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   QUANDO ACORDO, É meio-dia e os raios do sol se espalham vivamente sobre a cama banhando-me em um retângulo de luz. Afasto-me dele, direto para um travesseiro que tem o cheiro de Minho. Pois é. Ele dormiu nessa cama comigo ontem à noite. Ele está em todos os lugares deste aposento; nas fileiras de camisas e camisetas penduradas no armário, nos sapatos alinhados ao lado da cômoda. Seu relógio, sua carteira, suas chaves e até seu celular estão lá. Até o som do mar está manchando o ar com a memória dele, de sua cabeça em meu colo no barco, lutando para superar o enjoo.

Por um instante sombrio, tenho um pouco de alegria com a imagem de Minho sentado miseravelmente à beira da piscina, rodeado por pessoas com quem gostaria de fazer amizade quando bêbado, mas que geralmente evitaria quando sóbrio. Porém, a alegria desaparece quando me lembro de tudo a respeito de nossa briga. A realidade de que passei os últimos dois anos e meio odiando-o por uma reação que ele teve que absolutamente não foi o que pensei que fosse, e a realidade de que a questão envolvendo Hyejin e Junseo não vai ser resolvida por mais alguns dias pelo menos.

O que me deixa com apenas uma coisa para remoer: o fato de Minho admitir que queria me convidar para sair.

É realmente uma reescrita de minha história e requer muitas manobras mentais. Claro que achei Minho atraente quando o conheci, mas personalidade é tudo e a dele deixou um buraco gigante na coluna de atributos positivos. Isto é, até essa viagem, quando ele não foi apenas o melhor companheiro, mas também totalmente adorável em diversos momentos... E, frequentemente, com o tronco nu.

Solto um gemido e me levanto, caminhando até a porta do quarto e espiando. Nenhum sinal de Minho na sala de estar. Corro para o banheiro, fecho a porta e abro a torneira, molhando meu rosto. Olhando-me no espelho, pensando.

Minho queria me convidar para sair.

Porque Minho gostava de mim.

Junseo lhe disse que sou sempre estressada.

Provei a ele que tinha razão no primeiro dia.

Meus olhos se arregalam quando uma possibilidade adicional me ocorre: "E se Junseo não queria que eu namorasse seu irmão?". E se ele não me quisesse envolvida em suas tramoias, sabendo que era ele quem estava planejando todas aquelas viagens, que ele estava saindo com outras mulheres e sabe Deus o que mais?

Junseo usou Minho como bode expiatório, como escudo. E usou a conveniência de minha reputação de ranzinza para criar uma zona de proteção. Que babaca!

Saindo do banheiro, viro à esquerda para começar minha busca por Minho e topo diretamente com a parede de tijolos que é seu peito. O som agudo que deixo escapar é cômico ao nível de desenho animado. Ele piora as coisas pegando-me facilmente e me mantendo a distância, olhando para mim com cautela. Tenho a imagem absurda de Minho me segurando pela testa, com o braço estendido, enquanto tento golpeá-lo com braços ineficazmente curtos.

Recuando, eu pergunto.

— Onde você estava?

— Na piscina — ele responde. — Vim pegar meu celular e minha carteira.

— Aonde você vai?

Indiferente, ele dá de ombros.

— Não sei.

Minho está se protegendo novamente. Claro que está se protegendo. Ele admitiu que se sentia atraído por mim e, até esta viagem, sempre fui rude com ele. Então, num rompante, saí da sala depois de insinuar que ele ainda é uma perda de tempo.

Nem sei por onde começar. Percebo agora que tenho muito a dizer a respeito de nós dois. Quero iniciar um pedido de desculpas, mas é como tentar escoar água através de um tijolo. As palavras simplesmente não saem.

𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora