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   COMO DEUS AJUDA A quem madruga — ou algo assim —, Hyejin está à minha porta antes mesmo de o sol nascer totalmente. Ela já malhou e está com o cabelo preso em um rabo balançante e com a pele úmida. Ela põe uma bolsa com um conjunto de batas cirúrgicas limpas no recosto do sofá, o que indica que vai para o hospital direto daqui.
Se a vivacidade de sua passada é indicativa de alguma coisa, Junseo não lhe disse uma palavra a respeito de ontem à noite.

Em comparação — e não somos nada se não consistentes com nossas marcas registradas —, estou cansada, ainda não cafeinada, e tenho certeza de que isso é visível. Quase não dormi, preocupada com o pagamento do aluguel, com o que preciso dizer a Hyejin e com o que acontecerá com Minho quando finalmente falarmos a respeito de tudo isso. Não tenho planos para hoje nem para amanhã, o que é bom, considerando que preciso ligar para meu primo e implorar por um emprego.

Assim que abri as mensagens de Minho da noite passada, vi que eram apenas duas, que diziam simplesmente: "Me liga" e "Indo para a cama, mas vamos conversar amanhã". Parte de mim agradece o fato de ele não ter se dado ao trabalho de tentar se desculpar por mensagens, porque não sou muito de mensagens, e outra parte está brava por ele nem ter tentado. Sei que preciso de um pouco de distância até falar com Hyejin, mas também me acostumei a ter um contato com Minho quase que constante e sinto falta dele. Quero que ele corra atrás de mim um pouco, já que não fui eu quem bagunçou o coreto.

Hyejin entra, me abraça com forca e vai até a cozinha pegar um соро de água.

— Você está, tipo, surtando totalmente?

Com certeza, ela está se referindo à situação do emprego. Então, quando respondo afirmativamente, ela realmente não faz ideia do tamanho da minha ansiedade neste momento. Vejo-a beber metade do copo em um longo gole.

Tomando fôlego, ela diz:

— Mamãe disse que Jooghoon vai contratá-la para trabalhar em um dos restaurantes dele; é verdade? Isso é incrivel! Ah, meu Deus, Min, posso aparecer nas noites de pouco movimento, e será como quando éramos crianças. Posso ajudar na procura de emprego, ou no seu currículo; o que for.

— Seria Ótimo. Ainda não tive tempo de ligar para ele. Mas vou ligar — afirmo, encolhendo os ombros.

   Hyejin me lança um olhar meio divertido, meio perplexo por eu ter me esquecido de como nossa família funciona.

— A tia Rosé ligou para o titio, e o titio entrou em contato com Junghoon. Já está tudo certo para você.

Dou uma risada.

— Meu Deus!

— Aparentemente, ele tem uma vaga de garçonete para você.

Adoro minha família.

— Legal.

Isso faz Hyejin rir do seu jeito incrédulo de "ah, Minji".

— "Legal"?

— Desculpe — digo. — Juro, estou tão devastada emocionalmente que não consigo ficar animada agora. Prometo fazer melhor quando falar com Junghoon mais tarde.

Hyejin pousa o copo.

— Minha pobre Min. Seu estômago está melhor?

— Meu estômago?

— Junseo disse que você não estava se sentindo bem

   Ah, aposto que disse. E — curioso —, assim que ela menciona Junseo, meu estômago de fato começa a se revirar.

— Certo. É, estou bem.

   Hyejin inclina a cabeça, indicando para que eu a siga enquanto ela carrega sua água para a sala e se senta no sofá, cruzando as pernas diante de si.

𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora