𝕬𝖓𝖓𝖆 𝕷𝖎𝖘.
Estou deitada no sofá assistindo crepúsculo, mas sou interrompida com o barulho da campainha.
Me levanto bufando e vou até a porta abrindo a mesma. Assim que abri, vi uma menina do cabelo cacheado do lado de fora.
— O Gui tá aí? - ela perguntou.
— Quem é Gui? - a menina riu.
— Tu tá na casa dele e não sabe quem ele é? - então é esse nome o moço.
— Ele não me disse o nome dele, mas ele não tá não.
— Pode pedir pra ele ir lá em casa depois?
— Claro! Qual seu nome?
— Beatriz.
— Sou a Anna Lis, prazer.
— Prazer. - sorriu. — Bom, eu já vou indo. - ela se virou pra ir embora, mas parou quando viu o tal do Guilherme.
— Tá fazendo o que aqui, Bea? - perguntou abraçando a menina de lado.
— Te mandei mensagem pedindo pra você ir lá, mas você não foi.
— Ta ligada que eu não gosto de você na rua sozinha. - Beatriz revirou os olhos. — Depois eu vou lá. - ele deu um beijo na testa da garota e depois ela saiu.
— O que ela é tua? - perguntei curiosa.
— Irmã. - assenti e ele olhou em volta. — Entra logo, um monte de macho olhando pra tu. - revirei os olhos e entrei deixando a porta aberta.
Fui até a cozinha e peguei uma garrafinha de água bebendo logo em seguida.
— Cê não vai devolver meu celular não? - olhei pra ele.
— Quando eu perceber que posso confiar em ti, eu te devolvo. - bufei.
Voltei para a sala e me sentei no sofá. Ele se sentou do meu lado e logo se deitou deixando sua cabeça deitada nas minhas coxas.
Folgado!
Puxo o meu cabelo pra frente e vejo o quão acabado ele tá, desde que eu vim pra cá, não finalizo ele.
Sinto uma enorme vontade de chorar por ver meu cabelo assim. Eu sempre fui tão cuidadosa com ele por depender dele pra ter autoestima.
— Levanta aí, rapidinho.
— Pra que? - me olhou.
— Quero ir no banheiro. - ele bufou e se levantou.
Fui em direção do banheiro e entrei no mesmo. Fiz xixi, dei descarga e depois lavei as mãos.
Me olhei no espelho do banheiro e tentei arrumar meu cabelo, mas falhei.
Sinto vontade de chorar novamente, mas seguro.
Eu sou muito sensível, qualquer coisa me faz chorar. Por exemplo, quando não consigo fazer delineado, quando alguém grita comigo ou no mesmo caso de agora, quando meu cabelo não fica do jeito que eu quero.
Nessas horas, tudo o que eu quero é fazer progressiva, mas aí meu surto acaba e volto a amar os meus cachinhos.
Relação de amor e ódio com esse cabelo.
Saio do banheiro e volto para a sala, me deito no sofá e dessa vez o Guilherme deitou no meio das minhas pernas me deixando desconfortável.
Ele deixa as suas mãos uma em cada coxa apertando. Tento ignorar prestando atenção no filme, mas falhei.
— Fala aí Anna, o que tu fazia? - perguntou.
— Eu faço faculdade de passarela. - ele me olhou surpreso.
— Que daora. - disse. — Se tu se comportar, eu deixo cê voltar a ir para as aulas.
— Obrigada. - forcei um sorriso.
Ele se levantou e se ajeitou deitando a cabeça no meio dos meus seios. Ele levou sua mão até o meu cabelo fazendo um carinho.
Não consigo gostar disso depois dele ter puxado meu cabelo várias vezes. Ele me fez ter repulsa do seu toque.
Fechei os olhos com força tentando não chorar e encosto a cabeça no braço do sofá fungando. Acabei dormindo ali mesmo.
***
Acordo e vejo que estou deitada na cama, escuto o barulho do chuveiro e percebo que Guilherme tá tomando banho.
Me levanto da cama e desço as escadas, escuto um barulho na cozinha e tomo um susto.
— Quem tá aí? - perguntou pegando um abajur que tava na minha visão.
Caminho em passos lentos até a cozinha e assim que vejo o cara na cozinha, eu joguei o abajur nele, mas ele se abaixou desviando e me olhou surpreso.
— Quem é você? - peguei uma panela que tava em cima da mesa e ameacei a tacar nele.
Em movimentos rápidos o cara pegou a panela da minha mão e segurou as mesmas.
— Que porra é essa? - Pires perguntou aparecendo do nada.
O olhar dele na gente tava me assustando.
— Essa maluca aí tacou um abajur na direção do meu rosto. Se eu não tivesse desviado, taria com o rosto todo desfigurado. - falou me soltando.
— Fê nas malucas. - Guilherme falou rindo.
— Você me assustou, desgraçado. - falei com o moço.
— Prazer em te conhecer também, gatinha. - Guilherme deu um tapão nele.
Ignorei os dois e fui até a geladeira. Vejo um monte de bagulho diferente na geladeira que com certeza não estava aqui ontem.
Pego um pote que tinha uma fatia de bolo de chocolate e me sentei na mesa começando a comer enquanto os dois ridículos conversavam.
Olho em direção a sala e vejo a porta aberta. Eu até vou tentar fugir, mas não por agora.
Vou tentar conseguir a confiança dele primeiro.
— Sou o Grego. - o moço se apresentou.
— Anna Lis. - o moço ficou me encarando e Pires olhou com ódio pra ele.
— Para de olhar pra minha mulher, pau no cu.
— Se toca, Pires.
• aperta na estrelinha •
Beatriz, irmã do Pires
15 anos.