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   APOIO MINHA CABEÇA NO balcão do bar e resmungo.

— Isso está mesmo acontecendo?

   Minho esfrega minhas costas e, sensatamente, fica quieto. Não há realmente nada que possa mudar este dia, nem mesmo os melhores coquetéis nem o melhor discurso de motivação de um novo namorado.

— Eu deveria ir para casa — digo. — Com a minha sorte, o bar vai pegar fogo e cair em um buraco negro.

— Pare. — Ele empurra o pequeno cesto com amendoins e meu martíni para mais perto de mim sorrindo. — Fique. Ver a Hyejin vai fazer você se sentir melhor.

   Ele tem razão. Depois de deixar a Hamilton com o rabo entre as pernas, metade de mim quis ir para casa e se enterrar na cama por uma semana, e a outra metade quis puxar Minho de um lado e Hyejin do outro para fazê-los me apoiar pelo resto da noite.

   E, agora que estou aqui, preciso mesmo ver a fúria indignada de minha irmã por eu ter sido demitida em meu primeiro dia; mesmo que não seja inteiramente justificada, e que grande parte de mim não culpe o senhor Hamilton. Mas vai me fazer sentir um milhão de vezes melhor.

   Endireitando-se ao meu lado, Minho olha para a porta e eu sigo seu movimento. Junseo acabou de chegar, mas Hyejin não está com ele, o que é estranho, já que eles costumam pegar o transporte juntos.

— E aí, festeiros? — Ele irrompe pelo salão. Algumas cabeças se viram, o que é exatamente do jeito que Junseo gosta.

   Credo. Contenho a voz sardônica em minha cabeça.

   Minho fica de pé para cumprimentá-lo com um abraço de mano. Eu simplesmente aceno para ele sem energia. Junseo se joga sobre uma banqueta, grita por uma cerveja, depois se vira para nós, sorrindo.

— Cara, vocês estão tão bronzeados. Estou tentando não odiar vocês.

   Minho olha para os braços como se fossem novos.

— É, eu acho.

— Bem, se isso fizer você se sentir melhor — digo e completo com uma afetação de sotaque estrangeiro e pomposo —, fui demitida.

   A boca de Junseo se contrai no que aparenta ser uma estranha cara de bunda, e ele solta, com condolência:

— Ô, que merda.

   Ele não está fazendo nenhuma canalhice agora, mas juro que sua barba perfeitamente bem cuidada, seus óculos falsos (dos quais ele nem precisa) e sua camisa formal cor-de-rosa me dão vontade de jogar meu martini
em sua cara.

   Mas esta reação é tão... Minji, não é? Estou de volta à cidade há apenas alguns dias e já estou com um humor daqueles? Senhor.

— Estou tão enfezada — digo em voz alta, e Junseo ri, como quem diz "Eu sei, não é?", mas Minho se inclina para mim.

— Para sermos justos, você, de fato, acabou de perder o emprego — ele diz baixinho, enquanto eu lhe sorrio desanimada. — É claro que você está enfezada.

Junseo nos encara.

— Vai ser difícil me acostumar a ver vocês juntos.

— Aposto que sim — digo com propósito semi-intencional, e encontro seus olhos.

— Tenho certeza de que tiveram muito o que conversa na ilha. — Ele pisca para mim. Então, acrescenta, despreocupadamente: —Já que se odiavam tanto anteriormente.

   Pergunto-me se Minho está tendo o mesmo pensamento que eu: que isso é algo estranho à beça de se dizer, mas exatamente o que alguém que teme ser pego diria.

𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora