo minha escolha de palavras? — Agito minha mão estendendo-a. — Deixe-me ver.

   Minho apoia casualmente contra o batente da porta.

— Não.

— É para sua segurança. Hyejin vai Assassiná-lo com as próprias mãos se você falar alguma babaquice. Você sabe disso.

   Minho se inclina e me mede de cima a baixo. Ele tem um metro e oitenta, e Hyejin e eu...não temos. Sua mensagem é muito clara, sem a necessidade de dizer as palavras "Quero vê-la tentar".

Junseo aparece atrás de Minho e sua expressão murcha assim que me vê.

— Ah, oi, Minji. Tudo bem?

sorrio com todos os dentes.

— Tudo ótimo. Minho estava se preparando para me mostrar o discurso dele.

— O brinde dele?

— É.

Junseo acena para voltarem para dentro.

— É a sua vez — ele diz, olha para mim e explica. — Estamos jogando. Meu irmão mais velho está prestes a ser humilhado.

— Só um minuto — Minho sorri para o irmão, que se afasta, para, em seguida, virar-se para mim. Nós dois deixamos os sorrisos de lado e reassumimos nossas caras sérias.

— Você pelo menos escreveu alguma coisa? — pergunto. — Você não vai tentar improvisar, vai? Isso nunca vai acabar bem. Ninguém é tão engraçado de repente quanto acha que é, especialmente você.

Especialmente eu?

   Embora Minho seja o retrato do carisma perto do quase todos os outros seres humanos, comigo ele é um robô.

— Bom, só se certifique que seu brinde não seja um saco — digo, olho para o corredor e me lembro do outro assunto que tinha para tratar com ele. — E suponho que você já tenha conferido com a cozinha que não vai comer os pratos do bufê? Caso contrário, posso fazer isso quando estiver lá em baixo.

   Minho abandona o sorriso sarcástico e o substituir por algo parecido com surpresa.

— Isso é bastante gentil de sua parte. Não, eu não pedi um alternativa.

— A ideia não foi minha, foi da Hyejin — esclareço. — Ela é quem se preocupa com sua aversão a compartilhar comida.

— Não tenho problemas com compartilhar comida — ele se explica. — é que os bufês são fossas de bactérias.

— Eu realmente espero que você traga esse nível de poesia e percepção para o seu discurso.

   Minho dá um passo para trás, alcançando a porta.

— Diga a Hyejin que meu brinde é hilário e nem um pouco babaca.

   Quero dizer algo atrevido, mas só aceno superficialmente com a cabeça e me viro para o corredor.

   Tudo o que eu posso fazer é não ajustar o vestido enquanto caminho, talvez esteja paranóica mas acho que sinto o olhar crítico de Minho no cintilar justo do meu vestido durante todo o caminho até os elevadores.

@ard4kani

𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora