Capítulo 4

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Capítulo 4

Christopher tinha os olhos bem abertos, tão arregalados que mal tinha conseguia piscar, seu corpo estava em completo êxtase e os pés pareciam ter travado sobre o solo; não conseguia reagir.

As palavras haviam desaparecido muito antes de chegar à sua garganta, as mãos tremiam de modo perdido e descoordenado, tudo em si parecia congelado.

Encarava a morena à sua frente e o coração batia acelerado e descompensado: Dulce estava ali.

Muito mais do que isso, María estava ali. Sua María. E com ela, todas as lembranças e histórias vividas.

Os fios castanhos da morena estavam presos em um rabo de cavalo e ela tinha pouca ou, na opinião dele, nenhuma maquiagem no rosto, apenas o batom cor da boca.

Usava a calça jeans de modelagem reta e cintura alta, t-shirt preta com uma estampa abstrata e colorida, e nos pés o all star preto, detalhe tão atípico para ela.

Logo os olhos encontraram-se com os dela e ele notou como as lágrimas formavam-se e preenchiam aquela imensidão castanha e amendoada; sentira tanta falta da sua menina!

Mal podia acreditar que a via outra vez, mal podia acreditar que ela estava inteira, consciente, viva, olhando-o de volta. Ele tinha tanto a dizer e fazer, mas seu corpo o traíra e simplesmente o deixara travado em frente àquela porta.

— Alex! – deu dois passos e jogou-se nos braços dele, passando os braços ao redor do pescoço do senador. – Alex!

— María... – balbuciou, e sem saber o que fazer, apenas abraçou-a pela cintura.

Apertou-a com toda a força que tinha em si, fechou os olhos, atentou-se ao cheiro tão típico dela, a textura da pele; tudo o que a tornava tão ela.

Subiu uma das mãos por sua nuca, perdendo-se entre os fios lisos enquanto a outra mão acariciava a cintura da morena; custava a acreditar que ela estava realmente ali.

Não disseram nada por longos minutos, não moveram-se, mal podiam respirar, apenas choravam e pareciam imersos na sensação que era ter um ao outro ali. Não havia ruído algum além do choro aliviado e intenso.

Depois de tanto tempo, finalmente tinham a chance de sentir-se completos outra vez.

— Alex... – deslizou carinhosamente a ponta dos dedos pela nuca dele.

— María. – separou os rostos e a olhou. – Você está aqui... você está aqui!

— Te encontrei, garoto! – subiu as mãos ao rosto dele.

— Estou te procurando... estava te procurando! – deslizou a ponta do dedo pela têmpora dela, sem conseguir deixar de encará-la. – Meu Deus, não acredito que você está aqui! Não acredito que está comigo, não acredito que estou te vendo!

— Eu tenho você de carne e osso... e inteiro! – ficou na ponta dos pés, tentando manter-se mais próxima a ele. – Posso te tocar! Posso... – ele a tirou do chão. – Alex! Estou pesada! Eu estou pesada e você...

— Não pesa nada! – aproximou os rostos e ela cedeu no mesmo instante. – Chiquita...

Dime. – encostou a testa à dele.

Tú y yo nos debemos algo... – viu-a sorrir. – ¿No?

No... – mordeu o lábio inferior. – ¡me debes un beso! – fechou os olhos. – Por si lo has olvidado...

Não esperou que ele respondesse, os lábios correram desesperadamente aos dele, juntando-se no beijo que levavam um mês esperando, um mês desejando, um mês sentindo extrema falta. Um mês de uma longa – e cruel – distância.

Jogada PolíticaOnde histórias criam vida. Descubra agora