𝕬𝖓𝖓𝖆 𝕷𝖎𝖘.
Chegamos na casa onde Arthur e Miguel moram e eu fiquei encantada com o lugar, era tudo perfeito. Eles fizeram um mini-tour comigo e me deixaram no quarto onde eu iria ficar.
Coloquei minha mala em cima da cama e abri pegando uma roupa confortável, fui em direção ao banheiro e tomei um banho demorado.
Foram 12 horas de voo, saímos às 3 horas da manhã do Brasil e chegamos às 19 horas em Roma. Aqui são quatro horas a mais do que no Brasil, então tenho que me acostumar com isso.
Termino meu banho e me seco enrolando a toalha em volta do meu corpo, em seguida, saio do banheiro e dou de cara com Miguel sentado na cama.
— O que tá fazendo aqui? — Ele olhou para mim e depois para o meu corpo.
— Seu irmão pediu para vim te perguntar se você quer sair para jantar.
— Quero!
— Então tá! — Me olhou uma última vez e saiu do quarto.
Fui até a cama e procuro por uma roupa, escolho um vestido tubinho preto de manga longa e deixo em cima da cama. Finalizo meu cabelo, faço uma maquiagem básica e visto o vestido, nos pés um salto preto.
Me olho no espelho que tinha ali e sorrio com o resultado. Pego minha bolsa e saio do quarto descendo as escadas.
Quando desço o último degrau, ouço Arthur e Miguel discutindo na cozinha e vou até lá. Eu conseguia perceber o ódio do meu irmão de longe, mas eu não entendia por quê.
Eles são amigos a anos, mas nunca brigaram assim. Se meu irmão não tivesse notado a minha presença, Miguel estaria no chão com Arthur em cima dele enchendo-o de murros.
— Ei!? — Eles nem olharam para mim. — Posso saber por que os bonitos estão brigando? — Cruzei os braços.
— Depois conversamos. Vamos logo! — Meu irmão disse passando por mim, sem nem me olhar.
— Você contou para ele? — Miguel perguntou quando Arthur já estava longe o suficiente.
— Como assim? — Arqueei a sobrancelha confusa.
— Ele sabe de tudo! — Arregalei os olhos.
— Tudo?
— Sim, coisas que nem eu mesmo sei.
— Tipo o quê? — Encarei ele.
— Não sei, ele não explicou direito. Mas era sobre um tal de Guilherme. — Arregalei os olhos.
— Merda, Caleb! — Saí da cozinha e fui atrás do meu irmão.
Encontrei ele nos esperando na parte de fora da casa e logo Miguel apareceu, entramos no carro e fomos em direção ao restaurante.
***
O jantar foi um completo desastre. Ficamos em silêncio o tempo todo, ninguém dizia uma palavra se quer.
Quando chegamos, cada um foi para o seu quarto. Me despi e coloquei meu pijama, tirei a minha maquiagem e calcei minha rasteirinha saindo do quarto indo em direção ao do Arthur, bati na porta e escuto um "entra".
— Oi! — Falei assim que entrei em seu quarto, mas não obtive resposta.
Me sentei na cama ao seu lado e ficamos um tempo em silêncio.
— Me desculpa por não ter te contado. — Sussurrei e ele me olhou.
— Por que não me contou o que rolou com o Arthur?
— Ele é seu melhor amigo, Arthur. Eu sabia que se eu contasse você iria surtar e eu não queria acabar com a amizade de vocês.
— E sobre o tal do Guilherme? — Abaixei a cabeça.
— Eu não quero falar sobre isso. — Me levantei da cama indo em direção a porta, mas Arthur me segura.
— Caleb me contou meio por cima, mas preciso saber o que aconteceu, Anna Lis.
— Por que caralhos ele contou isso para você? — Eu quase gritei. — Porra, ele já me fez sofrer terminando comigo, e agora fica me fazendo contar sobre o meu maior trauma?
