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NICK FAZ COM QUE vistamos trajes de mergulho e nos equipemos com nadadeiras e máscaras. As máscaras só cobrem os olhos e o nariz, como vamos mais fundo do que num mergulho normal, também recebemos bocais dr respiro, os quais são ligados por um longo tubo a um tanque de oxigênio preso a uma jangada, que puxaremos ao longo da superfície acima de nós enquanto nadamos.

Quando entramos na água e alcançamos nosso bico de oxigênio, posso ver Minho verificando o bocal, tentando estimar quantas pesssoas babaram nele e o quão confiável foi a limpeza após o uso dos outros clientes. Depois de me olhar de relance e notar minha total falta de simpatia por sua crise higiênica, Minho respira fundo e enfia o bocal na boca, fazendo um sinal com o polegar para Nick.

Pegamos a jangada que transporta nosso tanque de oxigênio compartilhado. Fitando um ao outro por cima da jangada, submergimos, desorientados por um tempinho pelo uso do respirador e por ver através da máscara e, fiéis ao hábito, tantamos nadar em direções opostas. A cabeça de Minho volta a surgir acima da superfície. Impaciente, ele se vira para trás, indicando o caminho que deseja seguir.

Eu desisto, deixando-o no comando. Debaixo d'água, sou imediatamente dominada por tudo ao nosso redor. Os ídolos-mouriscos pretos, amarelos e brancos passam nadando rapidamente por nós. Os peixes-cornetas, lisos e prateados, cortam o nosso campo de visão. Quanto mais nos aproximamos do recife, mais irreal se torna a paisagem. Com os olhos arregalados por trás da máscara, Minho aponta para o cardume brilhante de peixes-soldados avermelhados, ao mesmo tempo em que passa junto uma grande quantidade de cirurgiões-amarelos exuberantes. As bolhas escapam do respirador de Minho como confetes.

Não sei como isso acontece, mas, em um minuto, estou me esforçando para nadar mais rápido e, no próximo, a mão de Minho está ao redor da minha, ajudando-me a me mover rumo a um pequeno grupo de peixes-porcos pontilhados de cinza. Está tão quieto aqui. Sinceramente, nunca senti esse tipo de tranquilidade silenciosa e imponderável e, com certeza, nunca na presença dele. Em pouco tempo, Minho e eu estamos nadando completamente em sincronia, com nossos pés batendo preguiçosamente atrás de nós. Ele aponta para as coisas que vê, e eu faço o mesmo. Não há palavras nem golpes verbais. Não há desejo de estapeá-lo nem de furar seu olhos; há apenas a verdade desconcertante de que segurar sua mão aqui não é só tolerável, mas também é muito bom.

[...]

De volta para perto do barco, emergimos sem fôlego, estou tomada pela adrenalina. Quero dizer a Minho que devemos fazer isso todos os dias das férias. Porém, assim que tiramos as máscaras e somos ajudados a sair da água, a realidade retorna. Minho e eu nos entreolhamos e tudo o que estava prestes a dizer morre em minha garganta.

— Foi divertido — digo, simplesmente.

— Sim.

Minho tira o traje de mergulho e entrega para Nick. Em seguida, ele dá um passo à frente quando vê que estou brigando com o meu zíper. Estou tremendo, porque está frio. Então, deixo que ele abra o zíper e me esforço muito para não notas o quão grande são suas mãos e quão habilmente ele consegue liberar o zíper preso.

— Obrigada — agradeço e me inclino, remexendo minha bolsa em busca das minhas roupas secas. Não estou encantada com Minho. Não estou. — Onde posso me trocar? — pergunto.

Nick se retrai.

— Temos apenas um banheiro, e ele tende a ficar muito cheio quando começamos a voltar e as bebidas estão pressionando a bexiga de todos. Sugiro acessá-lo o mais rápido possível. Vocês dois podem ir juntos.

𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora