Capítulo 64

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Capítulo 64

Anahí acordou sentindo-se incoerentemente cansada, não parecia existir sono suficiente para fazê-la recuperar o estresse e o esforço que o corpo sentira há tão pouco tempo.

Abriu os olhos e encarou o quarto ao redor, notando um único berço – ainda vazio – ali. A realidade logo voltou a fazer-se presente: havia passado por uma cirurgia de emergência, havia perdido um filho e não sabia o que acontecera com o outro.

Onde estava Noah? Ele a esperaria ou a deixaria sozinha? Yekaterina a encontraria ali? Ela conseguiria falar com a mãe? Dulce saberia do ocorrido? A morena seria capaz de permitir que Fernando a visse? O que acontecera com Andrés? Com que tipo de problema ela teria que lidar agora?

Não parava de questionar-se, não parava de pensar nas diferentes possibilidades, não conseguia sequer sentir-se em paz.

Sentou-se na cama e as dores da cesárea se fizeram presentes, forçando a loira a chamar a enfermeira; definitivamente odiava sentir-se incapaz.

— Como a senhorita se sente? – a enfermeira perguntou enquanto posicionava melhor o travesseiro nas costas da loira.

— Bem. – Anahí contraiu os lábios. – Eu cheguei com o meu...

— Seu esposo está com a família. – comentou com um leve sorriso. – Eu vou chamá-lo.

— Família? – Anahí sussurrou.

— A senhorita gostaria de alguma coisa mais?

— Ahm, não. – confusa. – Não, apenas água.

— Está bem. – a enfermeira encheu o copo e o entregou para ela. – O seu menino está passando por exames, mas logo o trarei para você vê-lo e amamentá-lo.

— O q-que? – a loira apertou o copo nas mãos.

— Não demoro. – lhe sorriu. – Vou chamar o seu esposo. – piscou e logo deixou o quarto.

Anahí virou o copo de uma só vez e logo passou ambas as mãos pelo rosto, queria sair dali; ela precisava sair dali de uma vez por todas.

— Merda. – deixou o copo de lado e apoiou as mãos ao lado do corpo. – Droga. – fechou os olhos ao sentir a dor da recém-cirurgia. – Merda, merda, merda! – deitou a cabeça para trás e praguejou em silêncio. – Inferno.

Ouviu o barulho da porta e rapidamente mirou em tal direção, sentiu um alívio espontâneo ao ver Noah entrar no quarto.

O alemão parecia muito mais abalado do que ela o vira antes da cirurgia, os olhos verdes estavam tristes, os cílios molhados indicavam que ele não havia parado de chorar, e a expressão tornara-se nitidamente cansada.

— Noah... – a voz saiu por um fio, parte de si queria abraçá-lo, mas a outra parte temia receber uma negativa do homem. – Noah?

— Ei. – aproximou-se dela. – Como se sente?

— Não sei. – sussurrou. – Com dor. – pensou em tocá-lo. – Cansada, eu... – mirou as mãos dele por um segundo. – Quero você, será que poderia...?

— Estou aqui. – deu um passo à frente e a abraçou. – Estou aqui. – acomodou-a contra o seu peito e lhe acariciou suavemente os cabelos, deixando os frios loiros soltaram-se do improvisado coque feito por ela.

— Noah. – a voz saiu abafada e a respiração entrecortada. – Noah. – apertou as mãos no casaco dele, e sem que pudesse controlar, o choro desprendeu-se de sua garganta.

— Estou aqui. – repetia, sem cessar os carinhos. – Estou aqui, estou aqui... eu estou aqui.

Ela não soube sequer dizer por que chorava, não conseguia discernir os sentimentos em seu peito, seu coração parecia sentir tudo de maneira confusa e simultânea.

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