— Anna...
— Mas que porra. — Peguei uma decoração de vidro que tava por perto e joguei na parede. — Eu odeio ele!
— Ele te ama, Anna! — Me abraçou, mas eu me soltei olhando sem acreditar para ele.
— Não, ele não me ama! — Gritei. — Você não faz a pessoa que você ama sofrer.
Eu me encostei na porta e passei a mão no rosto me sentando no chão. Sinto braços em volta do meu corpo e me permito chorar.
— Tá doendo muito, Thur. — Desabafei.
— Vai ficar tudo bem, meu amor. — Beijou minha testa.
— Guilherme é o dono do morro do alemão. — Falei depois de uns minutos em silêncio. — Um dia eu tava indo para a casa, e ele tava lá na porta. Ele me obrigou a ir para a casa dele com ele e eu não tinha o que fazer, então fui.
Funguei e levantei a cabeça olhando para o meu irmão.
— Ele não me deixava fazer nada, eu era a sua prisioneira. Ele sempre me agredia com tapas na cara, puxão de cabelo. Um dia acordei e sentia muita dor na parte íntima, fui ao banheiro e tinha sangue. — Lágrimas desciam pelo meu rosto sem controle. — Essa foi a primeira vez que ele me estrupou. Ele dizia que me amava, e a moça que trabalha na casa dele sempre dizia que não era amor, e sim obsessão. Com isso ele até chegou a ameaçar ela, dizendo que se ela não parasse de se intrometer ia sobrar para ela.
Arthur estava em silêncio, apenas me ouvindo, mas eu conseguia ver lágrimas descendo pelo seu rosto.
— Se passou um mês desse inferno e nos fomos em uma reunião onde só tinha donos e sub donos de morro, e foi aí que conheci o Caleb. — Sorri me lembrando daquele dia. — Falei para o Guilherme que iria ao banheiro e quando saí, Caleb tava lá e tava perto demais, Guilherme tava vendo tudo.
— Quando chegamos a casa, ele me mandou tirar a roupa e me espancou, e depois me estrupou. — Funguei. — Grego, melhor amigo do Guilherme e a irmã dele me ajudaram e me levaram para o hospital. Não sei como, mas Caleb ficou sabendo disso, do nada apareceu um cara no meu quarto, me fez algumas perguntas e me entregou um celular saindo.
— No começo eu não me toquei. Liguei o celular e só tinha um número salvo, fui ao banheiro e liguei para o número, era ele! No começo eu não confiei muito nele, não fazia sentido uma pessoa que mal me conhece querer me ajudar.
— Recebi alta e voltei para a casa do Guilherme, ele pediu desculpa falando que sentiu minha falta e até me deixou voltar para a faculdade. O cara que tava me levando era o mesmo que me entregou o celular, x9 do Caleb.
— No outro dia ele chegou da boca e eu tava deitada na cama mexendo no celular, ele se deitou do meu lado abraçando a minha cintura e eu tentava me soltar, mas ele era mais forte. Acabei me levantando e gritando com ele, ele se levantou, puxou meu cabelo e me deu um tapa na cara me empurrando na parede me fazendo bater a cabeça...
Contei tudo para ele. Quando terminei, ele me abraçou chorando igual uma criança me pedindo desculpas por não estar do meu lado para me ajudar. Eu repetia para ele varias vezes que ele não tinha culpa, mas ele dizia que era sim. Eu me levantei puxando ele para a cama e nos abraçamos.
— Me desculpa, Anna. Desculpa. — Ele chorava. — Eu queria poder passar toda a sua dor pra mim.
— Tá tudo bem! — Beijei sua testa, sentindo uma lagrima descer pelo meu rosto.
• aperta na estrelinha •
Chorei escrevendo esse capitulo.
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Obsessão
Fiksi PenggemarO amor é uma farsa, quando confundido com posse e obsessão!