Capítulo 74, parte IV

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Dulce sentiu o coração acelerar ao aproximar-se e ver Anahí sentada no sofá, com os braços cruzados e um dos pés batendo impacientemente contra o piso; notava-se de longe que ela estava irritada pela demora.

— Bom dia. – Dulce disse, atraindo rapidamente a atenção dela.

Anahí virou instantaneamente o rosto para a morena e pareceu surpresa ao ver o senador ao lado dela.

Levantou-se em seguida, a calça branca de alfaiataria esticou-se perfeitamente sobre o corpo, assim como a blusa verde de seda e manga comprida. Por cima, o blazer também branco.

Os fios loiros estavam impecavelmente alinhados sobre os ombros da assessora.

— Dulce. – o nome soou com firmeza nos lábios da loira.

— É de bom tom ligar antes de aparecer na casa de alguém. – a morena aproximou-se, fingindo uma calma que não sentia. – Ainda mais em um horário tão cedo.

— Sim? – Anahí arqueou as sobrancelhas. – Foda-se.

— Hey! – Christopher chamou-lhe a atenção.

— Não vim falar com você! – ela pontuou e virou-se para a morena. – Conversamos a sós?

— Não. – Dulce parou em frente a ela. – Você está na nossa casa.

— Para falar com você. – Anahí frisou.

— Não há nada que você diga, que o meu noivo não possa ouvir. – sorriu com ironia.

— Dulce, não me provoque mais. – grunhiu.

— Eu não provoquei de modo algum. – encarou-a. – Eu estou na minha casa, eu não te procurei. – então puxou o noivo e sentou-se no sofá com ele. – Mas estou disposta a ouvir o que quer que você tenha para falar, apesar da sua falta de respeito.

— Dulce. – encarou-a por longos segundos, como se no silêncio pudesse decifrá-la. – Eu realmente gostaria que essa fosse uma conversa particular.

— É... não vai dar. – a morena sorriu e arqueou as sobrancelhas.

— É impressionante o poder que ele tem sobre você! – a loira apontou o senador, e então sentou-se de frente para a jornalista. – Que lábia ele tem para te levar no papo assim!

— Aprendi com você. – Christopher sorriu lateral ao falar. – A diferença é que eu não manipulo, não engano, não minto... e não mato. Pensando bem, a diferença é bem grande entre nós.

— É difícil que eu me defenda, se você nunca quer me ouvir. – Anahí o encarou.

— Eu não defendo alguém que mata e tortura. – ele rebateu, e pela primeira vez a loira pareceu sem resposta. – Eu estou errado? Você é inocente?

Anahí abaixou o olhar por alguns segundos, parecia estranhamente chocada e sem resposta diante de tal afirmação, então passou as mãos pelo cabelo, organizou os fios e mirou novamente a morena.

— Dulce, eu entendo completamente o seu ciúme. – Anahí disse calma, e a morena franziu o cenho. – Para ser honesta, me parece até natural que você se sinta assim.

— Desculpe... que? – a morena balbuciou tal pergunta.

— Você foi a única filha por muito tempo, cresceu com esse pensamento de que você era a única pessoa que importava para o Fernando. – encarou-a. – Mas você não é. E precisa aprender a aceitar isso.

— Anahí. – manteve o cenho franzido. – Do que você está falando?

— Não minta mais. – fechou a expressão. – E não se faça de sonsa.

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