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   SAIO PARA O CORREDOR e me lembro que meu vestido está com um rasgo enorme nas costas. Minha bunda está literalmente á mostra. Pelo lado positivo, de repente o vestido está folgado o suficiente para que eu possa cobrir meus seios. Ao regressar para a suíte nupcial, passo o cartão-chave no leitor da porta, mas a fechadura pisca uma luz vermelha.

   Quando vou tentar novamente, ouço uma voz atrás de mim.

— Não é assim, vou mostrar para você.

   Não há nada no mundo que eu queira menos nesse momento do que encontrar com o Minho, pronto para me ensinar como passar um cartão magnético.

   Ele pega o cartão da minha mão e segura junto ao circulo preto na porta, incrédula, fico olhando para ele, enquanto ouço a fechadura se abrir e começo a agradecer-lhe sarcasticamente.

— Seu vestido está rasgado — Minho diz.

— Você está com espinafre nos dentes.

   Não é verdade, mas, pelo menos, o distrai tempo suficiente para que eu possa escapar de volta para a suíte e fechar a porta na cara dele.

Infelizmente, ele bate na porta.

— Só um segundo, preciso colocar uma roupa.

— Por que agora? — ele pergunta, arrastando as palavras.

   Sabendo que ninguém da suíte está minimamete interessado em me ver trocando de roupa, jogo meu vestido e modelador corporal no sofá. pego uma calcinha e um short jeans na minha bolsa, vestindo as duas peças num piscar de olhos. Em seguida, enfio uma camiseta, vou até a porta e só a entreabro para que Minho não consiga ver Hyejin lá dentro, em posição fetal usando apenas sua lingerie rendada nupcial.

— O que você quer?

— Preciso falar com Hyejin rapidinho.

— Sério?

— Sério.

— Bem, vai ter que falar comigo, porque minha irmã está quase inconsciente.

— Por que você saiu do lado dela?

— Para seu conhecimento, eu estava descendo para procurar por um Gatorade — respondo. — Por que não está com Junseo?

— Por que ele não sai do banheiro faz duas horas.

Nojento.

— O que você quer?

— Preciso de informações a respeito da lua de mel. Junseo me disse para ligar para a agência e ver se a viagem pode ser remarcada.

— Não, não pode — respondo. — Já liguei para lá.

— Tudo bem — Minho diz e passa a mão no cabelo se nenhum motivo. — Nesse caso, eu disse a ele que iria.

Dou uma risada.

— Nossa! muito generoso da sua parte.

— O quê? ele me ofereceu.

— Infelizmente, você não é o acompanhante designado por Hyejin. Junseo que é.

— Ela só tinha que dar o sobrenome dele, Que, por sinal, é igual o meu.

droga.

— Bem... Hyejin também me ofereceu — digo.

   Não estou planejando fazer essa viajem, mas raios me partam se Minho a fizer.

   Ele pisca pra mim. Vi Lee Minho usar aqueles cílios e aquele sorriso torto e perigoso para bajular a tia Jia. Sei que ele é capaz de usar aquilo para enfeitiçar alguém quando quer. Mas, sem dúvida, esse não é o objetivo agora, porque seu tom de voz é monótono.

— Minji, tenho férias vencidas que preciso tirar.

   E, agora, o sangue começa a ferver em mim. Por que ele acha que merece isso? Ele tinha uma lista de tarefas para o casamento com setenta e quatro itens em papel de carta chique? Não, não tinha. E, pensando bem, aquele discurso dele foi bem morno.

— Bem, estou desempregada contra a minha vontade, então, acho que provavelmente preciso de férias mais do que você — afirmo.

Ele fica mais emburrado.

— Isso não faz sentido — Minho diz e faz uma pausa. — Espere, você foi despedida?

É a minha vez de ficar emburrada.

— Não que seja da sua conta, mas sim, fui despedida. Faz dois meses. Tenho certeza que isso lhe da um barato imenso.

— Um pouco.

— Você é o próprio Voldemort.

   Desdenhoso, Minho dá de ombros, em seguida, ergue uma mão e coça o queixo.

— Acho que nós dois poderíamos ir.

   Em dúvida, semicerro os olhos e espero não estar dando a impressão de que estudo mentalmente a frase dele, ainda que esteja. Parece que Minho sugeriu que fôssemos...

— Na lua de mel deles? — pergunto, incrédula.

Ele concorda.

Juntos?

Ele volta a concordar.

— Você está chapado?

— Nesse momento não.

— Minho, mal conseguimos ficar sentados um ao lado do outro durante uma refeição de uma hora.

— Pelo que eu sei, eles ganharam uma suíte — ele afirma. — Deve ser enorme. Nós nem mesmo teremos que nos ver. Essas férias inclue um pacote completo: tirolesa, mergulho, caminhadas, surfe. Vamos lá!

   Do interior da suíte nupcial, Hyejin geme com a voz baixa e rouca.

— Vá, Minji.

Eu me viro pra ela.

— Mas... é com o Minho.

— Droga — Hyunjin responde. — Se eu puder levar essa lata de lixo comigo, eu vou.

   Com a minha visão periférica, vejo Hyejin erguer um braço pálido e balançá-lo sem firmeza.

— Minho não é tão ruim assim.

   Olho para o Lee, avaliando-o, Alto, em forma, muito bonito. Nunca amigável, nunca confiável, nunca divertido.

   Ele da um sorriso inocente. inocente da superfície, dentes brancos, leves covinhas, mas seus olhos, só vejo uma alma sombria.

   Então penso em Maui, ondas quebrando, abacaxis, coquetéis e sol. Ah, o sol. Um olhar de relance pela janela mostra apenas o céu escuro, mas sei o frio que está fazendo la fora. Conheço os dias tão frio que fariam meu cabelo humido congelar se eu não o secasse completamente antes de sair do apartamento.

— Quer que você venha, quer não, estou indo para Maui. E vou me divertir de verdade.

   Olho para Hyejin, que me encoraja com um gesto de cabeça lento e afirmativo. Uma raiva toma conta de mim só de pensar em estar aqui, cercada pela neve de Seoul, pelo cheiro de vômito e pela paisagem desoladora do desemprego enquanto Minho está deitado ao lado de uma piscina com um drink na mão.

— Tudo bem — digo e, em seguida, inclino-me para pressionar um dedo em seu peito. — Eu vou no lugar de Hyejin, mas você fica no seu espaço, e vou ficar no meu.

Ele bate continência para mim.

— Eu não faria de outra maneira — diz.

@ard4kani

𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora