Capítulo 35, parte III

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— E eu não quero mais falar com você! – arqueou as sobrancelhas. – Quero comer em paz e passar o dia em paz, curtindo todas as paredes deste apartamento... e a Samay! – apontou a senhora. – Será que você pode me dar a graça do seu silêncio, por gentileza, senador?

— Certo. – assentiu e logo mirou a senhora. – Obrigado, Sama.

— Trago algo mais para vocês? – a senhora lhes sorriu. – Um suquinho fresco ou...?

— Eu estou bem, Samay. – Dulce passou a comer. – Obrigada.

— Tudo certo, Sama. – Christopher lhe piscou. – Obrigado. – a senhora assentiu e os deixou a sós. – Vai comer em silêncio comigo, María?

— Pretendo. – concordou e voltou a comer.

— Certo. – ele repetiu e apenas contraiu os lábios.

Passaram os dez minutos seguintes em um desconfortável e difícil silêncio, e sabendo que qualquer diálogo seria impossível com ela, o senador apenas arriscou colocar uma das mãos sobre a perna da morena, e ela aceitou o carinho.

Foram interrompidos pelo som do interfone, ele levou o olhar até a cozinha enquanto a morena resignou-se a comer.

— Era da portaria. – Samay entrou na sala no minuto seguinte. – Chegou uma encomenda para você, menina Dulce. Eu pedi que o porteiro subisse para entregar.

— Para mim? – ela falou pela primeira vez.

— Me disse que tinha o seu nome. – Samay assentiu outra vez. – Quer que eu traga agora ou espero a senhorita terminar o café?

— Samay, pode... – pensou por alguns segundos. – Pode trazer agora, por favor.

— Sim, menina Dulce. – assentiu e foi para a sala, esperando pelo porteiro.

— Estava esperando algo? – Christopher a mirou, e a morena apenas negou com a cabeça, voltando a comer. – Quer que eu dê uma olhada antes? Pode ser algo...

— Eu posso abrir as minhas próprias encomendas. – pousou o garfo no prato. – Me deixe ter algo útil para fazer durante o meu longo dia trancafiada neste apartamento.

— Que coisa, Dulce María! – ele bufou. – Parece um disco arranhado! Já não falamos sobre isso?

— Estou me calando para preservar o que temos, porque as suas atitudes, neste momento, me deixam com pouca... aliás, com nenhuma paciência! – então o encarou. – E para não brigarmos, eu escolho me calar. Portanto, por favor, não me tire do sério.

— Mais, né? Para não brigarmos mais. – ele bufou. – Porque esse clima de agora passa longe do agradável. – escutaram a campainha, e a morena preferiu nada dizer.

— Menina Dulce... – Samay voltou a aproximar-se. – Isso foi o que chegou.

— Isso...? – estendeu a mão e a senhora lhe deu a caixa de papelão de tamanho médio.

— Hm. – Christopher passou a filmar a cena.

— O que está fazendo? – Dulce o olhou e arqueou ambas as sobrancelhas.

— Gravando você! – respondeu em tom óbvio. – Já que não vimos antes o que é isso, pelo menos temos documentado o que está havendo.

— Precisa gravar, meu filho? – Samay o olhou com espanto.

— Nem tente entender. – Dulce gesticulou para a senhora e abriu a caixa com tranquilidade.

— É por segurança, Sama. – ele soou paciente ao falar. – Ainda que ela faça questão de não me entender.

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