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   EU ACORDO E GEMO de dor. Apesar da massagem maravilhosa, estou tão dolorida por ter sido alvejada por bolas de tinta que mal consigo puxar as cobertas. Quando olho, meus braços estão pontilhados de hematomas tão doloridos que, por um instante, me pergunto se tomei banho ontem depois do paintball. Há um roxo-escuro do tamanho de um damasco em meu quadril, algumas em minhas coxas e um enorme em meu ombro, que parece uma ametista rara.

Verifico meu celular, abrindo a mensagem recente de Hyejin.

Hye 💜

— Entrando em contato para chegar o número de vítimas

Continuamos vivos, contra todas as —probalidades

Como você está se sentindo? —

— Igual

— Ainda não estou pronta para me aventurar pelo mundo, mas viva

E o seu marido? —

— Ah, ele saiu

Saiu? —

— Sim. Ele está se sentindo melhor e estava um pouco agitado

Mas você ainda esta doente —

Por que ele não está cuidando de você? —

— Ele ficou nessa casa durante dias

— Ele precisava de algum tempo com homens

Pego o telefone, sabendo que não tenho nenhuma resposta que não vá terminar com alguma discussão entre nós.

— Talvez ele tenha ficado sem creme de barbear — murmuro, no mesmo momento em que ouço Minho arrastando os pés em direção ao banheiro.

— Mal consigo me mexer — ele diz através da porta do quarto.

— Estou coberta de roxos — me queixo, olhando para meus braços.

— Você está decente? — ele pergunta, batendo na porta.

— Alguma vez estou?

   Ele entreabre a porta, enfiando a cabeça alguns centímetros.

— Não consigo socializar hoje. O que quer que façamos, que sejamos só nós dois.

   Então, ele sai, deixando a porta entreaberta e eu sozinha com meu cérebro tentando processar isso. Novamente: quando foi que o plano-padrão passou a ser ficarmos todo o tempo juntos? E quando que essa ideia não nos levou a um surto de náuseas? E quando comecei a cair no sono pensando nas mãos de Minho nas minhas costas, minhas pernas e entre as minhas pernas?

   Ouço o barulho da descarga, o som da água escorrendo e o de Minho escovando os dentes. Já me acostumei com o ritmo de sua escovação e não fico mais chocada com a visão de seu cabelo todo despenteado pela manhã. Não fico mais horrorizada com a ideia de passar o dia só com ele. Na verdade, minha mente gira diante das opções.

   Minho sai do banheiro do corredor e se surpreende quando dá uma segunda olhada para mim ao passar pelo quarto.

— O que há com você?

𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora