DURANTE A HORA SEGUINTE, Minho quase não se move, como se uma respiração mais forte ou um gesto mais abrupto fosse fazer o avião cair. Pego meu iPad e logo me dou conta que não há Wi-Fi a bordo. Abro um livro, mas não consigo me concentrar.— Um voo de oito horas e sem nenhum filme — digo para mim mesma, olhando para a parte de trás do encosto, sem tela, do assento à minha frente.
— Talvez estejam esperando que sua vida passando diante dos seus olhos seja uma boa distração.
— Olha só! Será que falar não vai a pressão barométrica da cabine ou algo assim?
Enfiando a mão no bolso, ele volta a tirar a moedinha.
— Eu não descartei isso.
Não passamos muito tempo juntos, mas, pelas histórias que ouvi de Junseo e Hyejin, sinto que construi uma imagem mental bastante precisa de Minho. Destemido, caçador de aventuras, ambicioso, implacável... O homem agarrado ao apoio de braço como se sua vida dependesse disso não corresponde a essa imagem.
Respirando fundo, Minho fez uma careta. Tenho um metro e sessenta altura e me sinto um tanto desconfortável. As pernas dele devem ter alguns centímetros a mais que as minhas, não consigo imaginar como é para ele. Depois que Minho abriu a boca, foi como se o feitiço da quietitude tivesse se quebrado, seu joelho estala nervosamente, seus dedos batucam a mesinha diante do seu assento, fazendo com que até mesmo a simpática velinha sentada na fileira à nossa frente olhe feio para ele. Minho sorri se desculpando.
— Fale-me a respeito da sua moeda da sorte — digo, apontando para o centavo ainda preso em sua mão. — Por que você acha que dá sorte?
Interiormente, Minho parece avaliar o risco de interagir comigo em relação ao possível alívio da distração.
— Realmente não quero encorajar a conversa — ele afirma. — Mas o que você está vendo? — ele pergunta, abrindo a palma da mão.
— É de 1955.
— O que mais?
Observo com mais atenção.
— Ah... A inscrição está duplicada?
Minho se inclina, apontando.
— Você consegue ver isso bem aqui, em cima da cabeça de Lincon? Sen duvida a inscrição "In God We Trust" foi estampada duas vezes.
— Nunca vi nada assim antes — admito.
— Existem apenas alguns exemplares por aí — ele informa, esfrega a superfície com o polegar e recoloca a moeda no bolso.
— Tem algum valor?
— Vale mais ou menos uns dois mil dólares americanos.
— Caramba! — exclamo.
Passamos por uma leve turbulência, e os olhos de Minho percorrem loucamente a cabine do avião, como se as máscaras de oxigênio pudessem cair a qualquer momento.
Na esperança de distraí-lo novamente, pergunto.
— Onde você conseguiu a moeda?
— Comprei uma banana pouco antes de uma entrevista de emprego e ela foi parte do meu troco.
— E?
— Não só consegui o emprego, mas, quando fui usar algumas moedas em uma máquina de vendas, ela recusou esta porque achou que fosse falsa. Desde então, eu a carrego comigo.
— Você não se preocupa em deixá-la cair?
— Essa é a questão da sorte, não é? — ele afirma com os dentes cerrados. — Você tem que confiar que ela não é efêmera.
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𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗛𝗢𝗡𝗘𝗬𝗠𝗢𝗢𝗡𝗘𝗥𝗦 ― 𝗟𝗘𝗘 𝗠𝗜𝗡𝗛𝗢
Fanfiction― (im)perfeitos, lee minho Minji e Minho são inimigos mortais. Há um passado entre eles que tornou a convivência impossível. Mas quem vai dizer não para uma viajem no Havaí? A ideia de ambos era ficar bem longe um do outro, mas a situação muda quand...