Capítulo 47, parte II

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— María... – pensou em como começar a falar.

— Tia Kika! – a voz aguda ecoou pelo corredor do apartamento.

— Marisol, não! – Poncho soava desesperado. – Marisol, não! Não! Não...

— Tia Kika! – a menina gritou ao abrir a porta do quarto e ver a morena. – OBA! TIA KIKA E TIO CHRISTOPHER!

— Sol! – Dulce sorriu enquanto jogava rapidamente o cobertor por cima do colo do noivo. – Ah, eu quero um abraço! Venha cá!

— Tia Kika! – ela correu de maneira levemente desajeitada. – Tia Kika!

Dulce notou a menina tão diferente desde a última vez que a vira. Os cabelos loiros e lisos, agora resumiam-se a poucos e ralos fios, que já estava mais curtos do que antes. O corpo tornara-se ainda mais magro, quase desaparecendo no vestido vermelho e rodado dela, entretanto, os olhos verdes brilhavam com todo o amor que cabia dentro da menina.

— Sol... – mal conseguiu falar, e no instante seguinte a pequena já havia se jogado felizmente em seus braços. – Pequenina... – e inconscientemente fechou os olhos ao senti-la tão frágil por perto.

— Tia Kika... – apertou as mãos na blusa dela. – Eu senti sua falta.

— Sabe de uma coisa? – sussurrou para ela. – Eu também. Senti muito a sua falta, Sol!

— Tia... – deixou-se ser colocada em uma das pernas de Dulce. – Tia Kika...

A pequena fixou a mirada na morena, subindo uma das mãos até o rosto dela, como se estivesse empenhada em decorar cada detalhe de seus traços.

Dulce reparou nos dedinhos pequenos que tocavam sua pele, nos braços com alguns hematomas, fruto de tantos procedimentos médicos, e no sorriso esperançoso que a garotinha era capaz de lançar; Marisol era puro amor.

— Tia, você é tão bonita! – exclamou com visível alegria.

— Eu só não sou mais que... você! – pincelou o dedo no nariz da menina, que riu e encolheu-se com vergonha nos braços dela. – Como você consegue ficar mais bonita a cada dia?

— Não sei! – riu e sentiu o carinho em seu cabelo. – O papai me levou para cortar o cabelinho, porque ele tá caindo muitão. – passou uma das mãos pelos fios e mostrou para ela. – Tá vendo só? É que ele tá fraquinho.

— É... – Dulce sentiu a garganta travar e os olhos marejaram. – Mas... mas não importa se você tem muito ou pouco cabelo, sabia? Você continua uma princesa muito linda. Muito, muito, muito!

— Tia... – franziu o cenho. – Por que você tá chorando?

— É que... – não conseguiu segurar a lágrima. – A tia acabou de perceber que estava com muita saudade de você, meu amor. É por isso.

— Tudo bem, tia Kika. – abraçou-a. – Eu tô aqui. Não precisa mais ficar triste.

Dulce não conseguiu responder, seus braços involuntariamente acolheram a menina, e os olhos subiram até encontrar-se com os de Alfonso. Ele forçou um sorriso compreensivo e ela respirou fundo.

— Não estou triste. – sussurrou e mirou a menina. – Eu fico muito feliz sempre que te encontro, sabia?

— Eu também, tia Kika! Você é a minha favorita! – disse satisfeita.

— Hm-hm. – Christopher pigarreou. – Estou vendo muito amor pela tia Kika, mas e eu? Não mereço nem mesmo um abraço?

— Tio Christopher! – ela riu e soltou-se da morena, subindo no colo do homem, que agora já usava a calça de moletom preta e uma simples camiseta cinza.

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