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PELO QUE POSSO DIZER, Hyejin e Minho se divertiram muito no jantar. Ele mostrou a ela as fotos de nossa viagem a Maui, arcou com uma quantidade suficiente de culpa pelo comportamento de Junseo e a deixou encantada de modo geral.

— Sim, ele é muito bom em ser encantador durante o jantar — digo, esvaziando agressivamente a máquina de lavar louça. — Lembra-se dos Hamilton em Maui?

— Ele me falou a respeito — Hyejin diz e dá uma risada. — Algo sobre ser convidado para um grupo em que algumas mulheres olham para a vagina com espelhos de mão — ela prossegue e toma um gole de vinho. — Não pedi esclarecimentos. Ele sente sua falta.

Tento fingir que isso não me emociona em absoluto, mas com certeza minha irmã percebe que não é verdade.

— Você sente falta dele? — Hyejin pergunta.

— Sim — respondo, pois não faz nenhum sentido mentir. — Muita.

Mas eu abri meu coração para ele, e Minho me sacaneou — continuo, fecho a lava-louças e me apoio contra a bancada para encará-la.

— Não sei se sou o tipo de pessoa que consegue se abrir novamente.

— Acho que é.

— Mas, se não for, então acho que isso significa que sou inteligente, não é?

Hyejin sorri para mim, mas é seu novo sorriso contido, e isso me frustra um pouco.  Junseo matou algo nela, alguma luz otimista e inocente, e isso me dá vontade de gritar. E então a ironia me atinge: não quero deixar que Minho me torne cínica de novo. Gosto de minha nova luz otimista e inocente.

— Quero que você saiba que estou orgulhosa de você — Hyejin diz. — Vejo todas as mudanças que está fazendo.

Minha vida parece minha de novo, mas não sabia que precisava que Hyejin reconhecesse isso. Pego sua mão e a aperto um pouco.

— Obrigada.

— Nós duas estamos crescendo. Responsabilizando algumas pessoas por suas escolhas, permitindo a outras que se redimam pelas delas...

Minha irmã deixa a frase morrer e me dá um sorrisinho. Muito sutil, Hyejin.

— Não seria estranho para você se Minho e eu reatássemos?

Hyejin balança a cabeça e toma rapidamente outro gole de vinho.

— Não. Na verdade, me faria sentir como se tudo o que aconteceu nos altimos três anos tivesse acontecido por uma razão — ela diz e controla o choro, quase como se não quisesse admitir a parte que se segue, mas não consegue evitar. — Sempre vou querer encontrar uma razão para isso.

   Agora sei que é uma perda de tempo procurar razões, destino ou sorte. Porém, sem dúvida, passei a abraçar novas opções no último mês, e vou ter de descobrir qual vou abraçar no que diz respeito a Minho: eu o perdoo ou caio fora?

[...]

Na noite em que uma escolha é posta diretamente diante de mim, o inesperado e o terrível acontecem: estou feliz trabalhando no turno do jantar quando Charlie e Chohee Hamilton se sentam na minha seção.

Não posso culpar a anfitriã, Lina, porque ela não teria como saber que esse talvez fosse o trabalho mais constrangedor como garçonete que ela poderia me oferecer. No momento em que me aproximo da mesa e os
Hamilton me veem, um silêncio sepulcral nos envolve.

𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora